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Dia dos avós: a importância da convivência entre gerações

No dia 26 de julho comemoramos o Dia dos Avós, uma data simbólica que nos convida a refletir sobre a importância dos vínculos familiares, do convívio social e da intergeracionalidade ao longo da vida. Ela foi oficializada no século XX pelo papa Paulo VI, em homenagem a Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo. De acordo com a tradição cristã, o casal concebeu Maria de forma milagrosa, mesmo sendo considerado estéril. Ao longo da história, a celebração dedicada aos avós aconteceu em diferentes momentos, até ser fixada oficialmente nesta data.

Sejam eles maternos, paternos ou de “coração”, os avós ocupam um lugar importante na composição familiar, pois são eles que repassam valores e tradições construídos ao longo de décadas. Com a nova tendência demográfica do aumento de pessoas idosas em nossa sociedade, temos mais crianças, jovens e adultos convivendo com os avós. No contexto brasileiro, é comum que mulheres deixem os filhos com mães ou sogras para poderem trabalhar, o que reforça o papel ativo dos avós na educação, formação e no cuidado diário das novas gerações.

Pesquisas têm mostrado de forma consistente os benefícios das relações intergeracionais, especialmente entre avós e netos. O termo geração refere-se a grupos de pessoas nascidas em um intervalo aproximado de 15 a 20 anos, que compartilham referências históricas, culturais e sociais que influenciam valores e comportamentos. Compreender essas diferenças ajuda a promover relações mais empáticas, respeitosas e colaborativas entre pessoas de diferentes idades.

Sob a ótica da gerontologia, reconhece-se que a diversidade etária deve ser vista como um recurso social e cultural, e não como fator de exclusão ou conflito. Essa abordagem também contribui para o combate ao idadismo, que é o preconceito ou discriminação baseada na idade.

Um estudo realizado por Edmonds e colaboradores (2025) mostra como o vínculo afetuoso entre netos e avós gera senso de propósito, alegria e redução da solidão entre os mais velhos, além de estimular empatia, paciência e responsabilidade nos mais jovens. Outro estudo relevante, de Liao et al. (2021), investigou famílias chinesas e encontrou associações diretas entre laços intergeracionais fortes e maior satisfação com a vida e bem-estar psicológico, tanto em pessoas de meia-idade quanto em pessoas idosas. Essa convivência reforça a autoestima e promove uma maior sensação de pertencimento.

Neste Dia dos Avós, o convite é para que as famílias vão além de homenagens simbólicas e fortaleça a convivência de verdade:

• Reserve um tempo para ouvir histórias, compartilhar fotos antigas ou cozinhar juntos;
• Incentive avós e netos a aprender algo novo, como uma receita, um jogo ou até mexer nas redes sociais;
• Façam uma caminhada ou atividade física leve em conjunto, promovendo saúde e movimento;
• Organizem uma tarde de filmes ou músicas que marcaram diferentes gerações, trocando memórias e curiosidades;
• Criem juntos um álbum ou diário de família, registrando histórias, receitas e tradições.

Referências:

• LIAO, Shiming; et al. Intergenerational ties in context: Association between caring for grandchildren and cognitive function in middle-aged and older Chinese. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 1, p. 21, 2021.
• NALINI, J. R. As seis gerações que convivem no século XXI. Academia Paulista de Letras, [2020?]. Disponível em: https://www.academiapaulistadeletras.org.br/artigos.asp?materia=1190. Acesso em: 14 abr. 2025.
• EDMONDS, Leiha; OLSON, Elizabeth. ‘I care for my grandma because she’s one of my best friends’: intergenerational caregiving and the everyday geographies of aging in Palm Beach County, Florida. Health & Place, v. 93, p. 103464, 2025.

Escrito por:

Sabrina Aparecida da Silva – Graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Bolsista do projeto de pesquisa intitulado “Mentes Ativas”, do programa USP60+. Atua como aluna de iniciação científica, com foco na relação entre bem-estar subjetivo e desempenho cognitivo de pessoas idosas saudáveis. Diretora científica da Liga de Gerontologia da EACH-USP. Também é membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP (GETCUSP). sabrinaparecida123@usp.br  

Thais Bento Lima da Silva – Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH- USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Coordenadora de Grupos de Apoio para cuidadores da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera com a condução de ensaios clínicos. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo. E-mail: thaisbento@usp.br