Por Thaís Bento Lima da Silva
A memória humana é uma entidade muito complexa para ser conceituada em apenas uma frase! Cientificamente dizendo, nós chamamos a memória de um subsistema de habilidades que funcionam de modo integrado, como uma orquestra.
A memória é essencial para a sobrevivência humana, com a finalidade primordial de gerar previsões, resgastes e significados de vida. Esta habilidade tem a incrível capacidade de conectar passado e presente, seja com ações implícitas ou explícitas.
Porém, existem vários “tipos de memória”. Neste texto, vamos falar da memória de trabalho, que se trata do arquivamento temporário da informação para o desempenho de tarefas cognitivas.
2018Embora muitos pesquisadores a identifiquem como sinônimo de “memória de curta duração”, este conceito é muito simplista. A memória de trabalho é um sistema de multicomponentes, com capacidade limitada, relacionada à manutenção temporária e processamento da informação durante a realização de tarefas diversas.
Quer um exemplo prático de memória de trabalho? Nós a utilizamos em cálculos mentais, por exemplo, quando executemos um conjunto de operações mentais simultaneamente. Ao fazer a multiplicação 73×73, para que possamos chegar ao resultado correto, devemos realizar várias manipulações com os números em ordem e ao mesmo tempo armazenar resultados parciais.
É destacado cientificamente que esta habilidade melhora ao ser treinada e que o seu ganho pode beneficiar outras habilidades mentais. Este mecanismo é chamado de efeito de transferência.
Ao realizar o treino cognitivo de uma habilidade mental, precisamos nos basear em algumas teorias da gerontologia, pois isso reforça a possibilidade do treino ser mais eficaz, uma vez que entendemos mais as particularidades do envelhecimento.
Por exemplo, na teoria do famoso estudioso Paul Baltes, em todas as fases do desenvolvimento humano, existem estratégias para administrar os diferentes tipos de perdas.
No envelhecimento humano, há uma teoria denominada teoria da Seleção-Otimização-Compensação (SOC) que propõe que a pessoa idosa deve selecionar desafios que lhes sejam relevantes, otimizando as suas habilidades mentais, ao usar estratégias compensatórias para superar perdas associadas ao envelhecimento. Ou seja, é possível otimizar o desempenho da memória de trabalho com estímulos e exercícios de ginástica cerebral.