Vamos falar de demência?
Ao nos esquecermos de algo em nosso cotidiano, é comum que utilizemos uma expressão como “devo estar com Alzheimer”, em razão da Doença de Alzheimer (DA) provavelmente ser o tipo de demência que alguns conheçam e por ser a mais prevalente. De fato, a DA, que se caracteriza pela perda de memória episódica (para eventos recentes) em estágios iniciais, é a demência mais prevalente: estima-se que ela corresponda a aproximadamente 60% de todos os tipos de demências, de acordo com Gatchel em sua contribuição no livro “Massachusetts General Hospital Comprehensive Clinical Psychiatry“ (2016).
Entretanto, além de haver outros tipos (como a Demência Vascular – provocada pela redução do aporte de sangue para o cérebro e consequente morte neuronal – e a Frontotemporal – que acomete os lobos frontais e temporais), nem sempre os esquecimentos são de causa patológica.
Conforme envelhecemos, nosso organismo passa por mudanças que o diferenciam do organismo de um indivíduo mais jovem: as células do sistema nervoso, por exemplo, acabam sendo expostas a danos, os quais exercem uma ação deletéria na velhice, a depender de fatores intrínsecos (sexo, genética etc.) ou extrínsecos (ambiente, estilo de vida, contexto sociocultural etc.), interferindo em habilidades cognitivas. Tais mudanças, quando não comprometem a participação social ou a realização de atividades de vida diária (AVDs), podem ser consideradas como pertencentes ao envelhecimento dito normal (senescência).
Vale destacar que nem sempre a memória é o primeiro domínio afetado quando se trata de uma demência. No caso da Demência Frontotemporal (DFT), por exemplo, destacam-se alterações precoces na personalidade e comportamento, assim como disfunções executivas em fases iniciais. Além disso, o esquecimento ou a confusão mental podem ocorrer em consequência de causas reversíveis, a saber: efeitos colaterais de medicamentos, infecções no sistema nervoso central (SNC), carências nutricionais (como de vitamina B12), distúrbios hidroeletrolíticos, transtornos endócrinos, doenças sistêmicas ou, até mesmo, intoxicação por metais pesados. Em alguns casos pode se tratar, também, de depressão.
Caso haja suspeita de demência, recomenda-se contatar algum profissional habilitado para aplicação de testes de rastreio, visando à realização de uma avaliação cognitiva inicial. Se o paciente apresentar desempenho abaixo do esperado, deve ser feito um encaminhamento para uma avaliação neuropsicológica mais detalhada, com um médico neurologista, a fim de que se estabeleça o diagnóstico etiológico diferencial. Nesse caso, a história clínica, o exame físico e os exames de diagnóstico por imagem são fundamentais. Ademais, o relato de familiares e cuidadores também é importante, porque são eles quem geralmente percebem os esquecimentos (e a piora destes), alterações de comportamento e a perda da autonomia e independência destes indivíduos.
É necessário que cada vez mais pessoas recebam informações sobre as demências e seus tipos, a fim de que, seja no que diz respeito a si mesmas ou a seus pares: (1) consigam identificar sinais e sintomas; (2) entendam o diagnóstico e saibam como proceder; ou (3) realizem medidas de prevenção, minimizando a probabilidade de acometimento por doenças neurodegenerativas.
Dados publicados pela Alzheimer’s Disease International (ADI) apontam que 78% da população brasileira se preocupa com o desenvolvimento de demência em algum momento de sua vida e que 95% acreditam que certamente irão desenvolvê-la. Além disso, uma a cada quatro pessoas acredita que não há nada que se possa fazer para evitá-las.
Infelizmente, os próprios profissionais da saúde podem contribuir para a falta de informação. É o que ocorre, por exemplo, quando médicos não são claros no diagnóstico. Por conseguinte, algumas pessoas têm dúvidas se seu familiar tem ou não o diagnóstico de Doença de Alzheimer – ou outra demência – por saírem do consultório com a informação de que se trata de “demência senil”. O uso deste termo deve ser evitado por não informar o tipo de demência ao paciente e seu acompanhante, mas sim, apenas caracterizar que sua ocorrência se deu após os 60 anos.
Em 2019, a Alzheimer’s Disease International (ADI) identificou a necessidade de se discutir acerca da DA e de outras demências, por considerar que, mesmo que muitas vezes convivamos com indivíduos portadores, grande parte da população não tem os conhecimentos necessários para manejo de casos de demência, caso precise. Assim, foi lançada a campanha “vamos falar sobre demência?”, que estendemos para este ano de 2021.
Embora não haja uma cura para doenças neurodegenerativas, a aderência ao tratamento medicamentoso faz-se necessária para que a progressão seja mais lenta, com um aumento da sobrevida. Além disso, seja para portadores ou indivíduos saudáveis, há hábitos que podem ser incorporados à rotina que certamente influenciarão positivamente em nossa reserva cognitiva (aumento das sinapses que confere resistência aos danos neuronais). Abaixo deixamos algumas dicas:
- Durma bem;
- Alimente-se bem, consumindo nutrientes importantes para o bom funcionamento cognitivo;
- Realize atividades de estimulação cognitiva;
- Pratique atividades físicas regularmente; e
- Mantenha-se em comunicação e participação social.
Agora que você já entendeu um pouco mais sobre o assunto, vamos falar mais sobre demência? Cuide da saúde do seu cérebro e tenha uma longevidade saudável.
Assinam este artigo:
Manuela Lina da Silva
Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), com realização de intercâmbio de Graduação pelo Programa de Mobilidade Acadêmica em Gerontologia da Escola Superior de Saúde (ESSa) do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) – Portugal. Exerceu estágio-voluntário na Santa Casa de Misericórdia de Bragança – Portugal e foi bolsista no Projeto Bairro Amigo do Idoso – Brás/Mooca (SP).
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.
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