Inflamação no cérebro e Doença de Alzheimer: estudo brasileiro aborda nova perspectiva

Nos últimos anos, o avanço das pesquisas sobre a Doença de Alzheimer tem possibilitado uma ampliação do olhar sobre os mecanismos que favorecem o seu surgimento e a sua progressão. A condição que representa o tipo mais prevalente de demência no mundo, ainda não possui causa única ou cura definitiva, mas novas evidências científicas têm apontado caminhos promissores para o diagnóstico precoce, prevenção e desenvolvimento de terapias mais eficazes.
Nesse cenário, um estudo coordenado pelo neurocientista Prof. Eduardo Zimmer, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), trouxe contribuições relevantes ao sugerir que o processo inflamatório no cérebro pode desempenhar um papel central no estabelecimento e na evolução da Doença de Alzheimer. Publicada na revista científica Nature Neuroscience, a pesquisa utilizou tecnologias avançadas, como exames de imagem de alta precisão e biomarcadores ultrassensíveis, permitindo observar em seres humanos vivos interações celulares que antes só eram detectadas em análises pós-morte ou modelos animais.
Os achados mostram que o acúmulo das proteínas beta-amiloide e tau, proteínas tóxicas que são chamados de marcadores clássicos da doença de Alzheimer, parecem provocar danos significativos apenas quando ocorre, simultaneamente, ativação de células relacionadas à resposta imunológica cerebral, como os astrócitos e microglia. Essas proteínas chegam a formar depósitos semelhantes a pequenos “grumos” no tecido cerebral, porém é a reação inflamatória conjunta dessas células que parece gerar o ambiente favorável ao comprometimento progressivo das áreas do cérebro e das funções cognitivas.
Além de levantar essa hipótese fisiopatológica, o estudo reforça que a Doença de Alzheimer deve ser compreendida como uma condição multifatorial, na qual fatores biológicos interagem com aspectos ambientais e comportamentais ao longo do curso da vida. O Prof. Zimmer destaca que a origem dos depósitos proteicos ainda não é totalmente conhecida, mas que elementos relacionados ao estilo de vida e ao chamado exposoma, conjunto de exposições acumuladas ao longo da existência podem influenciar o risco individual de desenvolver a doença.
Assim, hábitos considerados prejudiciais, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo e alimentação inadequada, podem favorecer processos inflamatórios sistêmicos que, por consequência, impactam a saúde cerebral. Em contrapartida, práticas como atividade física regular, alimentação equilibrada, sono de qualidade, controle do estresse, estímulos intelectuais e sociais contribuem para fortalecer mecanismos de proteção neural e regular os processos inflamatórios, mesmo em pessoas com maior vulnerabilidade.
De acordo com os cientistas, compreender a interação entre inflamação, acúmulo protéico e funcionamento das células de defesa do cérebro pode auxiliar no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas, voltadas não apenas para a remoção das proteínas associadas à doença, mas também para modular a comunicação celular e reduzir processos inflamatórios cerebrais. Essa visão amplia o horizonte científico e pode favorecer, no futuro, intervenções personalizadas, diagnósticos mais precoces e terapias mais eficazes.
Por fim, reforça-se que a prevenção inclui cuidados que vão muito além da memória: envolve o organismo como um todo, priorizando escolhas que promovam saúde integral. Iniciativas que promovam ações do envelhecimento saudável continua sendo uma das estratégias mais alinhadas às evidências atuais para reduzir riscos e preservar a autonomia ao longo do ciclo vital.
Referências bibliográficas
RIBEIRO, Filipe Alves. Reserva cognitiva como fator protetivo para a Doença de Alzheimer. São Luís, 2022. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Humanas. Disponível em: https://monografias.ufma.br/jspui/bitstream/123456789/6188/1/FILIPEALVESRIBEIRO.pdf
Agência Brasil, 17 nov. 2025. Eduardo Ziimmer, ESTUDO mostra que inflamação no cérebro pode ser chave do Alzheimer. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-11/estudo-mostra-que-inflamacao-no-cerebro-pode-ser-chave-do-alzheimer. Acesso em: 17 nov. 2025.
Autoras:
Djessica Hilton Peixoto- Graduanda do curso de Bacharelado em Gerontologia na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Participa como monitora do projeto Oficina de Jogos Digitais e Educação para o Envelhecimento Saudável da USP 60mais coordenado pela Profa. Thais Bento. E-mail: djessicahilton@usp.br
Kauane Macedo Barbosa – Graduanda do curso de Bacharelado em Gerontologia na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Participa como monitora do projeto Oficina de Jogos Digitais e Educação para o Envelhecimento Saudável da USP 60mais coordenado pela Profa. Thais Bento. E-mail: kauanemacedo.am@usp.br
Gostou desse conteúdo? Deixe um comentário ;)
Posts Relacionados

Inflamação no cérebro e Doença de Alzheimer: estudo brasileiro aborda nova perspectiva

Envelhecer na comunidade e a importância do envelhecimento ativo

ENEM aborda perspectivas do envelhecimento e registra aumento na participação de pessoas idosas

Desempenho cognitivo e estilo de vida de pessoas idosas centenárias
Supera PRESENCIAL
O Supera Ginástica para o Cérebro é voltado para todas as pessoas a partir de 5 anos, sem limite de idade. O curso potencializa a capacidade cognitiva aumentando a criatividade, concentração, foco, raciocínio lógico, segurança, autoestima, perseverança, disciplina e coordenação motora. As aulas, ministradas uma vez por semana com duração de duas horas, são dinâmicas e contagiantes, com atividades que agradam todo tipo de público.
Supera para escolas Método de estimulação cognitiva
Exclusivo para Instituições de Ensino. O Supera é a mais avançada ferramenta pedagógica de estimulação cognitiva e, portanto, representa um grande diferencial para sua instituição de ensino. Além de ser um excelente recurso de marketing, o método melhora o desempenho dos alunos e eleva os índices de aprovação da sua escola.
Franquia SuperaEmpreenda em Educação
Criado em 2006, o Supera é hoje a maior rede de escola de ginástica para o cérebro do Brasil. Em um ano de operação, entrou para o sistema de franquias e hoje já possui 250 unidades no país. O curso, baseado em uma metodologia exclusiva e inovadora, alia neurociência e educação. Se você tem interesse em empreender nesta área, deixe seu cadastro em nosso site.
Nenhum comentário para "Inflamação no cérebro e Doença de Alzheimer: estudo brasileiro aborda nova perspectiva "