SUPERA – Ginástica para o Cérebro

Sexualidade na terceira idade

Eva Bettine é Gerontóloga e pesquisadora em ritmos biológicos, ciclo vigília/sono

Eva Bettine é Gerontóloga e pesquisadora em ritmos biológicos, ciclo vigília/sono

Sexualidade na terceira idade ainda é um tabu entre as pessoas

Sexualidade na terceira idade – “É possível vivermos a sexualidade mesmo na terceira idade?” Estas e muitas outras perguntas são muito frequentes quando falamos sobre sexualidade no envelhecimento. Mas, por que muitas pessoas têm tantas dúvidas? Será que é só nesta fase da vida que elas aparecem?

Pela minha experiência em trabalhar com a terceira idade, percebo que são questões que acompanham as pessoas ao longo da vida, principalmente aquelas que nasceram em uma época em que se estabeleceu que o relacionamento sexual tinha a finalidade única da procriação, e isto se cristalizou de tal forma que se transformou numa crença. Essa crença dividiu a vida das mulheres e dos casais em duas etapas: o antes e o depois da menopausa.

Sob essa lógica, só havia necessidade da mulher manter uma vida sexual até entrar na menopausa. Não estranho o fato de que a menopausa passou a ser um marcador de velhice para as mulheres e motivo de muitos casos de depressão.

2016

Gerontóloga explica sexualidade na terceira idade

Viver a sexualidade na terceira idade é pecado?       

Trabalhando com o tema “sexualidade”, principalmente com pessoas idosas, percebe-se que criou um forte tabu em torno desse assunto, e isto se deve, em grande aparte, às religiões. Isto porque, ao longo da história, a religião relacionou a sexualidade com procriação, e o prazer com pecado.

Sob essa lógica, só havia necessidade da mulher ter vida sexual enquanto pudesse ter filhos. No entanto, os homens continuavam com sua vontade de ter uma vida sexual ativa e aí se davam os grandes desencontros dos casais.

As mudanças sob o ponto de vista biológico

Muitas mudanças acontecem em nosso organismo ao longo do processo de envelhecimento, principalmente em relação à produção de determinados hormônios. Isto faz com que os homens demorem mais para reagir a um estímulo sexual e o tempo de manter o pênis ereto seja mais curto. Além disso, algumas mulheres têm dificuldade e sentem dor na penetração por causa do ressecamento vaginal. Já a chamada impotência masculina, ou disfunção erétil, em geral, tem muito mais a ver com questões emocionais do que biológicas. Para todos esses casos existem tratamentos à base de creme vaginal e reposição hormonal, bem como os medicamentos para melhorar o desempenho sexual masculino e o das mulheres em forma de spray, que já estão em fases de testes comprovando sua eficácia.

Idosos podem ser considerados assexuados?

 Seria muito mais fácil se assim fosse e a sociedade ficaria mais tranquila e muitos problemas estariam resolvidos! Mas… e quando estas pessoas que afirmam isto ficarem idosas? Para elas vale esta verdade?

Foi isto que aconteceu em nosso meio. Era tudo muito simples quando considerávamos os velhos como assexuados. As mulheres velhas somente com vocação para cuidar dos netos e de todos da família, sendo boas donas de casa e os velhinhos vivendo bem sossegados em sua cadeira de balanço!

Por causa destas crenças é que as campanhas de uso de camisinhas para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis eram dirigidas somente aos jovens, e o que se viu foi um aumento no número de pessoas mais velhas contraindo doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS. Agora imagine: você que via a sua avó como uma “vovózinha”, ter a revelação de que ela está com uma dessas doença?

Como viver melhor nossa sexualidade na terceira idade?

 A primeira atitude é eliminar os preconceitos que nos foram incutidos e que não têm nenhum fundamento e servem apenas como repressão.

Depois precisamos ver como auxiliar nosso relacionamento conversando, primeiramente, entre os parceiros e, se necessário, com um médico ou com um(a) conselheiro(a) para estes assuntos.

Para finalizar, lembro que sexualidade não tem a ver somente com o ato sexual em si, mas sim com o toque, o carinho, a parceria e a presença.

Assista ao webinário sobre o tema:

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