O que o poder público pode fazer pela Doença de Alzheimer?
O número de casos de demência no Brasil, especialmente da Doença de Alzheimer, está em constante crescimento. Estima-se que, até 2050, cerca de 5,5 milhões de brasileiros possam ser diagnosticados com algum tipo de demência, conforme aponta o Relatório Nacional sobre a Demência, publicado pelo Ministério da Saúde recentemente. Esse aumento se relaciona com o envelhecimento populacional e exige atenção das políticas de saúde pública, que devem focar na prevenção, diagnóstico precoce e suporte a pacientes e familiares.
No Brasil, as taxas de subdiagnóstico de demência são elevadas, chegando a 77% em determinadas áreas, segundo dados do Ministério da Saúde. Esse problema demanda a capacitação contínua dos profissionais de saúde, especialmente os da atenção primária, para que possam identificar sinais iniciais de demência. Nesse sentido, investir na formação e atualização desses profissionais e ampliar o acesso a avaliações especializadas são ações essenciais para que mais pessoas possam ser diagnosticadas precocemente.
Além disso, o desenvolvimento de protocolos nacionais para diagnóstico e tratamento da demência pode padronizar o atendimento e facilitar o acesso aos serviços especializados para as pessoas que precisam. Cabe destacar a necessidade da atenção primária à saúde ser fortalecida e equipada para identificar e encaminhar casos de suspeita de demência, proporcionando aos pacientes um acompanhamento mais adequado e evitando a progressão não tratada da doença.
Você sabia que cerca de 40% dos casos de demência podem estar relacionados a fatores de risco modificáveis?
É o que enfatiza o Prof. Dr. Júlio César Moriguti em entrevista concedida ao Jornal da USP. Sedentarismo, hipertensão, diabetes e baixa escolaridade são alguns exemplos.
No entanto, esses fatores variam de acordo com as regiões do país, refletindo diferenças socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde. Estratégias de promoção da saúde e prevenção da demência devem, portanto, ser sensíveis às particularidades regionais e atender às diferentes realidades da população brasileira.
Políticas públicas que incentivem o envelhecimento ativo devem promover a prática de atividades físicas, o controle de doenças crônicas, o combate ao tabagismo e o consumo excessivo de álcool, além de fomentar o engajamento em atividades cognitivas e sociais.
Ações integradas com campanhas de conscientização também podem contribuir significativamente para a redução da incidência de demência no país, mostrando à população os benefícios de um estilo de vida ativo e saudável.
Além dos sintomas e demais dificuldades enfrentadas pelas pessoas diagnosticadas com DA e seus familiares, o estigma em torno da demência no Brasil também é um desafio, que interfere tanto no diagnóstico quanto na aceitação do tratamento por pacientes e familiares.
Deste modo, é fundamental que campanhas educativas ajudem a população a compreender que a demência não é uma consequência inevitável do envelhecimento e que existem formas de manejo.
Iniciativas de inclusão e suporte para as famílias são igualmente importantes, considerando que grande parte do cuidado é realizado por parentes próximos. Políticas públicas que incentivem a formação de redes de apoio, grupos de suporte e até mesmo assistência financeira podem aliviar a sobrecarga das famílias e proporcionar uma qualidade de vida melhor a todas as pessoas envolvidas.
No Brasil, ainda há uma escassez de dados epidemiológicos abrangentes sobre a prevalência e incidência de demência, especialmente em regiões fora do Sudeste. Por esse motivo é fundamental que o governo invista em estudos nacionais e regionais que ajudem a entender o impacto da demência em diferentes contextos.
Dados consistentes são essenciais para a elaboração de políticas públicas que atendam as necessidades locais e para avaliar a efetividade das intervenções implementadas. Além disso, apoiar pesquisas que busquem novas abordagens terapêuticas e fomas de prevenção pode proporcionar melhores alternativas de tratamento no futuro.
Os dados atuais e as projeções nos mostram que o Brasil enfrenta um momento decisivo para a atuação no combate à demência. Considerando as estimativas de aumento expressivo dos casos de Doença de Alzheimer e outras demências, é essencial que o país adote políticas públicas abrangentes e adaptadas às necessidades regionais.
Construir uma rede de apoio, incluindo desde a prevenção até o cuidado integral e o suporte familiar, é fundamental para melhorar a qualidade de vida das pessoas acometidas e familiares, além de reduzir o impacto socioeconômico da demência no país.
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Texto redigido por:
Profª Msc. Gabriela dos Santos – Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
Profª Drª Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH- USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Gestão do Cuidado Integral. Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_nacional_demencia_brasil.pdf. Acesso em: 14 nov. 2024. CANDIOTO, A. Relatório nacional projeta mais de 5 milhões de casos de demência no Brasil até 2050. Jornal da USP, Ribeirão Preto, 12 out. 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/relatorio-nacional-projeta- mais-de-5-milhoes-de casos-de-demencia-no-brasil-ate 2050/#:~:text=Segundo%20ele%2C%20%E2%80%9Cem%202024%2C,crescimento
%20dos%20casos%20de%20dem%C3%AAncia%E2%80%9D. Acesso em: 14 nov.
2024.
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