Como funciona o declínio cognitivo? Entenda a trajetória do envelhecimento cognitivo
O envelhecimento é um processo natural que afeta todas as funções do corpo humano, incluindo a cognição. O declínio cognitivo refere-se à diminuição das capacidades mentais, como memória, atenção, linguagem e funções executivas, que ocorrem ao longo do tempo. Entender como esse processo se desenvolve e quais fatores influenciam sua trajetória é essencial para promover intervenções eficazes e melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas.
O envelhecimento cognitivo é um fenômeno complexo influenciado por uma variedade de fatores biológicos, psicológicos e sociais. As mudanças estruturais e funcionais no cérebro, como a redução do volume cerebral e a diminuição da conectividade neuronal, são algumas das principais características deste processo (CULIG et al., 2022).
Diversos fatores podem ser aceleradores do declínio cognitivo. Entre os fatores de risco, destacam-se doenças crônicas como hipertensão, diabetes e obesidade, além de hábitos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo, dieta inadequada e tabagismo (LIVINGSTON et al., 2020). Por outro lado, a prática regular de atividades físicas, a manutenção de uma dieta equilibrada e a participação em atividades cognitivamente estimulantes podem contribuir para a preservação da função cognitiva.
A trajetória do envelhecimento cognitivo não é uniforme e pode variar significativamente entre os indivíduos. Em geral, a memória episódica e a velocidade de processamento são as funções cognitivas mais afetadas pelo envelhecimento. Já a memória semântica e o vocabulário tendem a permanecer estáveis ou até melhorar com a idade.
A presença de comprometimento cognitivo leve (CCL) é frequentemente um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e a demência. Indivíduos com CCL apresentam um declínio cognitivo mais acentuado do que o esperado para a idade, mas sem interferir significativamente nas atividades diárias (PETERSEN et al., 1999).
Estratégias de intervenção focadas na promoção da saúde cerebral são fundamentais para mitigar os efeitos do declínio cognitivo. Programas de estimulação cognitiva, exercícios físicos e intervenções nutricionais têm demonstrado eficácia na manutenção e até na melhoria das funções cognitivas em pessoas idosas. Além disso, a educação continuada e a participação em atividades sociais também desempenham um papel essencial na preservação da cognição ao longo da vida.
O declínio cognitivo é um aspecto inevitável do envelhecimento, mas sua trajetória pode ser influenciada por uma série de fatores modificáveis. A compreensão desses fatores e a implementação de estratégias de promoção da saúde podem contribuir significativamente para a qualidade de vida das pessoas idosas, sendo possível promover um envelhecimento saudável.
Referências
CULIG, Luka; CHU, Xixia; BOHR, Vilhelm A. Neurogenesis in aging and age-related neurodegenerative diseases. Ageing research reviews, v. 78, p. 101636, 2022.
LIVINGSTON, Gill et al. Dementia prevention, intervention, and care: 2020 report of the Lancet Commission. The lancet, v. 396, n. 10248, p. 413-446, 2020.
PETERSEN, Ronald C. et al. Mild cognitive impairment: clinical characterization and outcome. Archives of neurology, v. 56, n. 3, p. 303-308, 1999.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Bacharelado e do Programa de Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo, parceria científica do Instituto Supera de Educação.
Maria Antônia Antunes de Souza
Bacharel em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Foi bolsista de iniciação científica PUB do projeto: “Intervenções psicoeducativas para a COVID-19 aliada à estimulação cognitiva no programa USP 60 +”. Atualmente é colaboradora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP (GETCUSP), atuando na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração.
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6 comentários para "Como funciona o declínio cognitivo? Entenda a trajetória do envelhecimento cognitivo"
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Muito bom o texto gostaria de receber mais aconselhamentos . Apresento os fatores de risco hipertensão diabetes e sou aposentado com pouca interação social
Olá, José.
Tudo bem?
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Abraços.
Artigo bom, como de hábito repetitivo, mas bastante útil. Parabéns
ter uma vida ativa ao exercios fisicos, ter uma dieta adeguada,cuidar bem de sua saude e esta sempre bem comvc mesmos.
Como sempre muito interessante este assunto que faz com que continuemos com os grandes momentos do SUPERA. Tenho aproveitado muito todos os ensinamentos recebidos pela nossa monitora PAMELA, da unidade em BH/CIDADE NOVA. Mais uma vez muito obrigado por tudo.
Tenho 80 anos,sou médica, e estou em plena atividade,principalmente na area da saúde mental. Saliento a importância do cuidado com a saúde cognitiva,alimentando-a diariamente , para um envelhecimento mais saudável e menos traumatisante! Parabéns,Supera!!!