O envelhecimento demográfico e populacional traz desafios, mudanças e conquistas à sociedade. Dentre eles, percebe-se que a procura pelos serviços de saúde aumenta exponencialmente a cada dia. Uma das justificativas é que os idosos têm maior probabilidade de desenvolver doenças crônico-degenerativas; principalmente as que estão relacionadas à saúde mental como a depressão, por exemplo.
Entretanto, sabemos que o avanço da ciência fornece meios de se envelhecer com uma ótima saúde e qualidade de vida. Uma das alternativas é por meio de cuidados preventivos durante o processo de envelhecimento.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015) e com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS-OMS, 2020), a depressão é um transtorno comum no mundo e, embora existam vários tratamentos eficazes, menos da metade da população afetada consegue ter acesso ao tratamento.
Hoje, destaca-se o quanto a depressão está prevalente na população idosa, comparando-se aos demais grupos etários.
Ou seja, destaca-se que a depressão na pessoa idosa pode ser causada por diversos fatores. Dentre eles, temos a influência da genética, da história familiar, de um processo de luto que não foi superado, da sensação de solidão, o baixo poder aquisitivo – fatores estes que podem resultar em incapacidades para a vida do indivíduo.
Sabe-se que os sintomas depressivos aumentam também em decorrência da perda da qualidade de vida, do isolamento social, do surgimento de doenças clínicas graves e, muitas vezes, após um processo de aposentadoria, onde o indivíduo parece ter perdido o seu significado de vida.
Acredita-se que quando as pessoas idosas percebem as mudanças que estão ocorrendo durante o processo de envelhecimento como, por exemplo, em casos em que se tem prejuízo cognitivo, pode-se contribuir para o surgimento de quadros de ansiedade e de sintomas de depressão.
Neste sentido, as intervenções cognitivas, como os programas de ginástica para o cérebro do SUPERA, são muito importantes para ajudar a retardar e/ou prevenir estes sintomas.
Existem pesquisas da área do envelhecimento, como no estudo de Lima-Silva e colaboradores realizado em 2011. Ao realizarem um programa de treino cognitivo com oito sessões, observou-se que o programa oferecido – com ênfase na realização de atividades ecológicas e treino de cálculo para compras de mercado, – melhorou algumas habilidades dos participantes do grupo treino, como a linguagem e a diminuição dos sintomas depressivos. Houve uma aplicação de testes pré e pós a participação no programa de treino cognitivo.
Em um estudo realizado por Casemiro e colegas no ano de 2016, os idosos tiveram a avaliação dos sintomas de depressão e do desempenho cognitivo, antes e após a realização de uma intervenção cognitiva na Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI), em um programa de estimulação cognitiva.
Comparou-se os resultados de testes antes e depois de uma oficina de dois grupos, o Grupo Intervenção (GI) e o Grupo Controle (GC) – que não participou da intervenção. Neste estudo, aqueles que participaram das atividades educativas de estimulação cognitiva apresentaram diminuição dos sintomas depressivos ao término de sua participação.
Uma justificativa é que o convívio social em grupo foi um dos principais fatores que favoreceram esta melhora. Ao participar de uma intervenção, os idosos aumentam a sua rede de relações sociais, fortalecem vínculos, compartilham experiências, ficam com a rotina menos ociosa e apresentam uma vida com novos significados.
Sabe-se também que estar com o cérebro ativo, realizando exercícios cognitivos, colabora para diminuir queixas de esquecimento e falhas de memória e assim, gerar uma melhor qualidade de vida e bem-estar psicológico. A dica é para que todos participem de cursos e grupos que treinam a memória e as demais habilidades cognitivas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e o humor.
Separamos algumas dicas de atividades cognitivas e sociais, que ajudam a prevenir a presença de sintomas da depressão:
- Pratique atividades de atenção, como jogos dos sete erros, caça-palavras, sudoku, ábaco;
- Participe de atividades em grupos, para conhecer e conviver com pessoas e fortalecer a rede de suporte social;
- Conheça as atividades do bairro e as novidades da região em que vive;
- Faça projetos de vida, planeje a realização de um curso, de uma viagem, de fazer uma visita a alguém querido;
- Escreva sempre em um caderno as coisas boas que estão acontecendo em sua vida, faça o caderno da gratidão;
- Adultos de meia idade que estão em atividades ocupacionais: planejem o processo de aposentadoria, para que o rompimento com o mercado de trabalho não gere a sensação de ociosidade e nem ocasione o isolamento;
- Busque auxílio profissional se os sintomas depressivos forem persistentes, frequentes e gerem impacto na qualidade de vida e na realização das tarefas cotidianas;
- Pratique atividades físicas: auxilia o cérebro na produção de neurotransmissores do humor, como a serotonina;
- Busque fazer atividades que gerem prazer;
Esperamos que as informações tenham sido úteis, até a próxima!
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Texto Escrito por:
Graciela Akina Ishibashi- graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Estagiária do projeto de validação do método SUPERA. Estudante de iniciação científica na área de treino cognitivo.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e conselheira executiva da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e colunista do site do Método SUPERA.
Referências:
Casemiro, Francine Golghetto, et al. “Impacto da estimulação cognitiva sobre depressão, ansiedade, cognição e capacidade funcional em adultos e idosos de uma universidade aberta da terceira idade.” Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 19.4 (2016): 683-694.
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS-OMS), http://www.saude.gov.br/gestao-do-sus/cooperacao-em-saude/parceiros/organizacao-pan-americana-da-saude-opas-oms, acessado em 13, de agosto de 2020.
Organização Mundial de Saúde (OMS, 2015). Relatório de envelhecimento saudável. https://sbgg.org.br/oms-divulga-relatorio-sobre-envelhecimento-e-saude/, acessado em 13, de agosto de 2020.
Silva, Thais Bento Lima da, Valente de Oliveira, Ana Carolina; Vianna Paulo, Débora Lee ; Malagutti, Mayne Patrício; Danzini, Vanessa Meirelles Pereira ; Yassuda, Mônica Sanches. Treino cognitivo para idosos baseado em estratégias de categorização e cálculos semelhantes a tarefas do cotidiano. Rev. Bras. Geriatria e Gerontologia (2011): 65-74.