Envelhecimento Saudável: atividades ajudam a manter a saúde da mente
Algumas habilidades cognitivas mudam ao longo do tempo e esta mudança já é esperada, quando pensamos no processo de envelhecimento saudável. No entanto, há pesquisadores e estudiosos na área do envelhecimento no Brasil e no mundo que se empenham em mapear os fatores associados a um melhor desempenho cognitivo em adultos e idosos. Especialistas propõem ações de prevenção de riscos de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas e uma melhor promoção da saúde.
Pesquisas atuais vêm acompanhando populações de idosos saudáveis sem demência ou declínio cognitivo durante semanas, meses ou anos. Os resultados têm sido interessantes, pois sabe-se que as práticas de atividades físicas -principalmente se aliadas a um estilo de vida saudável, como a realização de atividades de estimulação cognitiva, o acesso a uma alimentação balanceada e ter um engajamento social – podem favorecer o processo de neuroproteção (proteção cerebral).
Desta forma, essas atividades direcionam o indivíduo ao processo de envelhecimento saudável, com a manutenção da sua autonomia e independência no decorrer dos seus anos de vida.
O que diz a ciência sobre Envelhecimento Saudável
Uma das pesquisas que marcaram esta área foi o estudo realizado por Larson e sua equipe de colaboradores no ano de 2006, que envolveu um grupo de 1740 idosos saudáveis. Neste estudo, todos os participantes tiveram acompanhamento e um dos resultados do estudo indicou que a prática regular de exercício físico, pelo menos três vezes por semana, esteve associada à redução do risco de desenvolvimento de demências, sendo um potente fator protetor contra o declínio cognitivo.
Posteriormente, um outro grupo de pesquisadores, liderado por Scarmeas, realizou estudo na cidade de Nova York no ano de 2010. Os resultados demonstraram que a realização de atividades físicas pelo menos duas vezes por semana, reduz o risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer; assim como promove uma maior expectativa de vida aos idosos que já apresentam o diagnóstico da doença.
A ciência destaca que, dentre os benefícios da prática de atividades físicas, temos a produção de proteínas e de neurotransmissores, que precisam de oxigênio para que aconteçam internamente. Algumas reações bioquímicas também acontecem no nosso cérebro, atuando na diminuição da pressão arterial, na diminuição de colesterol e triglicerídeos e na inibição da agregação de plaquetas; possibilitando assim, um bom funcionamento cardiovascular e cerebral.
Em 2019, pudemos acompanhar os resultados de um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O estudo foi publicado na renomada revista Nature Medicine. Os pesquisadores verificaram em pesquisa experimental com ratos que possuíam geneticamente a doença de Alzheimer, que os animais que praticavam atividades físicas tinham uma maior produção da proteína denominada irisina.
Esta proteína ainda não havia sido muito explorada e estudada e sua presença foi associada a um melhor desempenho de memória recente e a uma melhor aprendizagem nos ratos ativos que possuíam a Doença de Alzheimer instalada.
Uma das hipóteses deste estudo é que, a longo prazo, os ratos doentes, ao terem maior produção de irisina, estariam mais atentos e com um melhor processo de aprendizagem. Entretanto, ainda é necessário a realização de um estudo com seres humanos, para saber se a associação da concentração de irisina também estaria elevada em humanos com Doença de Alzheimer com a prática de atividades físicas.
É preciso avaliar também se a sua atuação também estará relacionada com um melhor desempenho de memória e de funcionamento de uma estrutura do cérebro chamada hipocampo e se esta seria uma forma de complementar as terapias não farmacológicas para o tratamento da Doença de Alzheimer.
De modo geral, os estudos mostram que indivíduos ativos fisicamente possuem um processo cognitivo mais rápido. Os resultados destacam a importância da atividade física como uma das formas de promoção e preservação da saúde mental.
O envelhecimento saudável depende do conjunto do estilo de vida
Entretanto, é importante não esquecermos que a maior parte dos estudos científicos não apoiam a hipótese de que, sozinha, a atividade física é neuroprotetora. É importante inseri-la em um repertório do estilo de vida, aonde mais atividades e hábitos saudáveis aconteçam rotineiramente, beneficiando o indivíduo de modo integral e amplo e protegendo-o de desenvolver doenças neurodegenerativas.
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