
A solidão é um sentimento universal que todos nós, em algum momento da vida, já experimentamos. Porém, na velhice, esse sentimento pode se tornar mais frequente e mais profundo. Atualmente, existem cerca de 32 milhões de pessoas idosas no Brasil, e de acordo com uma pesquisa da Faculdade de Peruíbe – Peruíbe/SP, realizada com 45 pessoas idosas, notou-se que, dentro dos aspectos abordados pela escala de solidão UCLA-BR, os idosos se encontram em situação de solidão.
Além do mais, a solidão é mais prevalente em pessoas que moram em domicílios unipessoais, isto é, sozinhas. As mulheres de 80 anos ou mais, com baixa ou sem nenhum tipo de escolaridade, representam a maioria das pessoas idosas que vivem sozinhas, se tornando as mais afetadas por esta vulnerabilidade da solidão. Apesar de, erroneamente, a solidão ser associada como um aspecto normativo do avançar da idade, ser mais velho não significa necessariamente sentir solidão.
Essa vulnerabilidade pode ser amenizada com o aumento da oferta de educação de qualidade, uma previdência social organizada, equipes de saúde bem preparadas e a promoção da garantia dos direitos das pessoas idosas. É necessário enfrentar a solidão, mas isso exige um esforço coletivo, que começa com cada um de nós. Por isso, precisamos ter um olhar atento da sociedade para as pessoas idosas. Isso começa nas famílias, com os vizinhos e amigos, e também com as instituições, que desempenham um papel importante na construção de redes de apoio.
Algumas dicas para reduzir a solidão
Para a família, cuidadores e a própria pessoa idosa:
● Promover o convívio social através de um grupos de convivência, como Centro Dia; participar de atividades culturais, como nas Universidades abertas à Terceira Idade como o programa USP60+ pode fortalecer vínculos e proporcionar novas amizades.
Para familiares e profissionais da saúde:
● Incentivar o uso de tecnologias apoiando, e ensinando, a realizar chamadas de vídeo, além de estimular o uso de redes sociais e aplicativos, pois podem aproximar os idosos de seus familiares e amigos, mesmo à distância.
Para a própria pessoa idosa e seus cuidadores:
● Incentivar práticas de autocuidado e bem-estar para manter uma rotina com atividades prazerosas, como leitura, jardinagem ou exercícios físicos, ajudam a elevar o humor.
Para gestores e formuladores de políticas públicas:
● Criar e fortalecer políticas de inclusão e proteção social para uma ampliação da oferta de espaços de convivência e serviços de saúde preparados para acolher a pessoa idosa é fundamental.
Envelhecer não deve ser sinônimo de isolamento. Ao contrário, deve ser um tempo para compartilhar vivências e manter vivos os laços afetivos. Combater a solidão na velhice é promover dignidade, saúde e bem-estar em todas as fases da vida.
Referências
RIBEIRO, Maiara. Como a solidão afeta a saúde na velhice? São Paulo: Drauzio Varella, 17 dez. 2024. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/60mais/como-a-solidao-afeta-a-saude-na-velhice/. Acesso em: 10 jun. 2025.
GOMES, Irene; BRITTO, Vinícius. Censo 2022: número de pessoas com 65 anos ou mais de idade cresceu 57,4% em 12 anos. Rio de Janeiro: IBGE – Agência de Notícias, 27 out. 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/notic ias/38186-censo-2022-numero-de-pessoas-com-65-anos-ou-mais-de-idade-cresceu 57-4-em-12-anos. Acesso em: 10 jun. 2025.
AGUIAR, Giovanna da Cruz; CERVANTES, Sandra Aparecida Thiago. Percepção dos idosos no enfrentamento da solidão. Nov. 2024. Disponível em: https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2024/11/PERCE PÇÃO-DOS-IDOSOS-NO-ENFRENTAMENTO-DA-SOLIDÃO-pág-533-à-547.pdf. Acesso em: 10 jun. 2025.
MENESES, Neilson. Mulheres envelhecem sós, os homens em companhia. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 31 mar. 2015. Disponível em: https://www.ufs.br/conteudo/16433-mulheres-envelhecem-s-s–os-ho. Acesso em: 10 jun. 2025.
Kathlyn Dolfi – Graduanda do curso de Bacharelado em Gerontologia na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Participa do projeto Idosos na Informática como monitora. E-mail: kathlyndolfi@usp.br
Fernanda Ramos – Graduanda do curso de Bacharelado em Gerontologia na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Participa do projeto Idoso Online como monitora. E-mail: fernandahs13@usp.br
Rafaela Alves – Gerontóloga licenciada pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Portugal, e mestranda do primeiro ano do Mestrado em Gerontologia Social pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo. E-mail: ra3680562@gmail.com
Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH- USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera com a condução de ensaios clínicos. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo. E-mail: thaisbento@usp.br