Nos últimos anos, houve um notável aumento na preocupação com a saúde do cérebro, impulsionado por uma crescente compreensão dos importantes papéis que esse órgão desempenha em nossa vida.
Estudos científicos recentes têm fornecido evidências que explicam o porquê dessa crescente conscientização. Desse modo, um dos principais fatores que têm levado as pessoas a se preocuparem mais com a saúde cerebral é o envelhecimento populacional, pois com o aumento da expectativa de vida, ocorreu também o aumento da incidência de doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer. De acordo com o relatório da Alzheimer’s Disease International (ADI), desenvolvido por Gauthier e colaboradores (2021), em 2019, cerca de 55 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com demência, e esse número deve aumentar consideravelmente até 2050, alcançando aproximadamente 139 milhões. Essa projeção alarmante tem levado muitas pessoas a buscar medidas preventivas para proteger a saúde do cérebro.
Além disso, as pesquisas científicas como de Caviglioni e colaboradores têm revelado conexões significativas entre a saúde cerebral e o estilo de vida. Nessa perspectiva, hábitos saudáveis, como uma dieta rica em nutrientes, a prática regular de exercícios físicos e a gestão adequada do estresse, estão associados a um menor risco de declínio cognitivo e demência. Isso tem incentivado muitos indivíduos a adotarem um estilo de vida mais saudável para proteger a integridade do cérebro ao longo do tempo.
Estudiosos como Vasconcelos em 2020 salientaram também que, apesar de ter sido controlada, a pandemia de COVID-19 trouxe à tona preocupações adicionais sobre a saúde mental e a saúde do cérebro. A pandemia teve impactos significativos na saúde mental das pessoas, com sintomas de ansiedade e depressão aumentando substancialmente em muitos países . Essas questões relacionadas à saúde mental têm sido associadas a mudanças estruturais e funcionais no cérebro, enfatizando ainda mais a importância de cuidar da saúde cerebral para o bem-estar geral.
Outro aspecto relevante é o crescente números de pesquisas sobre neuroplasticidade. Estudos têm mostrado que o cérebro possui a capacidade de se reorganizar, formando novas conexões neurais e até mesmo gerando novos neurônios em certas áreas, mesmo na idade adulta. Isso significa que o cérebro pode se adaptar e se fortalecer com base em estímulos e atividades específicas. Essas informações têm estimulado as pessoas a buscarem atividades que promovam a estimulação cognitiva, com ênfase em habilidades da cognição, como a memória, o raciocínio lógico, atenção, linguagem, entre outras capacidades, além do aprendizado contínuo, a fim de preservar a agilidade mental e a função cerebral.
Nesse sentido, visando ter uma boa saúde geral, é fundamental cuidar do cérebro, por meio de medidas preventivas, com um estilo de vida saudável, que inclui uma dieta balanceada e saudável, a prática regular de exercícios físicos, controle do estresse e busca constante por atividades que estimulem a cognição. Ao valorizar e proteger o cérebro, pode-se promover um envelhecimento mais saudável e garantir que esse órgão extremamente importante continue funcionando da melhor forma possível ao longo da vida.
Referência:
CAVIGLIONI, Vanessa Moreno; SILVA, Lara Bérgamo. O papel dos padrões alimentares na prevenção de demência: revisão da literatura. Journal of the Health Sciences Institute, v. 39, n. 4, p. 279-85, 2021.
GAUTHIER, Serge et al. World Alzheimer Report 2021: Journey through the diagnosis of dementia. Alzheimer’s Disease International, v. 2022, p. 30, 2021.
VASCONCELOS, Sílvia Eutrópio et al. Impactos de uma pandemia na saúde mental: analisando o efeito causado pelo COVID-19. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 12, n. 12, p. e5168-e5168, 2020.
Assinam este artigo:
Diana dos Santos Bacelar
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro.
Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de letramento digital.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.