
Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre as demências, especialmente a Doença de Alzheimer. Nesse contexto, há sete anos, o Supera Instituto de Educação, em parceria com a Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), realiza o evento “Despertando a Sociedade para a Saúde do Cérebro”, reunindo especialistas para levar informações acessíveis para toda a sociedade, incluindo pessoas acometidas por demências, familiares, cuidadores, profissionais e todas as pessoas preocupadas com prevenção de doenças neurodegenerativas e promoção da saúde cognitiva.
Na 7ª edição do evento, realizada em 13 de setembro de 2025, foi lançada oficialmente a cartilha educativa “EnvelheCiência e Turma da Mônica na Prevenção das Demências”. Esta publicação é fruto da parceria entre o Laboratório de Biologia do Envelhecimento da Universidade Federal de São Carlos (LABEN/UFSCar) coordenado pela Profa. Dra. Márcia Cominetti e o Instituto Maurício de Sousa. Nela, os personagens da Turma da Mônica explicam, de forma lúdica e acessível, os 14 fatores de risco modificáveis para as demências, conforme identificados pela Comissão Lancet, sendo eles:
- Baixa escolaridade
- Perda auditiva
- Colesterol LDL elevado
- Depressão
- Lesão cerebral traumática
- Sedentarismo
- Diabetes
- Tabagismo
- Hipertensão
- Obesidade
- Consumo excessivo de álcool
- Isolamento social
- Poluição do ar
- Perda visual não tratada
Discutir as demências em um contexto intergeracional é fundamental, pois os cuidados com a saúde do cérebro e a prevenção dos fatores de risco devem ser adotados desde a infância até a velhice. Essa abordagem promove hábitos saudáveis entre as diferentes gerações e tem o potencial de contribuir para a redução de estigmas e estereótipos associados às demências. Além disso, facilita o entendimento e o apoio de jovens a familiares acometidos por essas condições, melhorando a qualidade do cuidado e a convivência familiar.
Pesquisas indicam que a presença de um membro com Doença de Alzheimer em uma família altera significativamente a dinâmica familiar. Um estudo realizado com 24 filhas cuidadoras revelou que, após o diagnóstico, houve mudanças nos papéis familiares, com maior proximidade entre as filhas e suas mães, e uma hierarquia mais acentuada entre os netos e os avós acometidos pela doença. Essas alterações exigem uma reavaliação constante das relações familiares para melhor adaptação às novas necessidades de cuidado (Falcão e o Bucher-Maluschke, 2009)
Outro estudo qualitativo (Vizzachi et al., 2015), realizado com duas famílias que convivem com um membro com Alzheimer, identificou estratégias de enfrentamento como ajuda mútua, mobilização de recursos para ativar memórias passadas e a importância da espiritualidade e da fé. Essas estratégias demonstram como a família pode se reorganizar e fortalecer seus vínculos diante do desafio imposto pela doença.
A cartilha “EnvelheCiência e Turma da Mônica na Prevenção das Demências” está disponível gratuitamente para download no site do LABEN/UFSCar. Com este material, educadores, profissionais de saúde, familiares e cuidadores, podem ter acesso a informações claras e práticas para a promoção da saúde cerebral em todas as idades. Baixe agora mesmo no link a seguir: https://www.laben.ufscar.br/pt-br/documentos/versao_final_cartilha.pdf
Multiplique esta informação para quem possa se beneficiar, esta é uma integração da ciência, arte e educação em prol de cuidados preventivos com a saúde do cérebro, apoiada pelo Supera.
Referências:
FALCÃO, D. V. DA S.; BUCHER-MALUSCHKE, J. S. N. F.. O impacto da doença de Alzheimer nas relações intergeracionais. Psicologia Clínica, v. 21, n. 1, p. 137–152, 2009.
VIZZACHI, B. A. et al.. Family dynamics in face of Alzheimer’s in one of its members. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 49, n. 6, p. 931–936, dez. 2015.
Assinam esse texto:
Profª Msc. Gabriela dos Santos – Docente do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro (UNISA). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. É pesquisadora no Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP e atua com estimulação cognitiva para pessoas idosas.
Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da USP. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e vice-diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.