“Let’s dance”, cravou o eterno David Bowie. E ele tinha boas razões para nos encorajar a perpetuar esta arte que tanto faz bem ao corpo… e também ao nosso cérebro. Na verdade, um estudo recente feito por uma equipe alemã demonstrou os benefícios da dança para a saúde mental, principalmente para as pessoas de mais idade. Melhor parte da notícia: não precisa ser um astro da dança para aproveitar-se dos benefícios da prática.
No estudo, publicado na Revista Frontiers in Human Neuroscience, os cientistas compararam os efeitos da prática regular da dança sobre a estrutura e a função do cérebro, bem como sobre a performance motora e cognitiva dos participantes, em relação a um programa de emagrecimento. 52 pessoas em bom estado de saúde foram separadas em dois grupos: dançarinos e esportistas.
2018O estudo durou 18 meses e permitiu aos pesquisadores obter 26 séries de dados completos com 14 dançarinos e 12 esportistas. Os dois grupos tinham a mesma faixa etária (média de 67.9 anos), mesmo sexo (50% homens entre os dançarinos e 58% , entre os esportistas), grau de escolaridade e IMC (Índice de Massa Corporal). Nos seis primeiros meses, cada grupo participava de duas aulas por semana, com duração de 90 minutos cada. Por questões de organização, a frequência dos treinos passou a uma vez por semana durante os 12 últimos meses.
No curso de dança, eles aprenderam coreografias que tinham de ser memorizadas. Para aprimorar o sistema de equilíbrio, eles dançaram mambo, rock e passos de jazz. No programa de esportes, eles trabalharam mais o condicionamento físico , flexibilidade e resistência.
Os resultados mostraram que, nos dois grupos, houve um aumento da região do hipocampo no cérebro. Esta região desempenha um papel importante na aprendizagem, na memória e visão espacial. Então, com o avanço da idade, o volume do hipocampo pode diminuir. Mas em comparação somente a dança provocou mudanças nos comportamentos perceptíveis ligados ao equilíbrio. Os autores do estudo explicaram que, diferentemente dos esportistas, os dançarinos tiveram de manter as rotinas em constante evolução.
Assim, a prática regular da dança parece ser promissora para melhorar a estrutura do cérebro entre os idosos, principalmente a plasticidade no hipocampo, porque ela associa a flexibilidade física e as habilidades cognitivas ligadas ao aprendizado.
Bora dançar!
Fonte: Kathrin Rehfeld, Patrick Müller, Norman Aye, Marlen Schmicker, Milos Dordevic, Jörn Kaufmann, Anita Hökelmann, Notger G. Müller. « Dançar ou Praticar Esportes? Os Efeitos de dois programas de treinamento para plasticidade do hipocampo e desenvolvimento de habilidades na saúde dos idosos ». Frontiers in Human Neuroscience, agosto de 2017