Você quer manter a mente afiada no envelhecimento? Para atingir esse objetivo, precisamos saber como promover a neuroplasticidade e neurogênese no cérebro.
Conforme envelhecemos, é comum a sensação de que as habilidades cognitivas mudem, tornando-nos mais lentos e menos aptos para aprender novos conhecimentos. No entanto, os últimos avanços nas neurociências desafiam essa percepção, revelando um potencial surpreendente para a preservação e até mesmo o aprimoramento das funções cerebrais no envelhecimento.
O renomado neurocientista Ramón y Cajal, em suas pesquisas pioneiras desde 1928, já indicava que o cérebro é um sistema dinâmico, constantemente sujeito a mudanças estruturais e conexões neurais, especialmente quando estimulado. Descobertas mais recentes confirmam sua visão, evidenciando a
capacidade de geração de novos neurônios ao longo da vida adulta, um fenômeno conhecido como neurogênese.
A base desse processo reside na neuroplasticidade, a habilidade do cérebro de se adaptar e reorganizar em resposta a estímulos internos e externos. Diversas pesquisas mostram que intervenções cognitivas, como treinamento mental e estimulação cognitiva, podem não só preservar, mas também melhorar o desempenho cognitivo em pessoas idosas.
Estudos comprovam os benefícios dessas intervenções através de testes de desempenho cognitivo e neuroimagem funcional, que revelam as áreas cerebrais estimuladas e modificadas durante os programas de treinamento. Alguns experimentos mostram que esses benefícios perduram mesmo anos após o término das intervenções.
A descoberta da neurogênese em adultos, antes considerada limitada ao desenvolvimento fetal e neonatal, abre novas perspectivas. Novos neurônios, especialmente no hipocampo, uma região vital para a memória, são capazes de influenciar positivamente processos de aprendizado e formação de memórias, promovendo a associação de estímulos no espaço e no tempo.
Esse fenômeno é muito relevante para a manutenção da memória episódica, semântica e espacial, essenciais para a orientação eficaz no mundo ao nosso redor. Além disso, a neurogênese oferece novas possibilidades terapêuticas, incluindo modulação farmacológica e não-farmacológica, como exercícios físicos e treinamento cognitivo, para tratar doenças mentais e neurodegenerativas.
Assinam este texto:
Diana dos Santos Bacelar: Bacharel em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de letramento digital.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva: Docente do curso de Bacharelado e Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica e do Método Supera.