Nos últimos anos, especialistas e cientistas, tem desmistificado alguns assuntos, que antes eram tabus nos cuidados à saúde mental, como os transtornos relacionados à atenção e à hiperatividade.
De modo geral, observados através do processo de aprendizagem, em crianças que ao atingirem a idade escolar ou de jovens que ingressavam no ensino superior, e sentiam-se diferentes da maioria dos colegas, achando muitas vezes que apresentavam lentidão de raciocínio, e até mesmo uma deficiência em aprender coisas novas, resultando em repetição de ano na escola, trancamento da faculdade iniciada, desistência de estudar, dificuldade de organização, instabilidade de humor, sentimentos que muitas vezes geram conflitos nos relacionamentos familiares, problemas no trabalho e sociais, por não se saber ao certo a origem de suas dificuldades.
Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH).
Quando na maioria das vezes trata-se de um transtorno, que pode ser amenizado, com um acompanhamento profissional especializado, e com a adoção de estratégias estudadas nas ciências, que melhoram a qualidade de vida de quem tem o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH).
Mas afinal o que é este transtorno? De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por um padrão persistente de desatenção, de hiperatividade e de impulsividade.
Esses sintomas têm origem neurobiológica, e são decorrentes da incapacidade de inibir reações impulsivas e de considerar o futuro para guiar as suas ações e comportamentos.
A ausência de um acompanhando profissional e de intervenções para melhorar a qualidade de vida, podem contribuir para a baixa-autoestima, para a procrastinação e erroneamente em classificar as pessoas com este transtorno, como incapazes e/ou sendo advertidas e penalizadas por um mal comportamento decorrente da hiperatividade.
Atraso no diagnóstico
É comum conhecermos pessoas adultas, que só receberam o diagnóstico de TDAH, após os seus 30, 40 ou 50 anos de idade.
Isso porque cuidar da saúde mental, sempre esteve associado a tratar de doenças incuráveis, e associar dificuldades percebidas a algo anormal, como “loucura” ou a um retardo mental, são preconceitos construídos culturalmente em nossa sociedade, que devem ser combatidos.
Independente da fase do desenvolvimento em que a pessoa com TDAH estiver, seja ele criança, adolescente, adulto, adulto maduro e idoso, o tratamento para pessoas que apresentam esse transtorno deve ser iniciado e pode incluir a prescrição de algum medicamento, que possa minimizar a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade de pensamentos e ações.
A orientação para a realização das estratégias chamadas não farmacológicas, como: o acesso às informações educativas sobre o TDAH; a psicoterapia com profissionais especializados, para mudanças comportamentais; e a estimulação cognitiva para potencializar o desempenho de habilidades mentais como a concentração, as funções executivas, as habilidades visuoespaciais e o raciocínio.
A estimulação cognitiva neste contexto atuará como uma estratégia chave, pois favorecerá para que o processo de aprendizagem aconteça; consequentemente haverá melhora na autoestima, melhores comportamentos funcionais, como planejamento, gerenciamento de tempo e organização de tarefas a serem cumpridas.
Outros pontos positivos, da estimulação cognitiva, para o indivíduo com diagnóstico de TDAH, é na redução da distração; no aumento da concentração; na melhora da agilidade mental e na capacidade de manter a atenção focada em uma mesma atividade por períodos prolongados, assim como proporcionando uma maior clareza e organização de pensamentos.
A importância do treino cognitivo
Neste sentido, reforçamos que o treino cognitivo, como o oferecido pelo Método SUPERA, auxilia no processo de boas práticas, como um recurso essencial para reduzir os sintomas de TDAH, pois além de treinar as habilidades cognitivas com jogos, exercícios, leituras, estratégias de memorização, neuróbicas; estimulará as habilidades socioemocionais, promovendo um estilo de vida saudável, auxiliando a vencer algumas dificuldades que podem parecer complexas, mas que são possíveis de serem superadas.
E lembre-se cuide da saúde do seu cérebro, para observar ganhos no seu cotidiano.
Assina este artigo:
Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva– Docente do Curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GNCC-FMUSP).
Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS).
Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo e da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).