Será que o cérebro de pessoas corruptas é diferente em sua anatomia e ou funcionamento?

Publicado em: 23/08/2024 Por Supera

Os estudos das neurociências tem avançado significativamente nos últimos anos, oferecendo novas perspectivas sobre como o cérebro pode influenciar comportamentos éticos e antiéticos, como a corrupção. Pesquisas recentes têm explorado se existem diferenças anatômicas ou funcionais no cérebro de indivíduos envolvidos em práticas corruptas em comparação com aqueles que não se envolvem
nesses comportamentos.

O córtex pré-frontal é uma região do cérebro responsável pela regulação de funções executivas, incluindo a tomada de decisões, o controle de impulsos e a modulação do comportamento social. Uma pesquisa conduzida por Fan et al. (2020) demonstrou que indivíduos com menor atividade nessa região podem ter uma tendência maior a comportamentos impulsivos e antiéticos. O estudo utilizou imagens de ressonância magnética funcional (fMRI) para analisar a atividade cerebral e encontrou uma correlação entre a diminuição da atividade pré-frontal e a maior propensão a práticas antiéticas.

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A amígdala é uma estrutura cerebral de fundamental importância na regulação das emoções e na resposta a estímulos afetivos. Esta função é particularmente relevante no contexto do julgamento moral, dado que muitas decisões são fortemente influenciadas por respostas emocionais. Honk et al. (2022)
investigaram como as diferenças na estrutura e na função da amígdala podem influenciar o julgamento moral. O estudo mostrou que indivíduos com alterações na amígdala podem ter uma capacidade reduzida para reconhecer e responder a sinais emocionais relacionados à moralidade, o que pode influenciar decisões éticas.

Por outro lado, a conectividade funcional entre o córtex pré-frontal e a amígdala tem sido objeto de investigação para compreender melhor os mecanismos subjacentes ao comportamento ético. Uma pesquisa conduzida por Tonnaer et al. (2023) investigou essa conectividade funcional, analisando como a comunicação entre o córtex pré-frontal e a amígdala pode influenciar o comportamento ético.

Utilizando técnicas avançadas de neuroimagem, os pesquisadores avaliaram a conectividade entre essas regiões em indivíduos enquanto realizavam tarefas que envolviam decisões morais. Os resultados mostraram que uma conectividade reduzida entre o córtex pré-frontal e a amígdala estava associada a uma maior propensão para comportamentos antiéticos.

A interconexão dessas áreas pode explicar a flexibilidade e a diversidade das respostas morais humanas, refletindo a influência simultânea de fatores racionais e emocionais no julgamento moral. Essa visão integrada proporciona uma compreensão multifacetada da moralidade, enfatizando a importância das interações entre processos cognitivos e afetivos na formação de nossos comportamentos e decisões éticas.

Laydiane Alves Costa – Especialista em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), e membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo (GETEC). Assessora científica do projeto de pesquisa de validação do Método SUPERA.

Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva. Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera na condução de ensaios clínicos. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino
Cognitivo da Universidade de São Paulo.

Referências:

SEARA-CARDOSO, Ana. Chapter 8 – The “(a)moral brain”: When things go wrong. In: SWAAB, Hanna; MEYNEN, Gerben (Ed.). Handbook of Clinical Neurology. Volume 197. Elsevier, 2023. p. 107-117. ISBN 9780128213759. Disponível em: https://doi.org/10.1016/B978-0-12-821375-9.00008-6. Acesso em: 12 ago. 2024. FAN, Bonai; MAO, Wenhao; JIN, Jia; MA, Qingguo. Modulating activity in the dorsolateral prefrontal cortex alter corruption behavior: A transcranial direct current stimulation study. Behavioural Brain Research, v. 382, p. 112479, 2020. ISSN 0166- Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.bbr.2020.112479. Acesso em: 12 ago. 2024. VAN HONK, Jack et al. Quebra do julgamento moral utilitário após dano da amígdala basolateral. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 119, n. 31, p.e2119072119, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1073/pnas.2119072119.
Acesso em: 12 ago. 2024. TONNAER, Franca et al. Chapter 7 – Amygdala connectivity and aggression. In:
SWAAB, Hanna; MEYNEN, Gerben (Ed.). Handbook of Clinical Neurology. Volume Elsevier, 2023. p. 87-106. Disponível em: https://doi.org/10.1016/B978-0-12-821375-9.00002-5. Acesso em: 12 ago. 2024.

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