Coronavírus – riscos da automedicação entre idosos

Publicado em: 01/04/2020 Por Assessoria de Imprensa SUPERA

Pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o mercado farmacêutico (ICTQ) mostram que mais de 70% da população brasileira faz uso da automedicação. 

Coronavírus – riscos da automedicação entre idosos - SUPERA - Ginástica para o Cérebro
Em tempos de pandemia, saiba os riscos da automedicação entre os idosos na coluna dessa semana de Thaís Bento Lima

De acordo com a Profa. Adriana Nancy, pesquisadora na área de automedicação e problemas relacionados ao uso de medicamentos em idosos, “a automedicação é uma conduta muito disseminada. O uso de medicações são recursos essenciais que previnem e curam doenças, aliviam sintomas e melhoram a qualidade de vida. Embora sejam inquestionáveis os benefícios dos medicamentos, há que se reconhecer que não existem remédios completamente seguros.”

A pesquisadora relata que o organismo passa por mudanças fisiológicas e morfológicas com o envelhecimento, que modificam as etapas da farmacocinética e a farmacodinâmica das medicações no organismo do idoso e podem predispor os idosos a efeitos adversos causados pelos medicamentos. Estes processos seriam responsáveis pela absorção e efeitos dos medicamentos no organismo, enquanto a substância está presente.

Muitos medicamentos potencialmente inapropriados, seguindo os Critérios de Beers, foram publicados em 2019. Nestes critérios, as classes medicamentosas, chamadas antiinflamatórios não esteroidais (AINEs), anti-histamínicos de primeira geração e alguns tipos de relaxantes musculares são vendidos livremente, sem prescrição médica. No Brasil, a automedicação é uma prática muito comum para pessoas de todas as faixas etárias, mas é muito alarmante nos indivíduos 60+.

Esta prática expõe, especialmente os idosos, a riscos de eventos adversos, condutas inadequadas para a sua saúde, mascaramento e agravamento de doenças; sujeitando os mesmos a prejuízos funcionais que podem comprometer sua autonomia e capacidade de participação em atividades cotidianas.

Os medicamentos potencialmente inapropriados para idosos são aqueles que devem ser evitados ou usados com cautela nessa faixa etária. Portanto, a prescrição desses fármacos requer considerar a relação risco-benefício, a disponibilidade de agentes alternativos e de recursos não farmacológicos, a escolha da menor dose necessária, as potenciais interações medicamentosas e o monitoramento dos efeitos no paciente e, acima de tudo, a orientação médica para que possa usar um medicamento.

No Brasil, a automedicação é estimulada pela concepção equivocada de que o medicamento é uma simples mercadoria, isenta de risco. Em parte, isso se dá pela exposição a propaganda abusiva de medicamentos, que são colocados à disposição do consumidor. Essa situação é particularmente preocupante quando o usuário é idoso e a “mercadoria” é um medicamento inapropriado para a faixa etária, sobretudo quando ele não está ciente dos riscos.

O livre acesso a esses medicamentos, principalmente quando sem orientação profissional, eleva o risco para reações adversas. Isso se dá por vários motivos. Primeiro, a venda livre e a propaganda criam a ilusão de que esses produtos são inócuos, inofensivos. Nenhum medicamento se enquadra nesses adjetivos, mas a ilusão pode aumentar o consumo e o uso de banal e excessivo.

Neste contexto, a pandemia da doença infecciosa causada pelo vírus SARS-COV-2, o novo coronavírus que causa a doença chamada COVID-19, traz o risco da automedicação devido à pandemia. Pesquisadores de todo o mundo estão trabalhando em busca de tratamentos e vacinas para o coronavírus.

Diante das notícias sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina sem a prescrição médica, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) esclarece à população que não há estudos conclusivos sobre o uso dessas medicações para o tratamento do coronavírus. Sendo assim, o uso desses medicamentos contra o coronavírus não são recomendados. Dessa forma, atualmente não existem medicações antivirais específicas para o tratamento da doença COVID-19.

Em suma, a prática de automedicação expõe a risco de eventos adversos e de uso excessivo de medicamentos, trazendo prejuízos funcionais e problemas graves de saúde, que podem comprometer a autonomia e a capacidade de participação em idosos.

A abordagem dessa prática por meio de orientações e ações educativas pode reduzir os riscos a ela associados. De fato, certas queixas e desconfortos podem ser gerados por condições como carências nutricionais, dietas inadequadas e vida sedentária.

Certos sinais e sintomas podem ser resolvidos com mudanças no estilo de vida e aquisição de bons hábitos – são, muitas vezes, suficientes para a melhoria da saúde, sem a necessidade do uso de medicação. Muitos problemas de saúde podem ser tratados com recursos não farmacológicos.

Dessa maneira, promover a saúde, a autonomia e a independência de pacientes idosos é essencial para que eles possam viver em seus domicílios com qualidade de vida, o maior tempo possível. Precisamos investir mais em promoção da saúde e estilos de vida mais saudáveis. Busque sempre orientação médica para tratar algum sintoma de resfriado e/ou gripe que esteja gerando impactos negativos em seu cotidiano. Não se automedique; pode gerar grandes problemas para a sua saúde.

Texto escrito por: Profa. Adriana Nancy Medeiros dos Santos, gerontóloga e pesquisadora nas áreas de automedicação para idosos; problemas relacionados ao uso de medicamentos em idosos no programa de pós-graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, e Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, pesquisadora com ênfase em cognição e demências, docente do Curso de Graduação em Gerontologia, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, coordenadora do curso de pós-graduação da Faculdade Paulista de Serviço Social e consultora do Método SUPERA.

Fontes:

Santos, Adriana Nancy Medeiros dos, Dulcinéia Rebecca Cappelletti Nogueira, and Caroline Ribeiro de Borja-Oliveira. “Automedicação entre participantes de uma Universidade Aberta à Terceira Idade e fatores associados.” Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 21.4 (2018): 419-427.

Santos, Adriana Nancy Medeiros dos et al. Cardiometabolic diseases and active aging-polypharmacy in control. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 2, 2020.

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