Trabalho pode adiar envelhecimento cerebral
A relação entre o trabalho e as funções cognitivas foi tema de um estudo publicado em novembro de 2014 pela renomada revista Neurology. O objetivo era avaliar o desempenho cerebral nas profissões mais e menos complexas.
Realizado por um grupo de cientistas da Universidade Edimburgo, na Escócia, o estudo identificou que as profissões mais complexas aumentam as conexões neurais, ou seja, funcionam como ginástica cerebral, preparando a mente para uma jornada mais ativa e lúcida, inclusive na melhor idade.
Assistentes sociais, arquitetos, designers gráficos, advogados, médicos cirurgiões e alguns cargos do Ministério Público estariam entre as profissões que mais estimulam o cérebro.
Ao mesmo tempo, a pesquisa mostrou que os trabalhos menos desafiadores intelectualmente, caracterizados pela rotina mecanizada, contribuem em proporção menor para a atividade cerebral.
A tese não parecia ser difícil de comprovar. Mas para ter certeza, os cientistas aplicaram testes de memória, velocidade de raciocínio e outras capacidades cognitivas em mais de 1.066 voluntários, todos nascidos por volta de 1936 e, em sua maioria, aposentados.
Os resultados mostraram que os voluntários que trabalharam com análise e sintetização de dados, como engenheiros e arquitetos, apresentaram performance superior nos testes de habilidades cognitivas, em que tiveram de completar jogos com padrões numéricos.
A avaliação final para as profissões relacionadas às ciências humanas, como advocacia e trabalhos exercidos no Ministério Público (promotores e magistrados) as quais desenvolvem tarefas complexas, tais como negociação e instrução, foi semelhante ao primeiro caso.
O terceiro grupo, que realizou trabalhos menos complexos, apresentou resultados insatisfatórios. De acordo com os cientistas, pessoas que passaram mais tempo seguindo instruções deixaram de exercitar uma parte do cérebro.
A pesquisa não deixou claro como funcionam os mecanismos desencadeados pelo impacto dos trabalhos complexos na mente. Mas a hipótese de que a neuroplasticidade seja responsável por adiar o envelhecimento cerebral faz parte das teorias científicas que englobam o estudo.
Uma nova ciência da mente
A ciência reúne estudos de alguns anos sobre os mecanismos neurais responsáveis pela formação da memória e, inclusive, sobre a capacidade de aprimorar as habilidades cognitivas como o raciocínio, atenção e concentração.
Algumas técnicas foram descobertas e aprimoradas a fim de estimular o cérebro e, consequentemente, promover a saúde mental.
Uma delas é a ginástica cerebral, prática que engloba exercícios responsáveis pelo aumento da produção de neurotrofinas, espécie de nutrientes do cérebro, que aumentam a quantidade e qualidade das sinapses, incrementando a capacidade de processamento do cérebro e produzindo benefícios de curto e longo prazo.
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Por Bárbara Rocha
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