Os segredos dos centenários são muitos e multifatoriais. A busca pela longevidade e compreensão dos fatores que contribuem para a vida centenária tem sido um tema de interesse crescente na ciência contemporânea.
Nos últimos anos, avanços significativos têm sido alcançados na compreensão das particularidades que envolvem os centenários e sua notável longevidade. Os cientistas estão revelando insights valiosos sobre o envelhecimento saudável que se concentram nas áreas médica, fisiológica e genética, além de estratégias para uma vida mais longa e plena.
Os centenários, indivíduos que atingem a marca dos 100 anos de idade ou mais, representam uma parcela relativamente pequena da população global.
No entanto, essas pessoas têm se tornado cada vez mais relevantes para os pesquisadores que buscam desvendar os segredos da longevidade. Desde 1960, tem ocorrido um aumento exponencial no número de centenários, a cada década que se passa.
Esse fenômeno é um resultado direto do crescente contingente de pessoas com idade superior a 80 anos em todo o mundo.
Quando pensamos nos segredos dos centenários e observamos os dados históricos, em 1950, havia somente 24.000 centenários em todo o globo, porém hoje esse número se elevou para 269.000, e as projeções indicam que até 2050 poderemos ter impressionantes 3,8 milhões de centenários (KUMON et al., 2009).
Os segredos dos Centenários: como viver mais?
Quando consideramos os ‘segredos dos centenários’, no Brasil, entre os estados com o maior número de centenários, destacam-se São Paulo, com 4.457, seguido da Bahia (2.808), Minas Gerais (2.765), Rio de Janeiro (2.029) e Rio Grande do Sul (1.313) (de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2009).
Porém, devemos lembrar da dificuldade em se conseguir números corretos porque na época em que esses indivíduos nasceram, o acesso à certidão de nascimento era bastante limitado. Quem frequentemente declara a idade desses idosos são os seus familiares, que, em algumas ocasiões, não sabem dizê-la com precisão.
No Japão de acordo com pesquisador como Suzuki e colaboradores, a cidade de Okinawa exibiu a maior concentração de centenários, com 400 deles em 2002, ou seja, 34 por 100.000 habitantes. Nos Estados Unidos, essa proporção foi de 10 centenários por 100.000 habitantes.
Estudos recentes têm mostrado que a genética desempenha um papel importante nesse fenômeno. Uma pesquisa liderada pelo italiano Paolo Garagnani e colaboradores (2021) e publicada na revista eLife mostrou resultados interessantes sobre resistência e longevidade em idosos, como a identificação de variantes genéticas em dois genes, chamados STK17A e COA1, que eram mais frequentes nos indivíduos com mais de 105 anos.
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Além da genética, fatores ambientais e comportamentais também desempenham um papel crucial na longevidade. Centenários frequentemente compartilham hábitos de vida saudáveis, como uma dieta equilibrada rica em nutrientes, a prática regular de atividade física e a manutenção de relações sociais significativas.
Existem cidades no mundo onde a população vive significativamente mais em comparação com outras regiões do mundo, são lugares onde os indivíduos vivem mais e melhor conhecidos como Blue Zones, ou ‘Zonas Azuis’, em portugês. São cinco as Blue Zones: Okinawa (Japão), Península de Nicoya (Costa Rica), Ilha de Ikaria (Grécia) e Lima Linda (Estados Unidos).
Ainda sobre os segredos dos centenários os estudos identificaram os principais comportamentos comuns das Blue Zones, como atividade física, alimentação saudável com grãos, proteínas e carne de porco, propósitos de vida, manejo do estresse, espiritualidade, rede familiar fortalecida, vínculo social e o hábito de comer até 80% de saciedade para evitar excessos alimentares.
Para saber mais acerca da longevidade da cultura japonesa, indicamos dois documentários muito pertinentes:
- Documentário do fotógrafo José Jeuland sobre centenários em Okinawa, Japão: https://www.josejeuland.com/longevity-okinawa-japan-centenarians/
- Okinawa Research Center for Longevity Science: https://orcls.org/
É relevante salientar por fim que os centenários são como elos vivos entre gerações, pontes entre passado e presente. Eles nos inspiram a abraçar cada momento com gratidão, cultivar conexões significativas e nutrir um legado que transcenda os anos que nos são dados.
Assinam este artigo
Diana dos Santos Bacelar
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro.
Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de letramento digital.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.