Relatório Mundial sobre Alzheimer 2025 – Reimaginando a vida com demência o poder da reabilitação cognitiva

Publicado em: 24/09/2025 Por Marinella Moretz-Sohn
Relatório Mundial sobre Alzheimer 2025 - Reimaginando a vida com demência o poder da reabilitação cognitiva - Supera - Ginástica para o Cérebro

O Relatório Mundial sobre Alzheimer 2025, publicado pela Alzheimer’s Disease International (ADI), tem como tema: “Reimaginando a vida com demência – o poder da reabilitação”. Esse relatório apresenta um panorama sobre a importância da reabilitação para pessoas que vivem com demência, com ênfase na Doença de Alzheimer, e reforça que a reabilitação cognitiva deve ser entendida como parte essencial do cuidado. A proposta é destacar a relevância da adoção de um modelo de tratamento de atenção amplo, centrado na pessoa e na sua funcionalidade, para além do tratamento medicamentoso. O documento está estruturado em quatro grandes eixos que se complementam:

  • O primeiro descreve a necessidade de avaliações holísticas e individualizadas que permitam compreender a pessoa em sua totalidade, além dos sintomas cognitivos. A partir dessa avaliação, são estabelecidas metas específicas e realistas, elaboradas em conjunto com a própria pessoa e sua rede de apoio, de modo a constituir um plano de reabilitação personalizado;
  • O segundo eixo trata das estratégias e métodos para apoiar a concretização dessas metas, o que inclui adaptações no ambiente, promoção de atividades significativas do cotidiano, estratégias de comunicação funcional, incentivo à mobilidade e fortalecimento da motivação;
  • O terceiro eixo aborda como a reabilitação pode ser implementada em diferentes estágios da doença e em diversos contextos, como no domicílio, em serviços comunitários, em instituições de longa permanência para idosos e em programas que incorporam o uso de tecnologias assistivas;
  • Por fim, o quarto eixo discute a preparação dos sistemas de saúde para oferecer a reabilitação de forma ampla, incluindo a necessidade de políticas públicas, de capacitação profissional interdisciplinar e de avaliação econômica, além da mudança cultural necessária para que a reabilitação seja reconhecida como um direito e não um privilégio.

As evidências apresentadas confirmam que intervenções individualizadas, orientadas por metas e aplicadas em contextos reais produzem ganhos importantes. Pessoas submetidas a esse tipo de intervenção, por exemplo, demonstram melhor desempenho funcional, maior satisfação com a vida e permanecem em média seis meses a mais em seus lares antes da necessidade de institucionalização, quando comparadas ao cuidado usual. Programas reconhecidos internacionalmente, como o GREAT CR no Reino Unido, o COTiD na Holanda, o COPE nos Estados Unidos e o I-HARP na Austrália, reforçam que a reabilitação cognitiva estruturada e centrada na pessoa é capaz de gerar impactos positivos tanto para os indivíduos quanto para seus cuidadores. Em contraste, intervenções de grupo padronizadas, que utilizam tarefas cognitivas genéricas sem ligação com as necessidades pessoais, mostraram resultados limitados e pouco duradouros, o que ressalta a importância da personalização do processo.

O relatório também chama atenção para a necessidade de compreender a reabilitação como um direito humano. Esse enquadramento amplia o debate, retirando a reabilitação da esfera opcional e reforçando seu caráter de obrigação ética. Além dos benefícios clínicos, há também um impacto econômico relevante, uma vez que, ao reduzir a progressão da incapacidade, diminuir hospitalizações e adiar a institucionalização, a reabilitação cognitiva pode gerar economia para os sistemas de saúde e reduzir a sobrecarga dos cuidadores familiares. Contudo, o documento destaca a carência de pesquisas longitudinais e de estudos de implementação, especialmente em países de baixa e média renda, onde as barreiras econômicas e estruturais são maiores.

Para enfrentar esse cenário, a ADI recomenda que a reabilitação seja incorporada aos planos nacionais de demência, que seja oferecida de maneira personalizada e integrada a outros cuidados, e que haja investimento na formação de equipes multiprofissionais capazes de trabalhar de forma interdisciplinar. Também sugere que governos e instituições invistam em pesquisas que avaliem a efetividade e o custo-benefício dessas práticas em diferentes contextos socioculturais. Outro aspecto relevante é a inclusão ativa dos cuidadores no processo reabilitativo, uma vez que essa participação reforça os ganhos da intervenção e contribui para a melhoria de sua própria qualidade de vida.

Conforme descrito pelos autores do relatório Linda Clare e Yun-Hee Jeon, “Frequentemente pensamos e falamos sobre demência em termos de declínio, deficiência e perda, mas e se nos concentrássemos, em vez disso, no que as pessoas com demência ainda podem fazer? Pessoas com demência ainda podem aprender novas informações e habilidades e adaptar suas atividades se tiverem o apoio adequado como parte de seu plano de reabilitação.”

O relatório completo está disponível em inglês no site: https://www.alzint.org/resource/world-alzheimer-report-2025/ Relatório de Alzheimer de 2-25, lançado hoje pela Alzheimers Disease International.

Assinam esse texto:

Profª Msc. Gabriela dos Santos – Docente do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro (UNISA). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. É pesquisadora no Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP e atua com estimulação cognitiva para pessoas idosas.

Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da USP. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e vice-diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.

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