Estudo brasileiro fala sobre a invisibilidade dos cuidadores de pessoas com demência

Publicado em: 01/07/2025 Por Marinella Moretz-Sohn

Você sabia que quase 2 milhões de brasileiros cuidam diariamente de alguém com demência — e, em sua maioria, sem preparo, apoio ou qualquer remuneração?  Uma nova pesquisa da Unifesp, publicada na revista Alzheimer’s & Dementia, mostrou que 93,6% dos cuidadores(as) são mulheres, com cerca de 49 anos. Quase todas cuidam sem receber nada por isso. Metade teve que abandonar o trabalho para se dedicar ao cuidado — uma realidade de sobrecarga e invisibilidade.

 O que mais chamou atenção em relação a quem cuida de uma pessoa com demência?

  • 85% dos cuidadores relataram exaustão emocional
  • 87% disseram precisar de mais ajuda de outras pessoas
  • 46% se sentem despreparados para cuidar
  • 62% afirmam precisar de apoio emocional urgente
  • “Ajuda”, “orientação” e “falta de tempo” foram as palavras mais citadas nas respostas espontâneas.
  • Cuidar de alguém com demência é uma tarefa complexa, solitária e cheia de desafios — especialmente quando feita sem rede de apoio, sem políticas públicas efetivas e sem reconhecimento social.

Por isso, os(as) pesquisadores(as) reforçam a urgência de mudanças:

  • Programas de capacitação sobre demência
  • Apoio financeiro e benefícios sociais
  • Criação de redes formais de cuidado
  • Políticas públicas que realmente saiam do papel!

Cuidar de quem cuida é fundamental

O autocuidado é uma ferramenta essencial para cuidadores de pessoas com demências, porém, não faz parte da realidade de grande parte da população que assume esse papel. Dados do Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (RENADE), apontam que 45% dos cuidadores de pessoas com demência apresentam sintomas psiquiátricos de ansiedade e depressão. Além disso, o estudo demonstra que a falta de uma rede de suporte sólida gera sobrecarga, sendo que 71,4% apresentam esses sinais.

Segundo a cartilha de autocuidado e qualidade de vida, realizada pelo Instituto Federal do Espírito Santo, o autocuidado é definido como o tempo que a pessoa dedica para si mesmo, sendo essencial para uma boa qualidade de vida. Assim, ações como buscar hábitos saudáveis e um estilo de vida ativo, gera o aumento da autoestima e melhora a produtividade.

O autocuidado pode ser impactado diretamente pela presença de suporte ao cuidador, visto que o tempo em média do cuidado prestado é de 19,8 horas por dia. Assim, o suporte ao cuidado pode ser realizado de diferentes formas, como: intervenções psicoeducacionais, intervenções psicossociais, intervenções psicoterapêuticas e rede de apoios informais, como amigos e familiares.

A seguir, veja algumas dicas de como realizar o autocuidado em diferentes aspectos de sua vida:

  • Autocuidado Emocional
    Crie um diário e anote os seus sentimentos de forma honesta, colocando no papel o que está sentindo.
  • Autocuidado Físico
    Pratique atividades físicas que gerem bem-estar, por exemplo: Natação, yoga, pilates.
  • Autocuidado Intelectual
    Realize atividades que mantenham um bom funcionamento cognitivo, como: ler um livro, conhecer novos lugares e aprender um novo idioma.
  • Autocuidado Espiritual
    Realize atividades, como meditação, para se reconectar com você mesmo.
  • Autocuidado Social
    Mantenha contato com sua rede de amigos e familiares, que lhe trazem boas recordações.

** Estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo e publicado na revista Alzheimers and Dementia, disponível em: https://dci.unifesp.br/assessoria-de-imprensa-e-jornalismo/releases/estudo-desafios-cuidadores-pessoas-demencia?fbclid=IwY2xjawLJ_ElleHRuA2FlbQIxMQBicmlkETFjeFpmTmFqWGtDWGVwT1ZBAR6DqgREHy3lE9V8AOaLhJhrewO4iOhRl14nzwk38p7-2fzL-KFc_6asi_2M2A_aem_mY3lu8v26_6bs3fq7q3p_A

Biografia dos autores

Joana Brás Losa, Gerontóloga pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESE-IPVC), Portugal. Mestranda em Gerontologia Social pela Escola Superior de Educação (ESE-IPVC) Associada da Associação Nacional de Gerontólogos (ANG).

E-mail para contato: joanalosa02@gmail.com

Yasmin dos Santos Rodrigues, graduanda em Gerontologia pela EACH-USP, monitora da oficina Mentes Ativas e Envelhecimento Ativo: Pessoas Idosas na Informática oferecidas pela USP 60+. É integrante do Centro Acadêmico de Gerontologia e Liga Acadêmica de Gerontologia.  

 E-mail para contato: Yasminrodrigues@usp.br

Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH- USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Coordenadora de Grupos de Apoio para cuidadores da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera com a condução de ensaios clínicos. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo. E-mail: thaisbento@usp.br    

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