O Alzheimer no cérebro
O Chefe do Setor de Neurologia do Comportamento da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), Dr. Paulo Bertolucci, ministrou uma palestra para mais de 140 franqueados da rede SUPERA durante a Convenção Nacional, que aconteceu nos dias 6 e 7 de novembro em São José dos Campos (SP).
Com o tema “Envelhecimento Normal e doença de Alzheimer”, o especialista falou sobre as principais alterações cognitivas no envelhecimento e quais são os fatores de risco que compõem o quadro da enfermidade.
De acordo com Dr. Paulo, o envelhecimento não implica necessariamente em demência.
“Ocorrem alterações da memória no envelhecimento, mas suas características são diferentes daquelas encontradas nas demências. Esta é uma noção importante, porque significa que pode ser necessário o diagnóstico diferencial entre envelhecimento e demência, especialmente na fase inicial”, afirma o especialista.
No envelhecimento normal, os lapsos de memória podem tornar-se mais frequentes. É comum uma informação ser lembrada em uma ocasião, mas não em outra, ou ser lembrada mais tarde. Essas pequenas “falhas” de memória se estabelecem gradualmente, de modo que não interferem nas atividades do dia a dia.
“Podemos dizer que no envelhecimento normal a memória fica mais lenta, enquanto nas demências ela desaparece. Neste sentido, nas demências, ao contrário do envelhecimento, a informação dificilmente é recuperada, detalhes não ajudam e há interferência nas atividades diárias”, acrescenta Bertolucci.
O Mal de Alzheimer é a principal causa de demência, correspondendo a 50 a 70% do total de casos. A doença pode ser considerada, sob muitos aspectos, como o “modelo” das demências e é a causa contra a qual é feito o diagnóstico diferencial.
A doença no cérebro
Caracterizada pela lentidão e progressividade, a doença apresenta duração média, entre os primeiros sintomas e a fase terminal, de 10 a 12 anos. O quadro típico é de lapsos cada vez mais frequentes de memória para fatos recentes, aos quais se associa, ainda em uma fase inicial, dificuldade de planejamento e de linguagem. Também nesta fase são frequentes alterações do comportamento, principalmente apatia e depressão. As alterações relacionadas à cognição e do comportamento levam a progressiva dependência para as atividades corriqueiras.
Na doença de Alzheimer, ocorre o metabolismo anormal de duas proteínas que normalmente compõem o neurônio. A proteína precursora da amilóide (APP) é clivada em fragmentos mais curtos que aqueles resultantes da via metabólica mais habitual. Este fragmentos acumulam-se no espaço extra-celular e dão origem às placas senis.
A outra alteração metabólica ocorre com a proteína “tau”. Esta proteína é importante para a manutenção da permeabilidade dos micro-túbulos e, portanto, para a manutenção da viabilidade neuronal. Na doença, esta proteína pode sofrer hiperfosforilação, facilitando a formação de fibrilas. Ao mesmo tempo as pontes “tau” se deformam, levando ao colapso de micro-túbulos e à morte neuronal.
De acordo com o especialista, não existem evidências científicas suficientes para afirmar que essas proteínas resultantes de metabolismo alterado são a causa da doença de Alzheimer.
“Ainda não é possível afirmar que a beta-amilóide e a proteína tau hiperfoforilada sejam diretamente responsáveis pela perda neuronal na doença de Alzheimer, embora sua introdução em cultura de neurônios diminua a viabilidade das células. Por outro lado, um crescente volume de pesquisas mostra que oligômeros da proteína beta-amilóide podem causar disfunção sináptica e iniciar os eventos que levam à perda neuronal”, conclui Bertolucci.
Qualidade de vida é a chave para um cérebro saudável
Enquanto isso, as ferramentas que podem ser colocadas em prática para melhorar a capacidade cognitiva são:
Alimentação saudável: prefira alimentos ricos em fibras, vitaminas e alimentos ricos em Ômega 3. Modere nos carboidratos, proteínas e alimentos industrializados. Prefira sempre o consumo de sucos naturais e água.
Exercícios físicos regulares: pratique, pelo menos, 150 minutos de atividades de exercícios moderados por semana.
Exercícios para o cérebro: estimule seu cérebro com atividades desafiadoras e novas. Os exercícios para o cérebro mantêm a saúde do cérebro, pois preserva a memória e melhora a capacidade de atenção, concentração e raciocínio lógico.
Sono: respeite os sinais do seu organismo. Durma, pelo menos, por oito horas diariamente.
Gerenciamento do estresse: já tentou praticar meditação? Recomendada por médicos e terapeutas, essa prática é conhecida por “relaxar” a mente.
Vida social ativa: socialize! Inicie um novo projeto, frequente clubes e parques, faça cursos que proporcionem momentos prazerosos.
Mantenha hábitos saudáveis e comece a praticar exercícios para o cérebro. O desenvolvimento cognitivo proporciona bom desempenho cerebral em todas as atividades. Seja no trabalho, em casa ou nos estudos.
Por Bárbara Rocha
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