Dr. Leandro Minozzo: Políticas de prevenção e tratamento de demências

Na entrevista de hoje, o doutor Leandro Minozzo, médico geriatra responsável pela criação do Plano Nacional de Demência, conversou com a diretora pedagógica do Supera, Patrícia Lessa, sobre as políticas de prevenção e tratamento de demências.
Supera – Olá, sou Patrícia Lessa, diretora pedagógica do Supera e hoje, aqui no Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, estamos com o doutor Leandro Minozzo, médico geriatra e idealizador do Plano Nacional de Demência. Muito obrigada por ter a disposição de falar com a gente.
Dr. Leandro – Eu que agradeço o convite.
Supera – O senhor influencia governos, federal, estadual, municípios, em relação às políticas públicas na prevenção e tratamento da demência. Como é que está o Brasil em relação ao Plano Nacional de Cuidado e Prevenção das Pessoas com Demência?
Dr. Leandro – Bom, a gente conseguiu, ano passado, uma grande conquista. Foi a sanção, depois de cinco anos de tramitação e de muita luta, da sanção da Lei Nacional de Cuidado Integral de Alzheimer e de outras demências.
E essa é uma lei muito bacana, porque ela fala do tratamento das pessoas, da atenção para os familiares e também fala em prevenção, em estimular a sociedade para que os casos de demência acabem sendo reduzidos no futuro. Isso é um ponto bem importante. A lei foi sancionada em julho do ano passado e agora está no processo de pressionar o Ministério da Saúde para que ele coloque em prática o Plano Nacional de Demência.
Supera – Muito bacana, muito bacana. A minha mãe, ela tem uma demência. Ela foi diagnosticada dez anos atrás. Então, desde então, a gente vem acompanhando muitas informações. E no ano passado eu tive a oportunidade de ouvir você falando sobre isso. A educação tem sido apresentada por pesquisadores como sendo um importante fator de risco para a demência. Por que ela contribui tanto para o envelhecimento ativo e principalmente para a saúde do cérebro das pessoas idosas e daquelas que já estão no processo de envelhecimento?
Dr. Leandro – Bom, no Brasil, a baixa escolaridade é o principal fator de risco para desenvolvimento de demências. Isso é algo muito impactante. Depois, nós temos outras questões sociais, pressão alta, cardiopatias.
Mas no Brasil, o que mais leva as pessoas a ter um quadro demencial, o fator de risco mais importante é a baixa escolaridade. Aqueles anos que a gente deixou de ser educado, lá na infância, na adolescência, repercutem na vida madura com uma menor reserva cognitiva, que é o que a gente chama de nossa poupança intelectual. Quando a gente quer prevenir Alzheimer e outros tipos de demência, é importantíssimo que a gente olhe o que? A saúde como um todo, aspectos nutricionais, exercícios físicos, mas também estimular essa reserva cognitiva.
E a educação vem com essa capacidade. A educação vai treinar novas habilidades mentais, além de promover sentido na vida. Como a gente vem comentando, o idoso, quando ele sai de casa, às vezes, numa situação de muita monotonia, de rotina, de pouco estímulo, e ele se dispõe a aprender de novo, ter contato com outros colegas, com professor, a se desafiar, a educação consegue, sim, agir na cognição, mas acho que até mais que isso. Ela age espiritualmente na vida das pessoas. Por isso que eu indico para todos os pacientes que eles busquem aprender alguma coisa, principalmente, a partir dos 50 anos.
Supera – Como você percebe a metodologia que é utilizada no Supera no que diz respeito a essas questões sobre educação que você acabou de mencionar?
Dr. Leandro – Bom, o Supera tem um método organizado de estímulo – acho isso bem importante – que promove o encontro das pessoas, a socialização. Atualmente, a gente tem um desafio muito grande que é o uso de tecnologia pelos idosos. Não que isso seja ruim, pois existe inclusive aplicativo que estimula a mente, as pessoas podem contatar com outras, organizar reuniões, etc. Porém, eu fico com o pé atrás.
A gente fala muito dos adolescentes e crianças, mas tem toda uma geração de pessoas, 50 +, que estão usando a tecnologia de uma maneira errada. O Supera ajuda a quebrar um pouco essa vida também no modo online das pessoas, então, acho isso bem importante.
O método organizado, atividades já testadas, atividades lúdicas, um ar de seriedade, como sendo uma escola, e a possibilidade de vida social, acho que sim, é muito bom para o idoso, que é um estímulo não só para as funções cognitivas, mas também para a vida dele. Tem um conceito importante que eu gosto de falar nas palestras para promover saúde mental e envelhecimento saudável, que vem da psicologia do envelhecimento, que é chamado senso de autoeficácia. Quando o idoso acha que não consegue fazer as coisas, ele tende a se limitar.
É aquele idoso que muitas vezes a gente pensa por que a senhora não vai fazer uma excursão para um água termal, ou por que não vai no Pilates, ou por que não vai no grupo do SESC, por exemplo? Essa pessoa muitas vezes não acredita mais nela mesma. Quando ela começa aos poucos a ter contato com outras pessoas que têm esse senso de autoeficácia aumentado, ela começa a acreditar em si mesma. Por isso que vocês verificam isso com o Supera. As pessoas que começam o Supera não querem parar, porque elas vão começando a resgatar essa autoestima que a gente chama de autoeficácia e querem mais coisas. Isso o ensino presencial possibilita.
Às vezes o online não tanto. Por isso que eu acho que a metodologia de vocês é excelente.
Supera – Sim, isso tem tudo a ver. Hoje, uma fonoaudióloga me procurou e falou o seguinte, eu gostaria de entender por que os meus pacientes que fazem Supera, o tratamento deles dá muito mais certo. Eles têm muito menos resistência. Acho que tem muito a ver com isso…
Dr. Leandro – Saúde é uma questão global. Não é exame, não é só assim. Saúde é a pessoa como um todo. Quando você se bota na condição de aprendiz e quer melhorar, você melhora como pessoa. Então, a metodologia de vocês encaixa todos esses aspectos. Muito bacana.
Supera – Bem, o senhor atua na região sul do país. Quais são os principais desafios regionais em relação à saúde geral da pessoa idosa? Em especial a saúde do cérebro?
Dr. Leandro – A gente tem disparidades no Brasil como um todo, na região norte, nordeste, com indicadores muito piores de longevidade do que é comparado com a região sul ou com o Distrito Federal e com o sudeste. Então o Brasil é muito amplo e muito desigual.
Mas quando a gente olha nas próprias cidades, a gente tem muita desigualdade também. Os estudos feitos em São Paulo são muito interessantes que mostram, por exemplo, a expectativa de vida de quem mora na Zona Leste, ela é muito menor do que quem mora na Zona Central, Jardins e Moema, por exemplo. Ou seja, dentro das próprias cidades, a gente também tem dificuldades.
Quando a gente fala em política pública, quando a gente fala em cuidado de idoso, a gente tem que ter esse cuidado, essa empatia de saber que nem todo mundo tem capacidade de chegar aos 70 anos bem e apto ao trabalho. Nem todo mundo envelheceu da mesma maneira. Então o principal recado disso é ter um pouco de empatia para entender essas desigualdades no envelhecimento.
Supera – Eu gostaria de deixar um recado final sobre essa questão do envelhecimento saudável e do que é importante se saber para ter uma vida com longevidade, qualidade de vida, estilo de vida.
Dr. Leandro – Bom, eu podia fazer uma frase, uma fala mais simples de alguma outra receita, mas também vou pegar alguma coisa das minhas palestras. Tem uns estudos que me assustam muito.
Eles tentam ver quantos por cento das pessoas chegam aos 75 anos com envelhecimento saudável, do envelhecimento que todo mundo queria ter. E um estudo feito na Finlândia, publicado ano passado, mostrou que só 25% dos finlandeses conseguem chegar aos 75 anos muito bem. Eu trago isso como um alerta.
Por quê? Porque às vezes a gente está se enganando quando passa dos 60 anos e vai chegar bem aos 90, vai viver até os 100 anos ou até os 110. Esses casos de idosos super longevos, às ,causam uma falsa expectativa nas pessoas. O recado principal é esse.
A gente vai envelhecer, só que é uma parcela pequena que vai envelhecer bem. Então qual é o recado final disso? A gente precisa se esforçar para envelhecer bem. Não é para depois, é para começar a se esforçar já agora.
Supera – Obrigada. Muito obrigada pelas suas palestras. E todas essas informações que, com certeza, são muito importantes, não só para os alunos do Supera como também para a população em geral.
Dr. Leandro – Eu que agradeço de novo.
Para assistir a entrevista, clique aqui.
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