Especialistas caminham para identificar as sequelas da COVID-19 no cérebro

Publicado em: 25/03/2021 | Última modificação em 05/04/2021 Por Assessoria de Imprensa SUPERA

As manifestações neurológicas de pacientes acometidos por COVID-19 chamam a atenção de cientistas de todo o mundo e são motivo de diversos estudos científicos, a maior parte deles ainda em andamento, com um objetivo único: entender a relação do vírus com o cérebro humano.

Em uma live realizada pelo Método SUPERA para todo o Brasil nesta quarta – feira (17) por ocasião da Semana Mundial do Cérebro – uma parceria do SUPERA com a Dana Foundation, instituição americana ligada a pesquisas na área do cérebro, os especialistas Adalberto Studart Neto, médico assistente Neurologista da Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e Mônica Yassuda Mestre e Doutora em Desenvolvimento Humano pela Universidade da Flórida (EUA), destacaram que, embora a maioria dos estudos ainda continue em andamento, já se sabe que o vírus tem alguma predileção por regiões importantes do cérebro, como a área responsável pela concentração, atenção e memória.

O evento contou com 18 mil visualizações e uma audiência de 3 mil pessoas simultaneamente.

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Cientistas seguem analisando o vírus em todo o mundo

 “Nós já temos dados no Brasil mostrando as diversas facetas dos distúrbios neurológicos da COVID-19. Diversas regiões cerebrais funcionando de forma alterada, mesmo três meses após o COVID. A doença é muito mais complexa do que poderíamos imaginar e uma das conclusões é que não é exatamente o vírus entrando no cérebro, mas sim o que o vírus faz no organismo que repercute no cérebro, já que o Covid-19 é uma doença sistêmica, ou seja: que afeta vários sistemas importantes do organismo”, explicou o neurologista.

Já Mônica Yassuda destacou, entre outros pontos, as consequências cognitivas da doença, decorrentes do seu impacto sobre o cérebro.

“O mais importante de forma geral, é chamar a atenção para a necessidade das pessoas na fase de recuperação da COVID-19, quando saem no hospital. Os pacientes, além da avaliação física, também devem passar por uma avaliação neuropsiquiátrica, com um olhar atento às questões da saúde mental e da cognição e em especial nos processos de alta, já prevendo que poderão ter dificuldades em tarefas cotidianas. É muito importante que essas avaliações sejam repetidas para que o acompanhamento da cognição aconteça no processo de recuperação”, disse.

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Mônica Yassuda e Adalberto Studart ao lado do diretor do SUPERA Online Luís Moraes

Os efeitos da COVID no cérebro

Em todo Brasil, milhares de pessoas que sobreviveram à doença se queixam das chamadas ‘sequelas do COVID’ ou ‘COVID longa’, com sintomas diversos, que vão desde perda de paladar e olfato até dificuldades para resgatar informações, dificuldades com concentração e atenção. Segundo a pesquisadora, os trabalhos científicos até agora convergem para mostrar que podem existir sequelas cognitivas trazidas pela COVID-19.

“São sequelas que tendem a melhorar com o tempo, e com a recuperação da pessoa, mas, como vimos nos estudos trazidos durante a live, a porcentagem de pessoas que apresentam essas queixas e desempenho ruim nos testes cognitivos é bastante elevada, então tem sido um fenômeno bastante comum. Os trabalhos publicados até agora sugerem que as queixas cognitivas mais frequentes são as dificuldades com a atenção, concentração, memória operacional, que é a capacidade de manter dados na mente e trabalhar com eles e dificuldades com as funções executivas, mais do que a perda de memória, mas é possível também que estas dificuldades com atenção e concentração afetem a memorização. Então se você não está conseguindo prestar atenção em um artigo de jornal que você está lendo você vai ter dificuldade para memorizar. No entanto, a maior parte dos trabalhos não dá destaque à perda de memória, mas, sim, a dificuldades na atenção e disfunção executiva”, pontou Mônica.

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Doutora Mônica durante a live: vários estudos caminham em diferentes partes do mundo

Em concordância com a pesquisadora, o neurologista assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Adalberto Studart Neto, chamou atenção para o acompanhamento psiquiátrico e cognitivo no pós COVID.

“Sintomas psiquiátricos muitas vezes tem essa ligação com questões cognitivas, isso sem dúvida. Nós trabalhamos com fármacos e drogas para o tratamento desses transtornos psiquiátricos, mas, sem dúvida, a reabilitação cognitiva pode oferecer um ganho para as pessoas no pós COVID junto com a abordagem psiquiátrica em alguns casos”, pontou.  

Os pesquisadores aproveitaram a oportunidade para falar ainda sobre algumas das principais linhas de pesquisa no mundo sobre a COVID-19 e o cérebro.

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Estudos ainda estão em andamento

“Em fevereiro foi publicada uma revisão sistemática com vários trabalhos analisados em conjunto. Este estudo, incluindo dados de vários países, a maioria deles do Canadá, observou que 77% das pessoas acompanhadas apresentaram algum grau de alteração cognitiva. Neste levantamento, entre os pacientes com a doença, o delirium foi a condição mais comum: desorientação, incapacidade de pensar com clareza e prestar atenção e flutuações do nível de consciência, com possíveis causas associadas à inflamação sistêmica. Após a alta hospitalar, alguns pacientes talvez precisem de reabilitação cognitiva, mas hoje existem vários recursos que são aplicados em larga escala, desde softwares, jogos, que podem ser úteis neste processo de recuperação”, explicou Mônica.

Isso vai passar?

O principal alerta dos especialistas no pós COVID é para a permanência de sequelas que podem se tornar crônicos.

“A maior parte dos pacientes tem queixas que tendem a melhorar, principalmente sintomas de ansiedade.  Porém, alguns sintomas podem se tornar crônicos se não tratados, como a depressão. Já a ausência de olfato e paladar, é bem variável, tem pessoas que demoram semanas e tem pessoas que demoram meses para recuperar, mas a princípio, todos recuperam sim”, disse o médico.

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Milhões de pessoas que tiveram a nova doença reclamam de sequelas pós infecção

“Com a recuperação da saúde, este quadro de confusão mental aguda e alterações de atenção e funções executivas vão gradualmente desaparecendo, mas acho que é importante que as pessoas estejam atentas a uma possível cronificação, então se alguns meses se passaram, você não está dormindo bem, tem sintomas depressivos, ou outros sintomas, busque ajuda especializada para enfrentar possíveis sequelas”, completou Mônica.

O especialista chamou atenção ainda para doenças que podem ser manifestadas no cérebro após a infecção com a COVID -19.

Nós estamos falando de COVID, mas já é sabido que qualquer paciente grave que fique na UTI tem um prejuízo cognitivo que persiste de semanas a meses, e esses pacientes se recuperam. A maioria dos pacientes tende a melhorar. Quando não melhoram, é importante investigar a causa porque pode ser que a COVID acelere a manifestação de alguma doença que já estava se desenvolvendo no cérebro”, alertou o médico.

Neuroplasticidade e reserva cognitiva

A reserva cognitiva é um conceito científico baseado na capacidade do cérebro de suportar agressões de doenças, construída ao longo da vida. Esta reserva, ainda difícil de ser quantificada, segundo doutora Mônica, pode ser importante na resposta de pacientes a doenças graves, como a COVID -19.

“Quando uma pessoa tem uma reserva cognitiva elevada, e ela é acometida por uma doença neurodegenerativa, como a doença de Alzheimer, por exemplo, ela deve demorar mais tempo para manifestar sintomas, possivelmente porque seu cérebro consegue estabelecer processamentos compensatórios.

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A reserva cognitiva pode ser importante fator na resposta ao vírus

Os estudos epidemiológicos informam que alguns fatores podem nos ajudar na construção desta reserva: estudar muitos anos, ter uma educação de qualidade ao longo de toda a vida, uma boa alimentação e a prática de atividades físicas e cognitivas.

Assim, como nós tratamos a saúde de vários órgãos, precisamos cuidar da saúde do cérebro, contribuindo com a formação da reserva cognitiva”, disse Mônica.

Já doutor Adalberto lembrou que o conceito de reserva cognitiva é comprovado cientificamente e chamou a atenção para a mudança de mentalidade, que deve estar hoje muito mais ligada à prevenção.

“Existe um estudo importante Finlandês, (estudo FINGER) publicado em 2015 em que um grupo de pessoas fizeram atividades físicas, atividades cognitivas, acompanhamento nutricional e outro grupo que não fez isso. O grupo que participou desta intervenção teve melhor desempenho cognitivo no pós teste. Este conceito tem comprovação científica e está cada vez mais sendo levado a sério. Nós falamos muito em remédio, mas é necessário mudar esta mentalidade para atuar mais na prevenção”, disse o médico.

Mês do cérebro

Até o final do mês as mais de 350 unidades do Método SUPERA no Brasil seguem com várias ações voltadas para a orientação da sociedade sobre os efeitos da nova doença para o órgão mais importante do corpo humano.

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Bárbara Perpétuo, Vice- presidente do SUPERA

“Estamos acompanhando muito de perto a fala dos principais especialistas do Brasil neste momento e já recebendo em nossas escolas alunos que procuram o SUPERA no pós COVID. Sabemos que a doença pode ter ainda outros desdobramentos para a sociedade, a médio e longo prazo, mas o nosso dever neste momento é nos aproximar de pessoas que são referência científica no assunto para orientar nossos alunos da melhor maneira possível”, concluiu Bárbara Perpétuo, vice-presidente do Método SUPERA.  

Confira a live da Semana Mundial do Cérebro AQUI

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19 comentários para "Especialistas caminham para identificar as sequelas da COVID-19 no cérebro"

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  • Elizabeth Zerwes disse:

    Ótimo texto!

  • Maria Jose disse:

    Gostei muito do artigo. E isso tem procedência . Tenho um neto muito inteligente, que aprende as coisas rapidamente. Tipo aquele que tem uma mente privilegiada. Teve COVID, perdeu o olfato e o paladar. Fez a prova do ENEN e se saiu pior que o irmão dele que tem problema com falta de atenção.

  • Sônia Regina disse:

    Gostei.Muito esclarecedor ,diante da complexidade que é o covid.Parabéns Supera!!

  • Maria Helena Zanella disse:

    Durante a exposição do COVID e as consequências no cérebro, foi informado que haveria um e-boock de atividades para baixar. Não encontrei o link. Poderiam me enviar, por favor?

    Gratidão pelas informações, muito importante.

    Atenciosamente

    M Helena

    1. Evandir I Customer Service I Método SUPERA disse:

      Mas é claro!
      Aqui esta: https://bit.ly/2Q1ytC0

  • Sim, gostei muito. Vale refletir e estar atentos as reações no nosso organismo no pós covid, fui um infectado e agora sigo na recuperação, sim o vírus causa um desequilíbrio importante no organismo humano. Importante preocupação com as reações cognitivas que podem acontecer qualquer um no pós covid. É boa a contribuição do SUPERA nesse sentido e nesse momento.

  • Gostei sim, esclarecedor. Fui vítima do covid e agora curado em recuperação. Realmente há um desequilíbrio importante no organismo e o pós exige cuidados especiais, não tive problemas cognitivos, porém ainda tudo é muito novo, referente as reações. É perfeita a preocupação e o empenho do SUPERA em contribuir nessa fase. Parabéns aos envolvidos.

  • MARLZA SANTOS LOPES disse:

    Boa tarde muito importante essa matéria a respeito do cérebro pós covis. achei interessante a situação da depressão e falta de interesse pelas coisas do dia dia. e outros sintomas com relação a covid e cérebro . Parabém SUPERA!!!!

    1. Evandir I Customer Service I Método SUPERA disse:

      Olá, Marilza. Tudo bem com você?

      A nossa equipe quem agradece por pode fazer parte do seu dia a dia!

  • Tenho dor de cabeça sempre e a memória as vezes falha. E falta de ar quando faço esforço ou ando rápido

  • Ana disse:

    Goi nto produtiva pra neus conhecimentos. Tirou algunas duvidas mto bom mesmo obrigada

  • Maria limpia gimenez ayala disse:

    Muito esclarecedor eu tive covid em janeiro e ate hoje sofro d ansiedade claro q hoje ja melhorou bastante c a ajuda d ansiolitico

  • Maria Neusa Sabtos disse:

    Boa dia.
    Muito esclarecedor.
    Parabéns Supera!
    Tive COVID com sintomas leves, em jul de 2021. Tenho 73 anos, já vacinada com a 2ª dose, até agora estou com esses sintomas:
    Sem olfato, paladar, (apenas sinto, doce, salgado, e azedo), e qualquer movimento que faço em casa fico cansada, dores no corpo, e com dificuldade de lembrar nomes e coisas, tenho que fazer um esforço tremendo. Já foi pior hoje, sinto que estou melhorando.
    Att,
    Maria Neusa

  • Maria Alice disse:

    Vcs falam bastante sobre a sequela no cérebro, mas existem outras , eu por exemplo tive Covid a 9 meses , tenho uma dor nas costas q não passa. Faço fisioterapia há bastante tempo, mas fiquei impossibilitada de fazer muitas coisas q fazia, por causa dessa dor. Acredito q minha musculatura ficou danificada.

  • Nelci Barros disse:

    Gostei do conteúdo, muito esclarecedor.Tive Covid a um ano atrás, porém não fiquei com estas sequelas, mas outra que até hoje prevalece, hiperfuncão auditiva, sinto tonturas direto.Ja fiz fisioterapia, estou fazendo academia e caminhadas e não tive resultado nenhum.Fiquei com problema na voz tambem. Estou citando isso, porque não vi nenhum comentário a respeito.

  • Janira de Fátima Esteves Souza disse:

    Fiquei internada por 10 dias com Covid em Julho de 2021, no hospital tive muitos pesadelos, depois : insônia , queda de cabelo, falta de memória em reconhecer as pessoas, crise de Artrose , humor ,etc . Mas estou recuperando com muita medicação e chá de ervas medicinais. Gostaria de participar das informações sobre o Cérebro é muito importante . Obrigada

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O Supera Ginástica para o Cérebro é voltado para todas as pessoas a partir de 5 anos, sem limite de idade. O curso potencializa a capacidade cognitiva aumentando a criatividade, concentração, foco, raciocínio lógico, segurança, autoestima, perseverança, disciplina e coordenação motora. As aulas, ministradas uma vez por semana com duração de duas horas, são dinâmicas e contagiantes, com atividades que agradam todo tipo de público.

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Criado em 2006, o SUPERA é hoje a maior rede de escola de ginástica para o cérebro do Brasil. Em um ano de operação, entrou para o sistema de franquias e hoje já possui 400 unidades no país. O curso, baseado em uma metodologia exclusiva e inovadora, alia neurociência e educação. Se você tem interesse em empreender nesta área, deixe seu cadastro em nosso site.