Neurônios – glossário do cérebro
Neurônios são as dezenas de bilhões de células que compõem o sistema nervoso e possuem a capacidade de estabelecer conexões entre si quando recebem estímulos do ambiente externo ou do próprio organismo.
Os neurônios formam circuitos complexos entre si e se agrupam no interior do sistema nervoso
De acordo com a neurocientista Dra. Carla Tieppo, essa célula nervosa é multifuncional, ou seja, usamos combinações de neurônios semelhantes pra decodificar sinais e interpretar as diferentes situações do nosso cotidiano.
“Ao olhar para uma caneta, por exemplo, ativamos uma grande quantidade de neurônios que projetam imediatamente um circuito de ideia mental no cérebro. Ao olhar para um lápis, que é parecido, ativamos uma parte deste mesmo conjunto de células nervosas”, diz a neurocientista.
Um neurônio pode disparar impulsos nervosos seguidamente, dezenas de vezes por segundo. Mas, para transmitir a informação para uma outra célula, contamos com outra estrutura, o axônio, que é um prolongamento único.
Esses locais, onde ocorrem a passagem da informação entre as células, são denominados sinapses, e a comunicação é feita pela liberação de uma substância química, um neurotransmissor.
Liberado na região das sinapses, o neurotransmissor atua na membrana da outra célula (membrana pós-sináptica) e aí pode ter dois efeitos: vai excitá-la de forma que impulsos nervosos sejam disparados por ela, ou poderá dificultar o início de novos impulsos, pois muitos neurotransmissores são inibitórios.
As sinapses, portanto, são os locais que regulam a passagem de informações no sistema nervoso e têm uma importância fundamental na aprendizagem.
Um neurônio normalmente pode estabelecer sinapses com centenas de outros neurônios ao mesmo tempo em que recebe informações vindas de outras centenas de células. Sua resposta a esses influxos vai depender do equilíbrio de ações sinápticas excitatórias e inibitórias que recebe num determinado momento, o que vai influenciar, por sua vez, outras células próximas ou distantes, dependendo dos circuitos dos quais ele participa.
Fortalecendo as ligações entre neurônios com ginástica cerebral
Uma característica marcante do sistema nervoso é então a sua permanente plasticidade. E o que entendemos por plasticidade é a sua capacidade de fazer e desfazer ligações entre os neurônios como consequência das interações constantes com o ambiente externo e interno do corpo.
O treino e a aprendizagem podem levar a criação de novas sinapses e à facilitação do fluxo da informação dentro de um circuito nervoso. É o caso de um pianista, por exemplo, que diariamente se torna mais exímio porque o treinamento constante promove alterações em seus circuitos motores e cognitivos, permitindo maior controle e expressão em sua execução musical.
A grande plasticidade no fazer e no desfazer as associações existentes entre as células nervosas é a base da aprendizagem e permanece, felizmente, ao longo de toda a vida. Ela apenas diminui com o passar dos anos, exigindo mais tempo para ocorrer e demandando um esforço maior para que o aprendizado ocorra de fato.
A formação e a consolidação das ligações entre as células nervosas se fortalecem com a prática de atividades desafiadoras, conhecida também como ginástica cerebral.
Ao procurarmos respostas e possibilidades diferentes para os mesmos estímulos, é possível aumentar a capacidade criativa porque estimulamos a formação de novas redes neurais.
E quanto maior for o número de conexões e redes que seus neurônios formem e quanto mais você as usar, mais fortalecida será sua reserva cognitiva.
Uma reserva cognitiva maior será muito útil sob o estresse ou sob o envelhecimento, pois, sob o estresse, circuitos que demandam maior gasto de energia dificilmente serão ativados e você estará confinado a poucas alternativas de resposta e no envelhecimento, as células neuronais tendem a morrer.
Portanto, quanto mais conexões neuronais você tem, menos falta fará o que não estiver disponível em momentos desafiadores.
Por Bárbara Rocha, Comunicação SUPERA
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