Dieta mediterrânea faz bem para o cérebro?
A dieta mediterrânea é uma dieta cultural desenvolvida na região do mediterrâneo que orienta exclusivamente a ingestão diária de azeite extra virgem (sendo esta um tipo de gordura monoinsaturada), o consumo diário de peixes e batatas e o consumo moderado de vinho e/ou suco de uva integral.
Enfatiza-se nesta dieta a ingestão diária de alimentos naturais à base de vegetais, e em relação aos alimentos à base de carnes vermelhas mais limitados, sendo orientado um consumo mensal, assim como com a limitação de alimentos com alto teor de gordura saturada.
A região mediterrânea é considerada, como englobando o sul da Espanha, o sul da França, a Itália e a Grécia. Ao perceberem que esses locais tinham pessoas saudáveis e longevas, cientistas começaram a estudar o que havia lá de diferente e chegaram que recebeu o nome de dieta mediterrânea.
Além disso, é importante destacar que na dieta mediterrânea, realiza-se a prática de atividades físicas diárias. E que esta dieta é considerada uma dieta neuroprotetora, ou seja, fortalece o funcionamento cerebral, foi descoberta e estudada em 1950, por um cientista chamado Ancel Keys, e no ano de 2010, a Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) reconheceu esta dieta como patrimônio cultural imaterial da humanidade.
A dieta mediterrânea e seus nutrientes
Em um estudo realizado por Calil em 2017, a autora relata que um dos princípios básicos de uma boa nutrição é que haja uma ampla gama intermediária de níveis de nutrientes que proporcionem um funcionamento fisiológico ideal; níveis de nutrientes acima ou abaixo desta faixa podem resultar em funcionamento desequilibrado no organismo, podendo levar os indivíduos até mesmo à morte.
Para tanto, o estudo traz achados importantes em relatar que os nutrientes e outros componentes dietéticos são necessários para o funcionamento fisiológico normal do cérebro, sendo essenciais para a proteção neuronal contra lesões celulares e o estresse oxidativo.
Nesse sentido, ressalta-se que o cérebro tem alta atividade metabólica e alta taxa de renovação de nutrientes, e sua nutrição ocorre por meio de uma quantidade de sistemas de transportes específicos de alimentos e de mecanismos fisiológicos que servem para substituir a constante renovação de substâncias nutritivas.
Assim, muitos componentes dietéticos não podem ser sintetizados de novo em humanos. Portanto, devem ser consumidos por meio de fontes externas, como os alimentos saudáveis e quando necessários em suplementos alimentares.
A barreira hematoencefálica permite a passagem de nutrientes através de vários sistemas de transporte passivo e seletivo.
Segundo estudos sobre fatores de prevenção nas demências, reflete-se sobre a importância da dieta mediterrânea para a saúde pública e desenvolvimento de doença de Alzheimer.
A intervenção nutricional eficaz tem potencial para efeitos em toda na saúde do cérebro no que diz respeito ao retardo ou prevenção no surgimento de demências, e há uma demanda pública muito alta por orientações e o acesso adequado de alimentos para um estilo de vida saudável, assim como para uma maior longevidade.
Assinam este artigo:
Cássia Elisa Rossetto Verga
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.
Referência consultada
CALIL, Silvia Regina Borgheresi. Desempenho cognitivo, estado nutricional e consumo alimentar em idosos com diferentes perfis cognitivo. 2017. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
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