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Coronavírus: Estratégias emocionais para lidar com o medo

Neste momento em que nosso país passa por uma pandemia decorrente do coronavírus, é muito importante atentarmos o quanto podemos estar vulneráveis a prejuízos em nossa saúde mental, principalmente por causa do medo.  Todos os períodos que passamos, por mais difíceis que sejam, tem um fim e vão passar; portanto, é muito importante fortalecermos a nossa rede de suporte social e nos lembrarmos que não estamos sozinhos.

Coronavírus: Estratégias emocionais para lidar com o medo - SUPERA - Ginástica para o Cérebro
Na coluna da gerontóloga Thais Bento Lima dessa semana para o Método SUPERA, ela fala de estratégias emocionais para conter o medo e a angústia na pandemia.

Uma das estratégias que podemos utilizar é a manutenção do contato com as pessoas mais próximas. Converse com frequência com membros da sua família e com amigos por telefone, participe de grupos virtuais – são maneiras importantes de proteger as pessoas e lembrarmos sempre que esta medida de isolamento é transitória.

A Associação Brasileira de Psiquiatria estima que muitas pessoas que estavam estáveis em seus aspectos de saúde mental passaram a ter crises nas últimas semanas. Para aqueles que tratam quadros de ansiedade ou depressão, é muito importante a continuidade do seu tratamento, sempre conversando com o seu médico e evitando a automedicação.

Especialistas também destacam que quando estamos sozinhos, temos uma mudança do estado mental. Nos tornamos menos racionais e mais emocionais, passando a ver tudo por um filtro mais dramático e negativo e apresentando medos e angústias. A ansiedade pode se intensificar, pois passamos a ter uma piora da percepção do estado de alerta, da sensação de perigo e da falta de recursos para lidar com ele.

Novamente, é preciso entendermos que o momento da quarentena é um período transitório. Vale a pena refletirmos que só damos valor às coisas quando elas passam ou quando superamos, por isso é preciso acionarmos a nossa rede de apoio ou criarmos uma para o enfrentamento do estresse. O acolhimento das nossas angústias é fundamental como estratégia de enfrentamento do isolamento social; além das mudanças de hábitos preventivos e provisórios para evitarmos a expansão da doença.

A Associação Brasileira de Psiquiatria também destaca que há uma mudança no senso de identidade dos indivíduos, principalmente os mais velhos, pois muitas mudanças impactam não apenas na sua rotina, mas na sua autonomia e independência. Por isso, é muito importante manter-se atento à qualidade do sono, à realização de uma alimentação rica em nutrientes importantes para a saúde geral e a realização de atividades dentro de casa que tenham significado, como ler, assistir um filme, arrumar seus pertences e armários e realizar jogos de raciocínio ou de tabuleiro.

Estratégias emocionais para lidar com o medo na quarentena:

-Relate as angústias e preocupações com alguém: o fato de falarmos diminui o estresse e os pensamentos negativos, pois estamos compartilhando algo que está perturbando os nossos pensamentos;

Expresse o medo: escreva seus medos e aponte respostas com possíveis soluções. Reconhecer o que nos traz medo e trazer uma solução também nos ajuda a criar estratégias de enfrentamento;

– Enfrente suas angústias: ignorar as situações que nos amedrontam pode aumentar os sintomas de ansiedade;

– Faça atividades prazerosas em casa: ao fazermos atividades que nos dão prazer, diminuímos o estresse e mantemos o equilíbrio que deve existir entre mente e corpo. Quando acontece uma instabilidade neste vínculo, nosso corpo sente e responde, podendo estar susceptível a desenvolver até gripes e resfriados.

De modo geral, sabe-se que as famílias estão passando pelo desafio de entender as mudanças emocionais até em crianças e adolescentes. Não ir à escola, por exemplo, é um fator que implica incluir atividades na rotina que possam suprir o que eles sentem falta quando estão na escola. Para todas as faixas etárias, é importante criar um ritmo e uma nova rotina com valorização da vida, para superarmos esta fase e lembrarmos dela no futuro como um momento de sacrifício necessário.

Thais Bento Lima-Silva, pesquisadora na área de envelhecimento, estimulação cognitiva e demências, Profa. Dra no curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo e pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É consultora do Método SUPERA e escreve na Coluna Cérebro Saudável.
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