Sempre que pensamos em disciplina nos vem à mente o conceito pejorativo do termo, relacionado à submissão e obediência. Isso ocorre em função das concepções culturais e sociais do contexto no qual vivemos e nos constituímos. Nesse momento, convido você a pensar sobre outra perspectiva.
O conceito “disciplina”, se pensado enquanto “autodisciplina”, é uma excelente ferramenta de desenvolvimento pessoal, pois aprimora a consciência de nós mesmos e de nossos objetivos; o foco e a persistência nas ações que nos impulsionam a alcançá-los. Portanto, algo extremamente positivo e necessário para nossa saúde mental e física.
Para construir autodisciplina precisamos, primeiramente, aperfeiçoar nosso autoconhecimento. É imprescindível que nos conheçamos, que olhemos de frente para nossas potencialidades e limites e, a partir daí, descortinemos nossos objetivos, traçando ações consistentes e coerentes com os enfrentamentos e desafios diários. Nossa vida é constituída de desafios. Olhar para eles como instrumentos imprescindíveis ao nosso crescimento e amadurecimento é o primeiro passo para crescermos.
2014Esse olhar é essencial, mas sozinho não nos levará longe. Para alcançarmos nossos objetivos em relação a uma vida de qualidade, com saúde mental e física, devemos conciliar a autodisciplina a duas posturas importantíssimas: decisão e atitude. Decisão para priorizar e delinear as melhores ações de acordo com nossos objetivos. Atitude para que tais decisões não fiquem no mundo das ideias e tomem forma. Assim, de fato, conseguiremos agir e transformar.
Na medida em que nos colocamos na condição de autores, sujeitos de nossa própria história, assumimos responsabilidades. É fato que somos seres sociais e, portanto, nos constituímos nas interações estabelecidas com os outros sujeitos. Contudo, para interagir, precisamos de uma identidade fortalecida. Perceba que são interações, via de mão dupla que envolve as inteligências intra e interpessoal. Nelas aprimoramos nossas relações conosco mesmos e com os outros.
Então, liguemos esses fios à trama inicial do texto: o autoconhecimento é construído ao longo de nossas vidas e seu aprimoramento depende de nossa autodisciplina. Com ela, conseguimos de fato conquistar mudanças. Controle mental e foco no alcance de nossos objetivos é autodisciplina. Com ela não desviamos de nossos propósitos e valores e fortalecemos a autoconfiança, imprescindível aos enfrentamentos do dia-a-dia.
O cérebro pode ser nosso maior amigo, mas também pode ser nosso maior inimigo. Se o alimentamos com ideias positivas, autoconhecimento e autoconfiança, ele direcionará nossas ações nessa perspectiva. Se, ao contrário, nossos alimentos são o pessimismo e o sedentarismo físico e mental, estamos com problemas e devemos resolvê-los o quanto antes.
Agora, convido você a realizar o seguinte exercício: olhe-se atentamente, com carinho. Observe suas potencialidades, suas fragilidades, seus sonhos, projetos, medos, seguranças… Em seguida, pergunte para si mesmo: o que mais me agrada nessa pessoa? O que não me agrada? Gosto do que vejo? Por quê?
A partir daí, tome decisões. Aprimore o que gostou de ver. Trace caminhos para trilhar em busca da realização de seus projetos, passo a passo. Olhe de frente para o que não gostou de ver e tome atitudes de superação. O fato de você fingir que o problema não existe não o desfaz; ao contrário, ele pode crescer e se fortalecer ao ser negado.
Portanto, saúde mental e qualidade de vida exigem decisão e atitude com autodisciplina, que nos permite ser fortes e focados nas ações para superação. Crescer exige assumir-se, gostar de si e transformar-se. Crescer exige autodisciplina.