Dra. Myrian Najas: desafios da nutrição no envelhecimento saudável no Brasil

Na entrevista que a vice-presidente do Supera, Bárbara Perpétuo, fez com a nutricionista dra. Myrian Spinola Najas, durante o Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, elas conversaram sobre como a nutrição impacta na longevidade.
Supera – Sou Bárbara Perpétuo, vice-presidente de Supera. Estamos aqui na CBGG de 2025 e tenho a honra de entrevistar Myrian Najas, uma nutricionista muito notável no Brasil. E para começar, algumas perguntas.
Myriam, quais são os maiores desafios para a manutenção de uma nutrição adequada que proporcione um envelhecimento ativo e saudável? E quem já envelheceu: ainda tem jeito?
Dra. Myrian – Tem. A pergunta é ótima, porque os dois lados são extremamente importantes. A gente vai ter… é muito bacana a gente pensar que o exercício físico é legal, mas não é só ele.
É ele com a alimentação, o começo da nossa vida. Hoje a gente sabe que o maior desafio que a gente tem na terceira idade, vamos chamar assim, ou no envelhecimento, é exatamente o excesso de gordura com que as pessoas chegam lá. E hoje a gente sabe que entre 20 e 30 anos é o maior boom de obesidade que nós estamos tendo.E não é só no Brasil, é no mundo inteiro.
Então, para a gente envelhecer bem, nós temos que começar a pensar na nossa alimentação lá desde os 20 ou 30 anos. Não é nós esperarmos alguém ter 60, 65 ou 70 anos para a gente começar a fazer qualquer movimento para melhorar a qualidade da alimentação.
A alimentação é algo que a gente tem que melhorar constantemente. Infelizmente, isso às vezes está na contramão de muita coisa, porque hoje a indústria alimentícia, ela trabalha muito com alimentos com alta palatabilidade que, obviamente, se é uma propaganda que estimula um adolescente, um adulto jovem a comer, ela também estimula o idoso. Então, a gente tem que lembrar que o indivíduo idoso está aí sujeito a todo tipo de propaganda.
Dá para mexer quando a gente é idoso já? Conforme você me perguntou, sem dúvida que dá. Aliás, é o mais fácil de todos. Por quê? Porque quem hoje tem 70, 75 anos, ele foi criado muito no início da industrialização no Brasil.
O hábito alimentar dele vem lá de trás. Então, ele é perfeito para esse tipo de trabalho.
Supera – Fica um pouco mais fácil?
Dra. Myrian – Fica mais fácil porque ele tem a memória e ele sabe o que é bom.
Ele normalmente já tem um bom hábito. A gente só precisa aprimorar um pouco para outros nutrientes.
Supera – Perfeito. E por que a nutrição é um fator de proteção para a demência e para a saúde do cérebro?
Dra. Myrian – Então, a nutrição acaba sendo muito importante nessa questão. Vamos chamar de uma prevenção das demências vasculares. Porque a demência vascular, ela está ligada àquilo que é… Aliás, é a única demência que é reversível.
Por quê? Porque ela está ligada àquilo que a gente chama de alimentos ultraprocessados e gordura saturada e colesterol elevado. Enfim, as doenças crônicas associadas a isso. Então, uma hipertensão, diabetes.
Envelhecer com uma dislipidemia, com triglicérides alto, que faz aquele combo que a gente chama de… Oh, meu Deus. Bom, são as doenças… Acabou, me fugiu o nome dessa síndrome. Síndrome metabólica, meu Deus!
Está vendo? A gente vai esquecendo.. da síndrome metabólica. Se eu consigo evitar isso, se eu consigo intervir, eu vou ter uma melhora muito grande, uma proteção realmente muito grande, mas no envelhecimento. Para a questão cognitiva, é sensacional.
Supera – O ideal é começar hoje.
Dra. Myrian – Hoje. Não interessa que idade você tenha. É hoje. Qualquer idade tem que começar hoje. Isso é sensacional.
Supera – A consciência da nutrição é importante.
Dra. Myrian – Exatamente. É importantíssima.
Supera – Para reforçar mais ainda: diga aqui, qual é a influência da nutrição para a saúde do cérebro de quem está na envelhecência e de quem já envelheceu? Principalmente em relação à manutenção das funções executivas. Um pouco do que você já disse…
Dra. Myriam – Se nós começarmos a tratar do global, então, atividade física. O que é que vai manter a tua cognição em alta? Exercício físico. Associado ao controle de peso. A um aumento de massa muscular. E com o seu cérebro sendo realmente sempre muito estimulado a liberação de energia, a liberação de ATPs, a gente começa a ter não só uma prevenção no começo, enquanto estamos nos 40, 50, como nós vamos ter uma melhora grande também depois dos 60, 65.
Supera – É o envelhecer mantendo a autonomia e a independência.
Dra. Myrian – Exatamente. Quando a gente consegue essas duas coisas, nós estamos no melhor dos mundos. E se nós conseguimos isso, que obviamente é o que vocês trabalham muito lindamente com isso, nós estamos bem.
Supera – Esse é o sonho que nós temos que construir para o futuro.
Dra Myrian – Claro, claro. Mas acho que é o objetivo do Supera também esse, né?
Supera – Com certeza, é por isso que estamos juntas. Exatamente. Mas para quem está nos assistindo, quais dicas a senhora daria para uma dieta adequada que contribuirá para a saúde do cérebro e por uma boa cognição na envelhecência e também para a possa santa antes?
Dra. Myrian – Olha, as dicas… Primeiro eu vou falar para vocês aqui, vou olhar bem para a câmera para que vocês todos entendam uma coisa muito legal. O Brasil é um dos países que tem um caderno de orientações de alimentação para a terceira idade que é simplesmente… Isso é do Ministério da Saúde, está lá na página do Ministério da Saúde.
É muito legal. E vocês podem olhar aquilo. São seis dicas, seis, que estão muito, muito, muito bem feito para o Brasil.
E ele é imitado por vários países. Então ali entre as dicas, a gente tem o aumento da ingestão de feijão, que é um alimento sensacional, que faz parte do hábito brasileiro, tem fibra, tem proteína vegetal, que é muito bom. Diminuição ou retirada total das bebidas açucaradas, que é uma coisa bastante complicada.
Não usar os alimentos ultraprocessados, que este é um grande problema. Eu vou até completar um pouquinho essa questão. Acabou de sair um artigo agora, em março de 2024, no JAMA, mostrando que a alta ingestão de alimentos ultraprocessados está ligado diretamente a uma piora da cognição para as pessoas maiores de 60 anos.
Então não é uma coisa… De verdade, não é frescura. Vamos falar em português bem claro. Não é uma frescura.
É uma coisa absolutamente importante a gente começar a retirar de todas as nossas crianças, nossos filhos, nossos netos, evitar ao máximo isso durante a vida adulta e também para a pessoa idosa, porque esses alimentos têm alta palatabilidade e o idoso tem a diminuição das papilas e com essa diminuição de papilas linguais, ele não sente muito o sabor. Quando isso é acentuado, é bem acentuado, que é o que faz os alimentos ultraprocessados ricos em gordura saturada e açúcar, ele vai comer muito bem. Ele melhora a ingestão de alimentos dele com isso.
Mas, infelizmente, esse artigo é muito bacana. Depois até te passo. Ele é muito bom e publicado em uma revista bastante importante e ele mostra claramente isso.
Então, para a gente melhorar essa cognição e manter uma cognição, primeiro nos protegendo e mantendo, é literalmente, esses quatro pontos, mas fazer a sua refeição em um ambiente saudável, em um ambiente bacana, em um ambiente sem brigas, sem guerra, num ambiente em que essa pessoa esteja prestando atenção no que come e, claro, o sexto item é a atividade física. Então, quando você tem essas seis orientações, é para o país inteiro isso, entendeu? Não é uma questão específica e o que eu estou falando para os senhores não precisa de dinheiro. Não custa nada.
É só você mudar a sua compra do mercado. Basicamente é isso.
Supera – Muito obrigada pela dica!
Dra. Myrian – Eu que agradeço.
Supera – E que nós consigamos colocar em prática.
Dra. Myrian – Sem dúvida, porque a gente precisa de coisas simples.
Se você tem uma coisa simples para orientar, que consiga fazer uma orientação populacional, é perfeito.
Supera – Então, comer mais feijão.
Dra. Myrian – Feijão é muito importante.
Eu brinco, eu sou a nutricionista do arroz e feijão. Eu sou muito fã do arroz e feijão, que é um alimento nosso. Então, quando a gente faz a substituição, isso é uma coisa interessante.
Não, eu não vou comer arroz e feijão porque engorda. Isso tem muita, muita gente com mais de 60 anos que pensa isso. Porque engorda.
Aí ela tira o arroz e feijão. O que ela come no lugar? Pão. Pão e? Quiche.
Tortas. As quiches que são ricas em quê? Gordura saturada. Ou seja, não é uma boa troca.
Não é. Mantenha-se no arroz e feijão, que ele é perfeito.
Supera – E uma alimentação em um ambiente tranquilo.
Dra. Myrian – Tranquilo, exatamente.
Supera – Sem tela.
Dra. Myrian – Exatamente. Sem celular.
Supera – Muito obrigada.
Dra. Myrian – Eu que agradeço o convite!
Supera – Imagina.
Para assistir a entrevista completa clique aqui
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