Sedentarismo cognitivo: o excesso de facilidades pode adormecer seu cérebro

Assim como o nosso corpo precisa de exercício físico para se manter ativo e saudável, o cérebro também necessita de estímulos para preservar suas habilidades cognitivas e prevenir o declínio cognitivo patológico, como nas demências. Estamos na era das inteligências artificiais (IA), um período marcado pelo aumento do uso das tecnologias, que nos auxiliam e simplificam diversas tarefas do dia a dia, como formular mensagens, responder perguntas e buscar ideias.
Mas será que delegar certas funções às IAs, pode nos prejudicar?
A resposta é sim. O termo “sedentarismo cognitivo” refere-se à redução do esforço mental e à ausência de estimulação cognitiva, um fenômeno que pode ser agravado pelo uso excessivo e pela dependência de telas, redes sociais, tecnologias e também das inteligências artificiais (IA). Esse padrão mantém o cérebro em um estado de passividade, ou seja, “preguiçoso” e pouco motivado a buscar atividades desafiadoras, como exercitar a criatividade, a originalidade e o pensamento crítico.
Um estudo realizado recentemente por Kosmyna e colaboradores (2025) nos Estados Unidos, analisou como o uso da IA ChatGPT influencia a linguagem em um contexto educacional voltado à escrita de redações. Ao todo, 54 pessoas foram divididas em dois grupos experimentais e um grupo controle.
Os participantes foram monitorados por meio de eletroencefalografia, com o objetivo de avaliar o engajamento cognitivo, a carga cognitiva e obter uma compreensão mais profunda das ativações neurais durante a tarefa. Os resultados indicaram que os indivíduos que utilizaram a IA para escrever suas redações apresentaram pior desempenho neural e linguístico, além de obterem pontuações mais baixas.
Esses dados nos levam a refletir que encarregar uma inteligência artificial da tarefa de transmitir as ideias que queremos expressar e confiar a ela nosso pensamento crítico pode trazer prejuízos reais. A falta de atividade cognitiva acelera o declínio das funções mentais com o avançar da idade, como descrevem Goméz-Soria et al. (2023).
Por outro lado, a estimulação cognitiva é uma estratégia muito benéfica para aprimorar o funcionamento de habilidades como atenção, linguagem, função executiva, memória, entre outras, em todas as fases da vida. Além disso, contribui para a construção da reserva cognitiva, uma espécie de “poupança” que protege o cérebro contra os impactos do envelhecimento e possíveis doenças.
Lembre-se: as IAs e outras tecnologias podem sim serem aliadas em nossa rotina, mas devemos sempre usá-las com cautela e manter o cérebro ativo por meio de práticas como a leitura, o aprendizado de um novo idioma ou conteúdo, jogos desafiadores como quebra-cabeças e sudoku, tocar um instrumento, atividades manuais e, principalmente, a escrita, pois é ela que molda nossa identidade e desenvolve a capacidade do cérebro de interpretar, criar e argumentar.
Referências:
- KOSMYNA, Nataliya et al. Your Brain on ChatGPT: Accumulation of Cognitive Debt when Using an AI Assistant for Essay Writing Task. arXiv preprint arXiv:2506.08872, 2025.
- GÓMEZ-SORIA, Isabel et al. Cognitive stimulation and cognitive results in older adults: A systematic review and meta-analysis. Archives of gerontology and geriatrics, v. 104, p. 104807, 2023.
- HAMDAN, Amer Cavalheiro et al. Reserva cognitiva e envelhecimento bem-sucedido: uma revisão integrativa da literatura. 2023.
Escrito por:
Sabrina Aparecida da Silva – Graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Bolsista do projeto de pesquisa intitulado “Mentes Ativas”, do programa USP60+. Atua como aluna de iniciação científica, com foco na relação entre bem-estar subjetivo e desempenho cognitivo de pessoas idosas saudáveis. Diretora científica da Liga de Gerontologia da EACH-USP. Também é membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP (GETCUSP).
Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
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