Após o isolamento social provocado pela pandemia da COVID-19 muitas pessoas discutem sobre a saúde mental. Conforme citado na matéria do Jornal da Universidade Estadual Paulista UNESP (2023) pela psicóloga Juliene de Cassia Leiva houve um aumento de números de casos de transtornos mentais como depressão e ansiedade no pós-pandemia.
De acordo com informações da Secretaria da Saúde do Paraná (s.d.), compreender a saúde mental implica em diversos aspectos, como a capacidade de lidar com emoções positivas e negativas, enfrentar os desafios cotidianos, encontrar satisfação consigo mesmo e com os outros, aceitar as limitações próprias e procurar ajuda quando necessário.
É comum que muitas pessoas acabem associem erroneamente saúde mental apenas a condições de doenças mentais, conforme indicado pela Secretaria da Saúde do Paraná. Nesse contexto, destaco a importância de promover uma discussão mais aprofundada sobre esse tema no nosso dia a dia, especialmente porque demanda atenção e ação dos governantes, especialmente no mês dedicado à conscientização desse aspecto relevante da saúde pública.
Campanha Janeiro Branco: o que é?
A campanha do Janeiro Branco foi criada em 2014 pelo psicólogo Leonardo Abrahão para incentivar a discussão sobre a importância da saúde mental nos meios sociais (Unicamp, 2023). As estatísticas revelam uma realidade impactante: a cada 100 indivíduos, pelo menos 30 enfrentarão ou já enfrentam algum transtorno mental. O desafio torna-se ainda mais significativo diante da constatação de que não existem profissionais e serviços em quantidade suficiente para atender a essa crescente demanda, conforme evidenciado em um documento da Organização Mundial da Saúde citado na matéria (TJDFT, 2020). Esses números ressaltam a urgência de ampliar os esforços coletivos para promover a conscientização, reduzir o estigma associado à saúde mental e buscar soluções mais abrangentes que atendam às necessidades em constante evolução da população.
Fonte: Brasil, 2022.
Conforme dados disponíveis no site do Governo Federal (2022), a campanha Janeiro Branco foi lançada oficialmente no primeiro mês do ano, considerando a propensão das pessoas para reflexões abrangentes sobre suas vidas, englobando áreas como relações sociais, emoções, sentimentos e existência como uma pendência.
Embora a campanha esteja em andamento desde 2014, somente em 2023 a legislação foi sancionada, consolidando o Janeiro Branco como um mês dedicado à promoção da saúde mental. Em uma notícia do Senado Federal (2023), o senador Veneziano Vital do Rêgo destaca a posição preocupante do Brasil como o país mais ansioso do mundo e o quinto em relação à depressão (Senado Federal, 2023). Essas informações ressaltam a relevância de iniciativas como o Janeiro Branco para a conscientização e a promoção do bem-estar psicológico em nossa sociedade.
Segundo o Senado Federal (2023), a Lei 14.556, publicada no Diário Oficial em 26 de abril de 2023, destaca a recente atenção à saúde mental na sociedade brasileira. A partir de 2024, todos os meses de janeiro serão marcados por campanhas voltadas à saúde mental, com abordagem no fomento de hábitos de vida saudáveis e na criação de ambientes propícios para tal condição (Senado Federal, 2023).
Prevenção
A Secretaria de Saúde do Ceará (2023) fornece orientações para a prevenção de transtornos psiquiátricos, como:
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Assegurar uma boa qualidade de sono;
- Envolva-se em atividades de estimulação cognitiva;
- Reservar tempo para o lazer;
- Buscar aprender algo novo com frequência;
- Definir objetivos significativos na vida;
- Nutrir e cultivar relações familiares saudáveis;
- Praticar o autoconhecimento;
- Dedicar tempo para interações sociais com amigos.
A interdependência entre hábitos de vida e a preservação da saúde física e mental emerge como um ponto crucial ao abordar o envelhecimento saudável. Em resumo, todos os elementos associados a esses hábitos influenciam um papel fundamental, contribuindo para o bem-estar. A perspectiva holística regular destaca que a saúde vai além da simples ausência de doença, isto é, constitui uma condição que requer um equilíbrio entre diversas dimensões do ciclo de vida.
A ênfase na capacidade funcional, intrinsecamente ligada ao envelhecimento saudável, destaca a importância de fatores internos frequentemente subestimados. A habilidade de manter uma vida independente e participativa nas atividades diárias, tanto individual quanto coletivamente, está vinculada a esses elementos internos e podem influenciar na autopercepção da saúde.
Assim, adotar práticas de vida saudáveis não é apenas uma abordagem preventiva, mas uma estratégia proativa para sustentar a qualidade de vida. Logo, reconhecer a complexidade da relação entre saúde física e mental é crucial para desenvolver ações estratégicas que não busquem apenas prolongar a vida, mas também garantir que cada fase seja vivida com plenitude, autonomia e bem-estar.
Em suma, todos os aspectos relacionados aos hábitos de vida são importantes para manter a saúde física e mental. Se pensarmos que o envelhecimento saudável está relacionado a capacidade funcional, o aspecto intrínseco também interfere nas condições de atividades da vida diária individual e coletiva.
Ana Paula Bagli Moreira – Bacharel em Gerontologia pela Universidade de São Paulo. Defendeu em 2019 seu Trabalho de Conclusão de Curso com o título: Análise da efetividade do Programa Envelhecimento Ativo do Hospital da Universidade de São Paulo. Pós-graduanda no Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
Laydiane Alves Costa – Bacharel em Gerontologia pela Universidade de São Paulo. Defendeu em 2019 seu Trabalho de Conclusão de Curso com o título: Fatores de risco para o desenvolvimento de demências: reflexão sobre indicadores sociais e de saúde dos presídios do estado de São Paulo na ótica gerontológica. Membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Bacharelado e do Programa de Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo (GETCUSP). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo, parceria científica do Instituto Supera de Educação.