Entrevista: como a música atua na amenização dos sintomas de Alzheimer
Motivo de amplo estudo acadêmico ao longo das últimas décadas, a música é, comprovadamente um estímulo positivo para o cérebro, em diversas fases da vida. A aplicação deste recurso é especialmente positivo em patologias cerebrais degenerativas, como o Alzheimer.
O professor Mauro Pereira Amoroso Anastácio Junior, Musicoterapeuta e Mestre em Gerontologia (EACH/USP) ao lado da Professora Deusivania Falcão, psicóloga e Pós-doutora pela UCF (EUA), comandam uma live na próxima sexta-feira (11) com o tema “Doença de Alzheimer, convivência familiar e conjugal: benefícios da musicoterapia” dentro do projeto ‘Despertando a sociedade para a saúde do cérebro’, realizado pela rede SUPERA.
Nesta entrevista o professor explica como a música pode ajudar na amenização da doença, aos acometidos e também aos seus familiares. Confira:
1. Quais são as principais conclusões da ciência sobre a aplicação da música a doenças degenerativas?
Mauro – Em musicoterapia, inicialmente é aplicada uma avaliação para que o profissional investigue de que forma poderá oferecer benefícios para o caso. Para o paciente com demência, a musicoterapia pode retardar o avanço da perda de memória e outras funções, porém, também pode amenizar os sintomas comportamentais, como a agitação, que traz sofrimento para o indivíduo, seus familiares e cuidadores. As intervenções com música também podem ajudar nos sintomas depressivos que podem estar associados à doença.
2. Especialmente no que diz respeito ao Alzheimer quais são principais resultados da aplicação da música já comprovados pela ciência?
Mauro – Os resultados principais da musicoterapia para a doença de Alzheimer são relacionados aos sintomas comportamentais e à perda cognitiva. Os estudos também indicam benefícios para sintomas depressivos que podem estar associados. Como a memória musical e as preferências individuais musicais não se perdem, este recurso pode ser utilizado mesmo nos níveis mais avançados da doença. Em geral, utilizamos a música para estimular memórias e habilidades preservadas, para que seja possível desacelerar o avanço do declínio. A utilização das músicas de preferência do idoso também pode amenizar os sintomas comportamentais, incluindo a resistência ao cuidado, que é um dos comportamentos mais relatados por cuidadores.
3. Quando falamos de música estamos falando de uma infinidade de ritmos e estilos musicais. Quais são os ritmos / estilos mais aplicados na abordagem aos doentes de Alzheimer?
Mauro – Quando é aplicada a avaliação inicial no paciente, o musicoterapeuta também investiga as preferências sonoro-musicais. É importante enfatizar que, mesmo no estágio mais avançado da doença, a memória musical e as preferências são mantidas, e é a partir deste material que o musicoterapeuta trabalha. Nesse sentido, não podemos dizer que existe um repertório específico que possa oferecer benefícios para todas as pessoas. É importante lembrar também que a música pode evocar memórias positivas ou negativas, portanto, uma música alegre, nem sempre irá evocar memórias alegres, pois isso vai depender das experiências individuais.
4. As pessoas que convivem com pessoas que tem Alzheimer são sedentas por respostas ou terapias que amenizem estes sintomas. Como elas podem aplicar a música no dia a dia do doente de Alzheimer?
Mauro – Os familiares e os cuidadores podem utilizar a música nos cuidados diários, porém é necessário levar em consideração dois pontos principais. Primeiramente, a preferência do idoso, que em geral, são canções e cantores que fizeram parte de sua juventude. Além disso, é importante observar como essa pessoa está se sentindo naquele momento. No caso da pessoa estar muito agitada ou ansiosa, uma música calma, com ritmo lento, pode causar incômodo e agravar o comportamento. O mais importante é que seja uma música com letra conhecida, que seja associada com memórias agradáveis. Nem sempre isso vai ser relatado pelo idoso, então devemos investigar e observar as respostas faciais, e corporais. Em geral, podemos utilizar canções com ritmos marcados e letras mais conhecidas, como marchinhas de carnaval, e canções folclóricas, pois isso pode facilitar o engajamento na música. Em alguns casos, o timbre da voz do cantor/cantora ou do instrumento musical de preferência também pode ajudar, independente da música escolhida.
5. Não podemos esquecer das pessoas que convivem com os doentes de Alzheimer, que são impactadas diretamente pela doença. Também para elas existe uma aplicação da música? Como isso pode ser entendido no contexto familiar e conjugal?
Mauro – No caso da utilização da música com a dupla formada pelo cuidador e idoso cuidado, podemos propor canções que façam parte da preferência e da trajetória de vida de ambos, como é o caso, muitas vezes, de canções folclóricas, de festividades, ou clássicos da música popular que passam por diferentes gerações. Além disso, o cuidador também pode conhecer canções que fizeram parte da vida do idoso cuidado, e vice-versa, promovendo o compartilhamento de experiências de vida. Os estudos nesta área indicam que a música pode facilitar a interação entre o idoso cuidado e o cuidador, promover momentos prazerosos, e melhorar a qualidade da relação inclusive após os momentos musicais. A utilização da música também pode amenizar o impacto físico e emocional do cuidado.
Na próxima sexta – feira (11) a sequência de lives do projeto ‘Despertando a sociedade para a saúde do cérebro’ recebe os especialistas Profa. Dra. Deusivania Falcão e Prof. Ms. Mauro Anastácio com o tema “Doença de Alzheimer, convivência familiar e conjugal: benefícios da musicoterapia”
Confira a programação completa a partir desta segunda semana de evento:
09/09 – 19:30
“A musicalidade como estratégia para o tratamento da Doença de Alzheimer e a experiência de projetos do Japão”, com Profa. Dra. Rosa Yuka Sato Chubaci.
11/09 – 19:30
“Doença de Alzheimer, convivência familiar e conjugal: benefícios da musicoterapia”, com Profa. Dra. Deusivânia Falcão e Prof. Ms. Mauro Anastácio
16/09 – 19:30
“Como prevenir fatores de risco no desenvolvimento da doença de Alzheimer?”, com Prof. Dr. Ricardo Nitrini e Profa. Dra. Sônia Maria Brucki
18/09 – 19:30
“A estimulação cognitiva como intervenção de neuroproteção”, com Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva e Profa. Ms. Eva Bettine de Almeida
23/09 -19:30
“Cérebro saudável: a reserva cognitiva e o estilo de vida durante o desenvolvimento”, com Profa. Dra. Mônica Sanches Yassuda e Prof. Dr. Henrique Salmazo-Silva
25/09 – 19:30
“Cuidados no fim da vida com pacientes diagnosticados com demência”, com Profa. Dra. Beatriz Gutierrez e Prof. Dr. Leonel Tadao Takada
30/09 – 19:30
“Suporte ao cuidador de pacientes com Doença de Alzheimer e importância das Associações”, com Dra. Carmen Ponce e Dr. Paulo Henrique F. Bertolucci.
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