SUPERA – Ginástica para o Cérebro

Qual benefício da música para idosos ?

Para alguns, a impressão que a música causa limita-se ao sensorial, afetando unicamente o corpo como prazer auditivo ou convite à dança. Nesse caso, encontra-se a maioria das pessoas, que vê na música um passatempo, uma distração.

Enquanto outras pessoas sentem que a música afeta o espírito, expressando sentimentos. Para um terceiro grupo, a música é acima de tudo um exercício intelectual, em que a análise técnico-musical produz o prazer estético.

Entretanto, cada uma dessas posições pessoais em relação à música são singulares e individuais, e ainda assim, tem diversas possibilidades de execução em sua prática, podendo trazer benefícios na cognição de pessoas idosas saudáveis.

Nesse sentido, aprender a manusear um instrumento musical, é uma das formas de estimular a cognição. O estudo de Clara James e seus colegas, publicados em 2020, enfatiza o treino musical como modelo de plasticidade comportamental e cerebral.

A música e o cérebro

           Mas qual é o beneficio da música para idosos? Nesse sentido, a pesquisa retrata que a performance musical depende de áreas cerebrais amplamente distribuídas envolvidas em muitas outras habilidades cognitivas e perceptivo-motoras. As vantagens intrínsecas e cognitivas gerais da música progressiva em combinação com a plasticidade cerebral funcional e estrutural generalizada ocorreram em função da intensidade do treinamento nas redes auditiva, límbica, perceptivo-motora e cognitiva de ordem superior.

            Nesse contexto, o estudo de revisão sistemática e meta-análise de Roman-Caballero, em 2018 visou avaliar os efeitos da prática musical em pessoas idosas saudáveis, em que incluíram uma amostra de participantes com 59 anos ou mais sem comprometimento cognitivo ou dano cerebral. Os resultados mostraram benefícios cognitivos e cerebrais da prática musical, tanto em funções de domínio específico (percepção auditiva) quanto em outras funções de domínio geral.

            Dessa maneira, o trabalho com a música, possibilita a diminuição do estresse, da ansiedade e permite a estimulação de várias partes importantes do cérebro, auxiliando no bem-estar psicológico e melhorando a qualidade de vida das pessoas idosas.

Qual é o beneficio da música para idosos?

Além disso, o reconhecimento dos inúmeros benefícios e das propriedades terapêuticas decorrentes da experiência e vivências mediadas pela música são notórias no estudo de Manzano e colaboradores (2021).

É importante destacar que a prática musical pode despertar memórias e reminiscências do público participante através da apreciação musical, de dinâmicas que possibilitam discussões, em grupos ou individualmente.

Em suma, a prática musical, estimulação, treino e utilização da música em geral, tem o potencial de rebuscar o prazer de cantar, tocar, improvisar, (re) criar musicalmente e (re) descobrir as canções que outrora fizeram parte do repertório dos indivíduos idosos, e com isso, possibilita a abertura de canais de comunicação, interação social, permitindo a expressão das potencialidades individuais e favorecendo o resgate da identidade dos seres humanos.


Assinam este artigo:

Cássia Elisa Rossetto Verga

Gerontóloga pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.

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