Treino cognitivo em pessoas idosas com comprometimento cognitivo leve
O comprometimento cognitivo leve (CCL) consiste em uma condição clínica que se situa entre a cognição normal e o início da demência. Para um diagnóstico preciso do CCL, é necessário adotar uma abordagem multidimensional que inclui diversos critérios diagnósticos e exige uma avaliação minuciosa. Atualmente, a classificação diagnóstica divide o CCL em quatro subtipos:
1) CCL Amnéstico Único Domínio: Este subtipo afeta predominantemente um domínio cognitivo, geralmente a memória;
2) CCL Amnéstico Múltiplo Domínio: Neste caso, o comprometimento cognitivo atinge mais de um domínio cognitivo, o que pode incluir memória, atenção, linguagem, entre outras funções;
3) CCL Não-Amnéstico Único Domínio: Este subtipo afeta um domínio cognitivo que não se relaciona com a memória, como a atenção complexa ou a cognição social, apresentando um declínio leve nessa área específica;
4) CCL Não-Amnéstico Múltiplo Domínio: Semelhante ao CCL Amnéstico Múltiplo Domínio, este subtipo envolve o comprometimento de múltiplos domínios cognitivos, exceto a memória.
Comprometimento cognitivo leve e treino cognitivo para idosos
De acordo com as diretrizes do National Institute on Aging and Alzheimer’s Association (NIA-AA), o diagnóstico clínico do CCL requer uma avaliação abrangente que inclui uma análise detalhada da história clínica do paciente. Além disso, é imperativo considerar a presença de doenças sistêmicas, o uso de medicamentos, a realização de exames neurológicos e a aplicação de uma avaliação cognitiva objetiva.
Essa avaliação cognitiva deve identificar um leve declínio em pelo menos um dos domínios cognitivos, como atenção complexa, função executiva, aprendizagem e memória, linguagem, perceptomotor ou cognição social. No entanto, é fundamental que esses déficits não atendam aos critérios diagnósticos para demência.
Treino cognitivo para idosos com CCL: Principais benefícios
O treino cognitivo desempenha um papel fundamental na gestão do comprometimento cognitivo leve em idosos, uma vez que se configura como uma abordagem terapêutica destinada a aprimorar ou preservar a função cognitiva em indivíduos que apresentam os primeiros sintomas de declínio cognitivo.
Os benefícios do treino cognitivo são diversos. Ele pode melhorar a memória, um dos sintomas mais proeminentes do CCL, por meio de exercícios que incluem jogos de memória, quebra-cabeças, técnicas de associação e a prática de concentração. Além disso, também aprimora a orientação temporal e a atenção, duas funções frequentemente afetadas nesse estágio (BRUM et al, 2016).
Conforme Brum e colaboradores (2016), o treino cognitivo também é eficaz na melhoria das funções executivas, como o planejamento, o raciocínio lógico e a tomada de decisões, por meio de exercícios que desafiam a capacidade de resolução de problemas e o pensamento crítico. Esse aprimoramento não só melhora as habilidades cognitivas, mas também contribui para a manutenção da independência funcional das pessoas idosas, permitindo que realizem suas atividades diárias e tomem decisões informadas.
Outro benefício significativo do treino cognitivo é a melhoria na qualidade de vida. Através do treinamento, a autoestima é fortalecida, proporcionando um senso de realização, e os sintomas depressivos são reduzidos, o que é fundamental para o bem-estar dos idosos com CCL. Além disso, o treino cognitivo pode reduzir o risco de progressão para demência, atrasando esse processo e permitindo que os indivíduos mantenham um nível razoável de funcionamento cognitivo (BRUM et al, 2016).
É relevante observar que o treino cognitivo não apenas se concentra nas funções cognitivas, mas também promove a socialização e a interação. Muitas vezes, as intervenções cognitivas são conduzidas em grupos, o que pode criar uma sensação de pertencimento e reduzir o isolamento social, um desafio comum entre os idosos, especialmente aqueles com CCL.
Além disso, o treino cognitivo pode ser adaptado para atender às necessidades individuais das pessoas idosas, levando em consideração suas diferentes forças e fraquezas em termos de funções cognitivas. Isso aumenta a eficácia do treinamento, garantindo que os idosos obtenham os maiores benefícios possíveis.
É pertinente salientar ainda que o treino cognitivo não é uma abordagem isolada, mas pode ser combinado com outras estratégias terapêuticas, como a terapia ocupacional e a prática regular de atividades físicas. Essa abordagem multidisciplinar pode proporcionar resultados mais abrangentes, abordando não apenas a função cognitiva, mas também a qualidade de vida geral dos idosos com CCL.
Assinam este artigo:
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Bacharelado e do Programa de Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo, parceria científica do Instituto Supera de Educação.
Diana dos Santos Bacelar
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro.
Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de letramento digital.
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2 comentários para "Treino cognitivo em pessoas idosas com comprometimento cognitivo leve"
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gostei muito
Não devemos desistir de lutar para que nossa memória esteja cadia melhor e possamos ter uma vida normal mesmo na velhice.