A ansiedade é um transtorno da mente que pode acometer pessoas de todas as idades. Inclusive, podemos perceber hoje uma incidência muito maior de quadros de ansiedade infantil do que percebíamos há algum tempo.
Esse tipo de problema é ainda mais prejudicial nessa etapa da vida, quando os seres humanos estão passando pela transição entre a infância e a adolescência.
Segundo estudo da Faculdade de Medicina da USP, por exemplo, 36% das crianças e jovens brasileiros entre 5 a 17 anos enfrentou quadro de ansiedade ou depressão durante a pandemia, com necessidade de tratamento.
É claro que, diante dessa situação, é necessário entender como realizar uma interferência eficiente e cuidar de crianças ansiosas. Por isso, reunimos para você orientações importantes sobre esse assunto. Acompanhe!
O que caracteriza a ansiedade infantil?
De modo mais simples, a ansiedade é aquela sensação relacionada a uma espécie de angústia por algo que ainda não aconteceu.
Ela geralmente está associada ao excesso de expectativa sobre o que está por vir, mas de uma maneira tão intensa que pode causar extremo desconforto mental e até mesmo sintomas físicos.
Bastante conhecida entre os adultos, a ansiedade também pode afetar os pequenos, atrapalhando o seu desenvolvimento saudável.
Em boa parte dos casos, ela surge como uma consequência de um ambiente familiar excessivamente estimulante ou mesmo do espelhamento de pais ansiosos, apesar de haver outras razões para o problema.
Quando a ansiedade se transforma em um transtorno psíquico, ela passa a afetar a criança de uma maneira mais intensa, prejudicando suas relações sociais, sua memória e aprendizagem. Por isso, é preciso ficar de olho para identificar e tratar o problema quanto antes.
Quais são os sintomas mais comuns?
É importante observar os sinais de ansiedade para buscar ajuda e evitar agravar o quadro. Geralmente esses sintomas de manifestam de uma forma um pouco diferente dos adultos e podem afetar diversos aspectos da vida do pequeno.
Então, fique atento a comportamentos que possam estar indicando:
- Algumas alterações no apetite, como não querer comer ou querer comer o tempo todo;
- Uma dificuldade de pegar no sono ou de se manter em “um sono só” durante a noite;
- A queda expressiva e injustificada do rendimento na escola, atrapalhando seu nível de aprendizado;
- Uma desmotivação constante para diversas atividades, como fazer as tarefas e até mesmo brincar;
- O surgimento de medos e de preocupações excessivas;
- Alterações físicas, como dores de cabeça, tonturas ou tensão e rigidez muscular;
- Um retraimento social, como introversão ou timidez;
- Algumas oscilações de humor constantes;
- Certa apatia ou até irritabilidade desproporcional em relação a alguns acontecimentos.
Por que as crianças têm ansiedade?
Não existem causas específicas e pontuais que obrigatoriamente desencadeiam a ansiedade. Ela pode ser fruto de uma soma de diversos fatores, como pais que tentam estimular o aprendizado em excesso, sobrecarga de atividades, conflitos e problemas familiares ou até mesmo problemas de relacionamento no ambiente escolar.
Também existem alguns fatores ligados às predisposições genéticas e a algumas condições biológicas que podem resultar no quadro. Mas, ainda assim, as causas mais comuns incluem:
- afastamento dos pais por período prolongado;
- insegurança diante de situações desconhecidas ou mudanças constantes;
- medo de novas situações ou pessoas;
- desgaste pela rotina escolar e extraclasse;
- bloqueio emocional provocado por bullying;
- traumas, sustos e situações extremamente estressantes.
Quais são os tratamentos para ansiedade infantil?
Um diagnóstico precoce da ansiedade infantil pode proporcionar uma interferência mais ágil no quadro, evitando eventuais agravamentos para o pequeno. Dessa forma, também é possível evitar que essa sensação deixe marcas negativas no seu desenvolvimento.
Além disso, é a partir desse diagnóstico que será possível iniciar o tratamento, que pode ser composto por medicamentos infantis, associados à psicoterapia ou outros métodos de interferência.
No entanto, é sempre o profissional de saúde quem indica como deve ser feita a abordagem, como um neuropediatra ou um psiquiatra.
Também é importante lembrar que sensações como medo, euforia, excitação e insegurança podem ser consideradas parte natural do desenvolvimento psíquico das crianças.
Então, nem sempre esses sinais indicam um transtorno de ansiedade. Porém, é preciso ficar atento para perceber o quanto as reações são proporcionais ao estímulo gerado.
Como apoiar a criança com ansiedade?
É importante observar os desafios que cada criança vem enfrentando e prover o suporte que ela precisa para se adaptar.
Para isso, o profissional habilitado, como um neuropediatra ou psiquiatra, é a única pessoa que pode fechar o diagnóstico em relação ao transtorno de ansiedade. Mas a família tem um papel importante na gestão desse quadro no dia a dia dos pequenos.
A coisa mais importante a fazer é compreender que você não deve julgar a criança pelo seu comportamento. Não se trata de um episódio de birra, mas de uma sensação que ela mesma não consegue controlar. Por isso, em vez de reprimir, esteja disponível para dar suporte ao seu filho.
Depois, é preciso tentar tirar o foco do problema. Proponha uma conversa amena, pergunte o que ele quer para o jantar ou do que gostaria de brincar a seguir. Isso fará com que ele se concentre em outra coisa e fique menos ansioso.
No dia a dia, quando a ansiedade nem sempre vem em forma de crises, você pode tentar propor uma rotina mais saudável e equilibrada para o pequeno. Aqui vão algumas sugestões:
- diminua a quantidade das atividades extraclasse;
- tenha uma rotina menos estimulante visualmente (menos videogame, celular e TV);
- ajude a criança a enfrentar os medos;
- ouça e valorize as emoções demonstradas;
- mostre que a ansiedade é passageira;
- ensine algumas atividades relaxantes, como o mindfulness, massagens ou meditação.
Conheça a Ginástica Cerebral
Outro recurso que pode ajudar nesse caso é a ginástica cerebral. Essa atividade estimula a expansão das conexões neurais, facilitando o desenvolvimento infantil tanto no que diz respeito aos seus sentimentos, pensamentos e emoções, quanto à sua capacidade motora, lógica e analítica.
Isso pode ser proposto através de uma série de atividades diferentes, como:
- Ouvir música, imaginando aquilo sobre o que a letra fala;
- Jogar jogos de tabuleiro, aprendendo sempre algum novo, que acione novas áreas do cérebro;
- Aprender a fazer receitas e manusear os alimentos;
- Fazer listas de objetos, palavras que começam com a mesma letra, itens em um cômodo;
- Praticar a leitura de frases ou palavras inteiras ao contrário, etc.
Apesar de não ser possível impedir completamente o desenvolvimento da ansiedade infantil, existem várias maneiras de combater e tratar esse transtorno.
Em geral, é essencial que você esteja disponível para acolher o pequeno e mostrar a ele o quanto é importante prestar atenção ao momento presente, sem se preocupar tanto no que virá depois.
E agora que você já sabe mais sobre ansiedade infantil, que tal conferir o nosso conteúdo também relacionado a crianças? Então, venha conhecer a Geração Alpha?