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Memória afetiva e emoções

Você sabe o que são funções cognitivas? Elas são importantes para o funcionamento cerebral e englobam a atenção, as funções executivas, a habilidade visuoespacial, a linguagem, a memória de um modo geral e também a memória afetiva.

As funções cognitivas são responsáveis pelo funcionamento do cérebro, determinando a capacidade do indivíduo de aprender, processar e compreender. O processo de aprendizado, as emoções e as memórias se complementam. Por isso, essas funções são essenciais para cultivarmos as memórias afetivas.

Muitas delas são criadas durante a infância e são importantes para o desenvolvimento da criança. Aliás, essas memórias têm impacto também na vida adulta, e é por isso que falamos sobre elas neste artigo. Continue lendo e aprenda um pouco mais sobre o assunto!

O que é memória afetiva?

A memória faz parte da essência do indivíduo, onde ele traz consigo sua história de vida e como foi marcante cada acontecimento vivido e experimentado. Para isso acontecer, temos que ter emoção em cada momento que ficará em nossa memória.

A memória afetiva são as informações que o nosso cérebro armazena de forma associada aos sentidos. Assim, uma lembrança é despertada quando ouvimos uma música, sentimos um cheiro, vemos uma fotografia ou tocamos um objeto, por exemplo.

Todas essas situações são capazes de ativar memórias afetivas que foram cultivadas ao longo da vida. Inclusive, muitas delas costumam ser obtidas durante a infância. É o caso do perfume da mãe, do cheiro da comida da avó e da textura de um bicho de pelúcia.

Isso entre muitas outras situações que despertaram emoções marcantes por estimularem as funções cognitivas. Dessa forma o cérebro acaba criando um tipo especial de memória.

Outros tipos de memória

Existem alguns tipos diferentes de memória. A de curto prazo guarda a informação por um pequeno período. Dentro dessa classificação existem alguns subtipos, como:

• memória imediata: quando o indivíduo precisa guardar alguma informação em pouco tempo, como o nome de um objeto;
• memória de trabalho ou operacional: em que a pessoa deve armazenar a informação para processar algo. Um exemplo dessa memória são os cálculos mentais.

Além disso, temos a memória de longo prazo, que se subdivide em:

• memória declarativa ou explícita: o indivíduo consegue contar algo;
• memória não-declarativa: a prática de algo que pode ser lembrado e ensinado verbalmente, como aprender a pilotar um avião.

Também temos a memória semântica, que se refere à linguagem, o conhecimento do mundo por meio das palavras. Por fim, temos a memória episódica e/ou autobiográfica, que guarda os acontecimentos marcantes da história de vida de cada pessoa.

Por causa desse último tipo é que existem muitos medos quando se fala de memória. Afinal, as pessoas têm receio de esquecer ou de perder a memória e a autonomia das suas vidas.

Como ela impacta as crianças?

Durante a infância, o cérebro está em processo de desenvolvimento, quando são construídas diferentes conexões neurais. Por isso, a memória afetiva é formada especialmente durante essa fase da vida.

A criança está descobrindo o mundo. Tudo é novo para ela. Além disso, está aprendendo sobre suas próprias emoções e sentimentos, formando a sua personalidade e os seus gostos. Nessa fase, existe um impacto maior do meio e que marca o seu desenvolvimento. É por isso que a memória afetiva tem um grande efeito nos pequenos.

Você já percebeu que crianças menores costumam levar objetos à boca? Isso acontece porque o paladar é o primeiro sentido que o pequeno reconhece como forma de ter contato com o mundo. É realmente um jeito de experimentar aquilo que está ao seu redor.

A estimulação dos sentidos é o que vai gerar o aprendizado e também as memórias. Foi por isso que falamos a respeito do perfume da mãe ou do cheiro da comida da avó. São fatores que passam a ser associados a algo muito importante para os pequenos e que elas vão levar por toda a vida adulta.

É por isso que também é muito importante ter bastante cuidado com o tipo de experiência proporcionada para as crianças. Embora a memória afetiva esteja relacionada principalmente a vivências positivas, elas também podem ser algo negativo, fazendo com que a criança associe uma determinada sensação a algo ruim e traumático.

Qual a importância da memória afetiva?

Todos os tipos de memórias são muito importantes para o ser humano, o que inclui as crianças. Conforme explicamos, existe uma estreita relação com o aprendizado, já que é preciso lembrar de determinadas informações para realizarmos uma atividade ou até mesmo interagir com as pessoas e o nosso meio.

Mas a memória afetiva também tem um alto grau de importância para os pequenos. Isso porque ela tem uma influência muito grande na segurança, na autoconfiança e na saúde mental que eles desenvolverão ao longo da sua vida.

Além disso, é por meio da memória afetiva que as crianças aprendem mais a respeito dos seus próprios sentimentos e emoções, e também do funcionamento do seu corpo e determinados limites. Sendo assim, elas são fundamentais para um desenvolvimento emocional e cognitivo mais saudável.

Vale ressaltar que a memória afetiva não é importante apenas na infância. Isso porque ela é cultivada durante essa fase da vida, mas é no futuro que surge, quando o adulto sente mais uma vez um determinado perfume, vê um desenho, sente o cheiro do bolo saindo do forno, entre outras situações.

Tudo isso desperta emoções positivas, traz conforto, além de favorecer o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal. Logo, todas as experiências vivenciadas durante a infância são fundamentais para a formação global do indivíduo.

Como criar memórias afetivas?

As emoções são uma condição que a pessoa apresenta fisiológica e mentalmente e que provocam diversas reações. Contudo, ela pode modificar o estado do indivíduo no momento, tendo como consequência alterações no comportamento e na aprendizagem.

Você já percebeu que, quando uma pessoa tem uma emoção positiva no momento do aprendizado ou de um evento, ela tem mais chances de recordar daquele episódio ou do aprendizado?

Esses são momentos únicos, que podemos guardar como lembranças. Por isso, a ideia de trazer um acontecimento da vida de alguém como algo positivo e marcante pode gerar recordações.

A emoção é uma resposta. Quem nunca se emocionou com uma festa de aniversário surpresa ou com um presente que não esperava? Certamente, já ocorreram esses momentos em sua vida e você se recorda com muito carinho.

Na escola, você se recorda mais da professora que ensinava com amor ou da que estava ali por obrigação? Não é difícil responder a essa pergunta. Conforme detalhamos no tópico seguinte, a emoção e a memória são interligadas. Assim, a emoção provocada gera uma lembrança, principalmente se o sentimento for positivo.

Por isso, não é difícil gerar uma memória afetiva na criança. Basta proporcionarmos para ela momentos que despertem emoções agradáveis. O fato de oferecer mais tempo e companhia pode ser suficiente.

Brincar com os pequenos, ler um livro na cama antes de dormir, ensinar uma tarefa para promover a autonomia, cantar uma canção, demonstrar afeto, participar da vida escolar, fazer passeios simples e aproveitar a companhia um do outro também são boas formas de cultivar esse tipo de memória.

Não existe segredo. Basta oferecer para a criança um espaço em que ela se sinta livre para expressar aquilo que sente. Também é importante receber carinho, sentir segurança, ter apoio e acolhimento. Todas essas demonstrações marcam de forma positiva os pequenos e criam memórias afetivas.

Uma informação importante é o fato de que a memória afetiva não é construída somente na infância. Mesmo com o passar da idade, nosso cérebro continua fazendo esse tipo de registro, associando as emoções a determinadas experiências. Portanto, você vai cultivar memórias afetivas ao longo de toda a sua vida.

Como despertar a memória afetiva?

Quantas vezes você não sorriu, chorou, sentiu raiva ou alegria ao lembrar-se de um acontecimento ou de alguém? Quantas vezes, ao sentir medo, por exemplo, não lembrou de uma situação do passado? Refletindo sobre essas questões, percebemos que há uma relação estreita entre memória e emoção.

As emoções são a associação entre respostas comportamentais e fisiológicas, geradas a partir de uma experiência. Por exemplo, muitas pessoas sentem-se nervosas ao se apresentarem em público. Nessas situações, acabam transpirando em excesso, as mãos ficam trêmulas e a voz falha. Esses sinais são as respostas fisiológicas e comportamentais de vivenciar a experiência da exposição.

Regiões específicas do cérebro identificam quais informações decorrentes das emoções devem ou não ser armazenadas. Esse fator é conhecido como aprendizagem. Foi por isso que dissemos que emoção, aprendizagem e memória se complementam.

O resgate das memórias pode ser realizado de modo inconsciente ou consciente, com a ajuda de estímulos direcionados. Isso pode se dar por meio de atividades simples ou intervenções específicas. Veja alguns exemplos:

• olhar fotos com pessoas queridas e/ou de momentos marcantes;
• construir uma árvore genealógica contendo nomes desde os ascendentes da família ao descendente mais jovem;
• ouvir músicas antigas;
• fazer terapia de reminiscências, pois por meio dela é possível recordar acontecimentos da própria vida (memórias autobiográficas).

E para você? O que desperta a sua memória afetiva? O cheiro de terra molhada, o barulho do carro parecido com o do modelo do seu avô, o bolinho de chuva que a sua mãe fazia no final da tarde? Aqui vai um desafio. Escolha um dos exemplos citados e recorde uma boa lembrança para despertar emoções positivas. Aproveite a companhia de alguém querido para recordarem juntos!

Promover um bom desenvolvimento cognitivo pode favorecer a criação das memórias afetivas. Entre em contato com a gente e veja como podemos auxiliar nesse processo.