Nosso cérebro não é multitarefas. Com muitos estímulos – quase simultâneos –, vivemos em uma disputa constante por atenção, entenda.
Quem nunca viveu algum diálogo (ou monólogo?) com alguém que está usando o celular?
Se você nunca passou por esse momento entre escolher parar de falar e pedir atenção, ou seguir a prosa sabendo que em algum momento terá que repetir tudo… provavelmente você é a pessoa que está usando o celular!
Multitarefas ou “multitasking”
Com um mundo mais acelerado e competitivo, a palavra multitarefas muitas vezes é associada a algo positivo, em alguns casos até como uma qualidade de um candidato a uma vaga de emprego por exemplo.
Mas, de acordo com a neurociência, cérebro humano não é multitarefas!
Mesmo sendo adaptável e plástico, não é função da plasticidade neuronal sobrecarregar as áreas com processamentos simultâneos.
A neurocientista do SUPERA, Livia Ciacci, explica que o cérebro não deve ser imaginado como um monte de caixinhas, onde dentro de cada uma tem uma tarefa, ele é mais parecido com um grande salão de dança.
“As áreas cerebrais não trabalham isoladamente, uma por vez; elas se comunicam incansavelmente para alcançar um objetivo – e dançam uma coreografia maravilhosa, porém, um ritmo de cada vez! Já tentou dançar samba e funk ao mesmo tempo? É disso que estamos falando”, detalhou.
Um cérebro multitarefas e com muitas abas abertas
Para responder o WhatsApp e participar da conversa ao mesmo tempo, o cérebro precisaria usar a mesma infraestrutura neuronal nas ações, o que é fisiologicamente impossível.
O mesmo vale para participar de uma reunião e responder e-mails, ler um livro e ouvir a televisão, ler um artigo científico no bar e outras tantas situações cotidianas.
Imagine seu cérebro sendo o salão de dança e você tem dois grupos que precisam ensaiar, um de jazz e um de samba.
Os dois até podem dançar ao mesmo tempo, mas o foco dividido nas duas músicas fará com que o desempenho seja mais baixo nos dois grupos.
Esse é o caso de atividades gerenciadas pelo córtex pré-frontal, que exigem atenção e raciocínio.
“O único jeito de ser multitarefa e não perder qualidade é se uma das tarefas for realizada no ‘piloto automático’ do cérebro. É o caso de tarefas repetitivas e motoras que não exigem atenção e já foram aprendidas – como andar de bicicleta e conversar por exemplo”, detalhou a especialista.
Um cérebro multitarefas?
“Mas e se eu conseguir alternar o foco entre as tarefas?”
Segundo a especialista, outra ilusão.
Constantes e rápidas alternâncias de foco nos deixam emocionalmente agitados e ansiosos.
A ansiedade (velha conhecida) aumenta a liberação de cortisol e adrenalina, que voltam ao cérebro e tumultuam nossos pensamentos – vira um ciclo vicioso!
No final do dia, você está mentalmente exausto, e a lista de tarefas continua grande porque você perdeu eficiência!
A grande verdade é que quando duas tarefas precisam do mecanismo neurológico ao mesmo tempo, uma ou ambas as tarefas levarão mais tempo ou perderão qualidade.
Como resolver isso?
A neurocientista do SUPERA, Livia Ciacci, dá duas dicas para abandonar o vício de fazer muita coisa ao mesmo tempo, confira:
- Use o seu córtex frontal para moldar um ritmo de trabalho e estudo que respeite e favoreça o máximo do potencial mental;
- Deixe o celular longe do campo de visão e controle o impulso de abrir mil abas no navegador é um bom começo!