Perda de visão é um fator de risco para doença de Alzheimer na velhice

Publicado em: 30/08/2024 Por Supera

Um relatório, publicado pela conceituada revista The Lancet neste ano de 2024, destacou dois novos fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de demências, além dos 12 já estabelecidos anteriormente, que se referem a: baixa escolaridade, perda auditiva, hipertensão, tabagismo, obesidade, depressão, inatividade física, diabetes, consumo excessivo de álcool, lesão cerebral traumática, poluição do ar e isolamento social.

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O novo relatório acrescentou os fatores: perda de visão não tratada e níveis elevados de colesterol LDL. Isso significa que, ao minimizar esses fatores, consequentemente há redução da possibilidade de desenvolvimento de demências. A seguir, abordaremos de forma mais detalhada a relação entre a saúde ocular e a saúde do cérebro.

A associação entre saúde ocular e o desenvolvimento de demências, especialmente a Doença de Alzheimer (DA), tem se tornado um foco crescente de pesquisas. Evidências científicas apontam que a perda de visão pode atuar como um sinal precoce da DA, podendo surgir até 12 anos antes dos primeiros sintomas cognitivos. Essa conexão desperta a atenção tanto de pesquisadores e profissionais da saúde quanto da sociedade, trazendo à tona a importância de monitorar a saúde ocular, principalmente em pessoas idosas.


Pesquisas recentes reforçam que a saúde dos olhos não está isolada do bem-estar cognitivo. Uma revisão sistemática e meta-análise sobre a associação entre doenças oculares e demência mostrou que pessoas com condições como catarata e degeneração macular têm um risco aumentado de desenvolver demência.

A visão prejudicada, muitas vezes subestimada, pode indicar processos neurodegenerativos em curso, sinalizando o início de doenças como a DA. Estudos clínicos revelam que alterações na retina e em outras estruturas oculares podem ser marcadores para a detecção precoce da DA. A retina, por exemplo, compartilha características com o cérebro, como a presença de células nervosas sensíveis à degeneração. Essa semelhança sugere que os sinais da DA podem ser identificados por meio de exames oculares, fornecendo uma oportunidade para intervenções precoces.

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Além disso, há uma associação relevante entre a degeneração da retina e a atrofia do hipocampo, uma área cerebral afetada de maneira significativa em pessoas acometidas pela Doença de Alzheimer. Pesquisas em indivíduos com Comprometimento Cognitivo Leve e Alzheimer em estágio inicial indicam que a perda de volume no hipocampo está correlacionada com anormalidades visuais, reforçando a necessidade de considerar a saúde ocular como parte das estratégias de triagem e prevenção.

A saúde ocular deve ser vista como um componente essencial na manutenção da qualidade de vida ao longo do processo de envelhecimento e na fase da velhice. A prevenção e o tratamento de doenças oculares podem desempenhar um papel importante na redução do risco de demência.

Campanhas de conscientização e políticas públicas voltadas à saúde visual em pessoas idosas podem ajudar a detectar precocemente potenciais problemas cognitivos, proporcionando um cuidado integral que vai além das intervenções tradicionais para a Doença de Alzheimer.

A perda de visão, portanto, não deve ser encarada apenas como um efeito natural do envelhecimento, mas também como um alerta para a possibilidade de declínio cognitivo. A integração de exames oculares regulares com avaliações cognitivas pode permitir um monitoramento mais preciso e ações preventivas
eficazes. A conexão entre saúde ocular e a DA destaca a importância de um olhar holístico sobre o envelhecimento, onde aspectos biopsicossociais estão interligados, demandando uma atenção constante e multidisciplinar.


A preservação da saúde visual em todas as fases da vida, inclusive na velhice, vai além do cuidado com a visão, sendo um fator-chave para a prevenção de demências. Essa abordagem integrada é essencial para a detecção precoce e gestão de doenças neurodegenerativas, beneficiando tanto pessoas idosas quanto
seus cuidadores, além da sociedade como um todo.

Referências

ASHOK, Ajay et al. Retinal degeneration and Alzheimer’s disease: an evolving link. International journal of molecular sciences, v. 21, n. 19, p. 7290, 2020.

KUŹMA, E. et al. Visual impairment, eye diseases, and dementia risk: a systematic review and meta-analysis. Journal of Alzheimer’s Disease, v. 83, n. 3, p. 1073-1087, 2021.

Livingston, G. et al. Dementia prevention, intervention, and care: 2024 report of the Lancet standing Commission. The Lancet Commissions, v. 404, p. 572-628, 2024.

ZHAO, A. et al. Visual abnormalities associate with hippocampus in mild cognitive impairment and early Alzheimer’s disease. Front Aging Neurosci, v. 12, 2021.

Assinam este texto:

Profª Msc. Gabriela dos Santos – Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.

Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método
Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.

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