Pessoas que experimentam com frequência emoções positivas do envelhecimento são mais flexíveis, sociáveis e abertas ao novo. Mais propensas a aceitar e desenvolver maior variedade de estratégias mentais e comportamentais.
Robert D. Hill descreve sete estratégias para um envelhecimento positivo, destacando como atributos pessoais adquiridos com a maturidade podem ser utilizados para administrar a vida. O autor menciona um estudo de caso utilizado por Robert Atchley (1999), no qual descreve que uma mulher de 88 anos mantinha uma visão positiva da vida, mesmo em meio a dificuldades de mobilidade. Conforme descrito, isso foi possível devido a capacidade de adaptação e otimização de atividades prazerosas dentro do contexto possível.
O autor conclui que se essa mulher tivesse se concentrado nos aspectos negativos da própria vida, a visão positiva teria cedido lugar ao desânimo e a incapacidade de realização e objetivos pessoais.
No livro intitulado Sete Estratégias para um Envelhecimento Positivo, objetiva-se auxiliar o indivíduo a praticar estratégias que promovam uma velhice mais positiva, ajudando a enfrentar desafios e melhorar o bem-estar. Robert D. Hill enfatiza que as estratégias são passíveis de aprendizagem e utilização a todas as pessoas, independentemente de recursos pessoais. As estratégias são:
Estratégia 1 – Você pode encontrar significado na velhice
Nossos interesses, ocupações, relações sociais, crenças e valores ao longo do ciclo vital geram significado para a nossa própria vida. As perdas decorrentes do processo de envelhecimento, como declínios cognitivos, perdas de papéis sociais, falecimento de pessoas próximas, entre outras, dificultam a manutenção da percepção de significado. Por esse motivo, três ações podem contribuir com a retomada de significado:
- Reformular o declínio como uma oportunidade de focar nas coisas que realmente importam.
- Fazer escolhas de vida que o ajudem a continuar a encontrar um significado.
- Encarar os desafios como oportunidades de crescimento pessoal.
Estratégias para um bom envelhecimento
Estratégia 2 – Você nunca está velho demais para aprender
A busca por conhecimento formal ou informal contribui com a manutenção de práticas de estilo de vida ativo e com o bem-estar.
Estratégia 3 – Você pode usar o passado para cultivar a sabedoria
A sabedoria é fruto dos acontecimentos vivenciados no passado, que favorecem as escolhas do presente e do futuro.
Estratégia 4 – Você pode fortalecer relacionamentos ao longo da vida
As relações sociais geram sentido para a própria vida, portanto é importante fortalecê-las ao longo da vida e cultivá-las na velhice.
Estratégia 5 – Ao dar e receber ajuda, você promove crescimento
O altruísmo é uma ferramenta importante para o envelhecimento positivo. O campo da gerontologia demonstra que o voluntariado, o oferecimento de ajuda e doações, assim como o recebimento de ajuda, interferem na qualidade da fase da velhice.
Estratégia 6 – Você pode perdoar a si mesmo e aos outros
A bondade, a compaixão e a empatia permitem a compreensão de que o mundo é imperfeito e o perdão, por exemplo, ajuda a superar sentimentos negativos.
Estratégia 7 – Você pode ter uma atitude grata.
O envelhecimento positivo é um processo de uma vida inteira – do exercício físico à atividade cognitiva – nunca é tarde demais para a introdução de mudanças individuais e políticas públicas que aumentem o desenvolvimento humano e diminuam o risco de declínio e comprometimento. Essas mudanças individuais e as políticas públicas devem levar em consideração a multidimensionalidade implícita no envelhecimento ativo.
É necessário distinguir múltiplos níveis, isto é, população, comunidade e programas individuais de promoção do envelhecimento ativo. Ao nível da comunidade, as políticas públicas devem promover um envelhecimento positivo na população levando em consideração que nunca é tarde demais para melhorar a saúde e desenvolvimento humano. No nível individual, o envelhecimento positivo deve ser integrado em todo o sistema educacional, a fim de tornar o indivíduo consciente do seu poder e controle.
Assinam este artigo
Gabriela dos Santos, Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Assessora científica.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Bacharelado e do Programa de Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo, coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo, parceria científica do Instituto Supera de Educação.