Existe relação entre o senso de propósito e o risco de demência?
Ter propósito e significado na vida podem proteger contra a demência? Leia o texto e descubra!
O senso de propósito e significado na vida tem sido associado a diversos benefícios para a saúde mental e física, especialmente na fase da velhice. Um desses benefícios está relacionado ao possível papel protetor contra o declínio cognitivo e demências, como a Doença de Alzheimer.
Propósito de vida é o sentimento de que a vida tem significado, direção e metas claras que orientam as ações e decisões de uma pessoa. Esse conceito está relacionado à percepção de que as experiências, conquistas e desafios ao longo da vida contribuem para um objetivo maior, que traz sentido à existência.
Uma análise de dados realizada em um estudo desenvolvido no Reino Unido e uma meta-análise que avaliou estudos publicados em diferentes países, revelou que pessoas que relataram ter um maior senso de propósito na vida apresentaram uma redução significativa no risco de desenvolver demência (Sutin et al., 2023).
Nesse mesmo contexto, uma revisão integrativa realizada por Ribeiro et al. (2020), destacou que o propósito de vida está fortemente relacionado com a redução do risco de doenças neurodegenerativas, incluindo doença de Alzheimer, doenças coronarianas e cerebrovasculares. O estudo observou que indivíduos com maior senso de propósito também apresentaram melhor regulação emocional e maior bem-estar subjetivo, fatores que contribuem para um envelhecimento saudável.
Outro estudo brasileiro recente, conduzido por Oliveira et al. (2024), também reforçou a conexão entre o propósito de vida e a saúde cognitiva em pessoas idosas. A pesquisa mostrou que um maior propósito de vida e maior escolaridade estavam associados ao melhor desempenho cognitivo, sugerindo que esses fatores podem reduzir o impacto de processos neurobiológicos relacionados ao envelhecimento.
Existem distintas explicações possíveis para a relação entre senso de propósito e menor risco de demência. Primeiramente, pessoas com um propósito mais forte tendem a adotar comportamentos de saúde mais positivos, como praticar atividades físicas, não fumar e participar de atividades sociais, que são fatores conhecidos por reduzir o risco de desenvolvimento de demências. Além disso, essas pessoas são mais propensas ao envolvimento em atividades cognitivamente estimulantes, o que contribui com a reserva cognitiva e neuroplasticidade. Além disso, a presença de propósito e significado na vida pode melhorar o bem-estar emocional e reduzir o estresse.
Tanto a pesquisa de Sutin et al. (2023), quanto de Ribeiro et al. (2020) e também Oliveira et al. (2024), reforçam a ideia de que o propósito na vida é um fator importante e potencialmente modificável para promover um envelhecimento cognitivo com melhor qualidade. Algumas estratégias como o voluntariado, prática de atividades que geram satisfação e a participação em grupos sociais, podem auxiliar no desenvolvimento, fortalecimento ou manutenção de propósito de vida e consequentemente na prevenção de demências.
Portanto, é fundamental adotar iniciativas que fortaleçam o propósito de vida das pessoas idosas, tanto na comunidade quanto no núcleo familiar e nas diversas interações sociais. Assim, além de promover cuidados com a saúde mental, essas práticas podem contribuir para a saúde cognitiva, auxiliando na manutenção da autonomia e independência da pessoa idosa, o que fortalece um envelhecimento ativo e saudável.
Referências:
OLIVEIRA, W. L. et al.. Higher purpose in life and education were associated with better cognition among older adults. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 82, n. 3, p. s00441779506, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1055/s-0044-1779506. Acesso em: 10 out. 2024
RIBEIRO, C. C.; YASSUDA, M. S.; NERI, A. L.. Propósito de vida em adultos e idosos: revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 6, p. 2127-2142, 2020. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/v25n6/1413-8123-csc-25-06-2127.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.
SUTIN, A. R. et al. Sense of meaning and purpose in life and risk of incident dementia: New data and meta-analysis. Archives of Gerontology and Geriatrics, v. 105, p. 104847, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.archger.2022.104847. Acesso em: 10 out. 2024.
Texto redigido por:
Profª Msc. Gabriela dos Santos – Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
Profª Drª Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH- USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
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