A importância da aposentadoria para o idoso é hoje, sem dúvida ainda maior. Em nossa sociedade, o trabalho não se constitui apenas como uma fonte de renda para as pessoas. É por meio dessa atividade essencialmente humana que o sujeito organiza seus horários e sua rotina, estabelece metas, planos, constrói seus laços afetivos, exerce sua criatividade, garante sua independência e expressa sua produtividade.
Com as pessoas idosas não é diferente, a fonte de trabalho tem grandes significados, podendo ser positivos ou negativos a depender do contexto social e familiar.
A aposentadoria por idade é um benefício concedido aos contribuintes da Previdência Social, devida a todos que se encaixam nas seguintes regras:
- Comprovação de, pelo menos, 15 anos de contribuições ao INSS (Instituto Nacional da Seguridade Social) para mulheres, e de 20 anos para homens;
- Idade mínima de 65 anos para os homens, e de 62 anos para as mulheres.
Como a aposentadoria por tempo de contribuição foi extinta da Reforma da Previdência de 2019, a aposentadoria por idade se tornou a principal forma de conseguir o benefício do INSS na terceira idade para novos contribuintes.
A aposentadoria como evento normativo, ou seja, aquela em que o sujeito se aposenta por tempo de trabalho e contribuição, e não por motivo de doença ou desemprego, representa o encerramento de uma carreira formal, abrindo espaço para novas alternativas. É notável que, dentro do contexto de importância da aposentadoria para o idoso, para algumas pessoas idosas, há uma tendência de procurar por atividades que proporcionem a reinserção em novos grupos sociais, todavia, a aposentadoria pode ser um fator positivo ou negativo na vida dos indivíduos.
Muitos idosos sofrem impactos negativos após a aposentadoria, a exemplo, temos a aposentadoria por invalidez, que acaba desencadeando alterações psicológicas e comportamentais, uma vez que traz consigo a desvalorização social e pode representar, do ponto de vista emocional, a perda da identidade profissional. Os indivíduos que colaboraram e tinham a rotina de trabalho preenchida, pode se tornar um fator de solidão, sentimento de invalidez e repercutindo na saúde biopsicossocial geral da pessoa idosa.
Por outro lado, a aposentadoria pode ser assimilada de forma positiva proporcionando uma reorganização da vida, formas de experienciar novos tipos de engajamentos sociais e familiares, no lazer, na vida sócio-comunitária, em novas atividades laborais que antes não eram possíveis de serem executadas.
Para cada indivíduo, a aposentadoria terá um significado e importância singular, pois o contexto socioeconômico, histórico de vida, personalidade e entre outros fatores irão influenciar na forma como a pessoa idosa lida com esse evento na vida.
As mudanças no estilo de vida pós aposentadoria devem ser levadas em consideração. Manter o corpo e mente ativos é indispensável para melhorar a qualidade de vida e evitar comorbidades. Nesse sentido, o tempo para realizar trocas de experiências intergeracionais, convívio com os familiares, engajamentos em Universidades para a terceira idade, realização e organização do próprio lar e conhecer novos lugares etc, são alternativas significativas para a pessoa idosa.
Nesse sentido, quando consideramos a importância da aposentadoria para o idoso, seria agradável unir políticas públicas e programas de preparação para a aposentadoria que vise a educação para este momento em suas vidas e incentivem a promoção de saúde e econômica com enfoque em modificar a visão a respeito dos aspectos centrais na decisão de se aposentar.
Assinam este artigo:
Cássia Elisa Rossetto Verga
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP 60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.