• Home
• »
• Notícias sobre o cérebro
• »
• Cultura faz bem para o cérebro: neurocientista reforça benefícios da arte

Cultura faz bem para o cérebro: neurocientista reforça benefícios da arte

A cidade de Uberlândia (MG) vem se destacando como polo cultural no Triângulo Mineiro e está na rota da aproximação entre arte e a população, promovendo saúde e bem-estar de forma indireta. O projeto Uberlândia na Rota da Cultura traz grandes nomes do teatro brasileiro para os palcos mineiros e conta com a parceria de uma empresa educacional de estimulação cognitiva. 

De acordo com a neurocientista Livia Ciacci, parceira da instituição, muitos pesquisadores e teorias apontam para a arte como uma cognição multiprocessual dependente de diversas regiões cerebrais – como essa revisão sobre arte, cérebro, biologia e evolução.

“Ao observar personagens interagindo, o espectador ativa redes neurais associadas à Teoria da Mente, que é a capacidade de atribuir estados mentais – crenças, intenções, desejos, emoções – a si mesmo e aos outros. Somos induzidos a inferir: “O que essa personagem está pensando? Qual é a sua real intenção por trás dessa fala?”, explica. Esse é um exercício de empatia cognitiva (entender a perspectiva do outro).

Frequentemente exercitar essa habilidade em um ambiente seguro e controlado como o teatro aprimora nossa capacidade de navegar interações sociais complexas na vida real. Isso torna as pessoas mais hábeis em “ler” os outros, antecipar reações e compreender pontos de vista diferentes, uma competência fundamental para a colaboração.

Teatro e o público 60+ 

 A médica geriatra Rosilene Barcellos, de Uberlândia, explica que frequentar espetáculos teatrais traz inúmeros benefícios para a pessoa idosa. O primeiro deles é prevenir o isolamento social. “Por meio das linguagens verbal e não verbal, o teatro ativa a memória afetiva com histórias com as quais os idosos tendem a se identificar e assim conseguem compreender melhor as emoções e os sentimentos, levando a uma sensação de pertencimento, reduzindo sintomas de depressão e ansiedade”, explica.  

Além disso, a médica aponta que o riso e o divertimento aumentam a produção de endorfinas e auxiliam na redução de estresse e inclusive alívio, mesmo que temporário, em um quadro de dor crônica. E a longo prazo ajuda no sistema imunológico. 

O Supera, instituição parceira do projeto Uberlândia na Rota da Cultura, sabe disso e, por isso, apoia as apresentações, oferecendo um estímulo diferente para o cérebro – muitas vezes pela primeira vez na vida –  como explica a diretora da unidade, Janice Cury. 

“Muitos de nossos alunos não tinham acesso ao teatro antes de iniciarmos essa parceria, nem acreditavam que essa era uma atividade para eles. Essa parceria abre possibilidades de contato com a arte e isso é um importante estímulo para o cérebro”. 

Foi exatamente o que aconteceu com Eliane de Oliveira Cunha, 68 anos, que nunca tinha ido ao teatro. “Para mim, é uma atividade nova. Amei a oportunidade. A trama foi mesclada da realidade de muitos da minha geração, com uma pitada de comédia”, revela. Já Patrícia Soares, de 58 anos, passou a desenvolver o hábito de frequentar atividades culturais, após o incentivo do Supera. “Eu sempre gostei de atividades culturais, mas confesso que não frequentava muito. Com o Supera tenho podido participar mais e estou achando  ótimo! Tem sido reconfortante”, comenta ela.