Atividades para diminuir o risco do desenvolvimento da Doença de Alzheimer: o que diz a ciência?
Apesar do cérebro não ser um músculo, se não receber estímulos ele atrofia, e se for exercitado, se desenvolve e se potencializa. Quanto mais usamos o nosso cérebro, melhor ele funcionará e mais protegido ficará de doenças e da neurodegeneração.
Por isso, além da boa nutrição, dormir bem, praticar atividades físicas, fazer atividades de ginástica cerebral são muito importantes para a memória permanecer saudável durante o processo de envelhecimento normal.
A ciência destaca que dentre os benefícios da prática de atividades físicas, temos a produção de proteínas e de neurotransmissores que precisam de oxigênio para que aconteçam internamente algumas reações bioquímicas no nosso cérebro, atuando também na diminuição da pressão arterial, na diminuição de colesterol e triglicerídeos e na inibição de agregação de plaquetas, possibilitando assim um bom funcionamento cardiovascular e cerebral.
Uma das pesquisas que marcaram esta área foi o estudo realizado por Larson e sua equipe de colaboradores no ano de 2006, que envolveu um grupo de 1740 idosos saudáveis.
Neste estudo, um dos resultados indicou que a prática regular de exercício físico pelo menos três vezes por semana esteve associada à redução do risco de desenvolver demências, sendo um potente fator protetor contra o declínio cognitivo.
Posteriormente, um outro grupo de pesquisadores, liderado por Scarmeas, em estudo feito na cidade de Nova Iorque no ano de 2010, demonstraram que realizar atividades físicas pelo menos duas vezes por semana, reduz o risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, assim como promove uma maior expectativa de vida aos idosos que já apresentam o diagnóstico da doença.
De acordo com estudos científicos, sabe-se também que um outro fator de neuroproteção muito importante é a realização de exercícios intelectuais. Popularmente conhecidos como exercícios de ginástica cerebral, estes exercícios são indicados como estratégias para se praticar as ações estabelecidas pela OMS para a redução de risco de demências.
Ocorre também um processo chamado neurogênese, que é o nascimento neurônios. Ao nascerem estas novas células no cérebro – no caso os neurônios – o cérebro ficará mais resistente ao acúmulo de proteínas tóxicas que podem degenerar as suas células e estará mais protegido dos riscos do desenvolvimento de doenças neurológicas e degenerativas, como as doenças cerebrovasculares e as demências, sendo a mais conhecida a Doença de Alzheimer.
Confira abaixo alguns exercícios que auxiliam no processo de proteção cerebral:
- Jogos de atenção: os jogos dos sete erros, o caça palavras;
- Jogos de estratégias: o SUDOKU, o treino com o uso do ábaco (calculadora manual) e o Jogo da Velha;
- Jogos de estímulo à linguagem: as palavras cruzadas e o jogo da FORCA, aonde precisa-se descobrir as palavras que devem ser inseridas nos campos do desafio, a realização de leituras.
- O uso ativo da internet para fazer buscas de assuntos, assim como a realização de jogos digitais;
- Utilize estratégias desafiadoras para a sua mente, como a técnica de neuróbica, ou seja, fazer atividades cotidianas de um jeito diferente para sair da rotina;
- Inclua novos desafios: Uma dica importante é tentar sempre fazer coisas novas e estar em interação com outras pessoas, pois assim você oferecerá novos desafios para o cérebro, e permanecerá autônomo e independente por mais tempo durante seus anos de vida na velhice.
Sabe-se que a cabeça que vive dando brancos também pode sinalizar que podemos ternos esquecido de consumir alguns alimentos no prato. Afinal, um cérebro afiado também depende da dieta. Scarmeas em 2009, realizou um estudo longitudinal relatou que os idosos com adesão alta à uma dieta rica em vegetais, minerais e com a inserção de atividade física semanal, apresentaram uma redução de 40% no risco de desenvolver Doença de Alzheimer. Adicionalmente, estudos que avaliaram a ingestão dietética de nutrientes ricos em vitamina E, vitamina B12, folato e óleos de peixe documentaram efeitos neuroprotetores, ou seja, preveniu os indivíduos de declínio cognitivo.
Por fim destacamos, que hábitos de vida saudáveis, poderão proteger o cérebro de doenças neurodegenerativas, como o desenvolvimento da Doença de Alzheimer, por isso os cuidados com o cérebro, devem começar o mais cedo possível, para promover uma boa qualidade de vida durante a longevidade.
Literatura consultada:
Thais Bento Lima da Silva, Eva Bettine de Almeida e Tiago Ordonez. Alimentos que ajudam no cérebro. Publicado em site A Terceira Idade, disponível em: https://www.aterceiraidade.com/vivendo-com-saude/alimentos-que-ajudam-no-cerebro/, acessado em 23/09/2020.
Scarmeas, N; Luchsinger, JA;Brickman, AM;Cosentino, S;Schupf, N;Xin-Tang, M;Gu, Y,. Physical Activity and Alzheimer Disease Course. Am J Geriatr Psychiatry. 2010. Disponível
em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20808142>.Acesso em: 23 set. 2020.
Texto redigido por:
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e conselheira executiva da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e colunista do site do Método SUPERA.
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3 comentários para "Atividades para diminuir o risco do desenvolvimento da Doença de Alzheimer: o que diz a ciência?"
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