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O uso do álcool, a pandemia de COVID-19 e a saúde mental

Mulheres e homens em casa durante a pandemia consomem mais álcool

O contexto de pandemia da COVID-19 trouxe reflexões importantes relacionadas à saúde mental.

O distanciamento social e as mudanças na rotina, impostas pela pandemia, causaram um aumento expressivo nos relatos de quadros de ansiedade, nos sintomas de estresse e de depressão em adultos e idosos.

Consequentemente, associações de saúde mental, como a Associação Brasileira de Psiquiatria observou um aumento do uso crônico do álcool, como estratégia de combater prejuízos psicológicos persistentes.

De acordo com dados estatísticos da Organização mundial da Saúde (OMS, 2021), o Brasil é um dos países que mesmo antes da pandemia, já apresentava um dos maiores consumos de álcool do mundo.

A busca pelo uso de álcool em situações de estresse e tristeza ocorre, de modo equivocado, por seu efeito depressor do sistema nervoso central, que, em uma primeira fase, parece relaxar e dar prazer a quem o consumiu.

Por outro lado, este mesmo efeito relaxante é responsável pela ocorrência de diversos tipos de acidentes, por causar desconcentração, desorientação espacial, perda do equilíbrio.

Estudos relatam a frequência de             quedas, queimaduras, choques, assim como traumatismos decorrentes de acidentes no domicílio, ou de trânsito, por exemplo, que podem causar lesões que, por vezes, requerem atendimentos de urgência.

Há estudos que apontam a intensificação do uso de álcool em situações de luto. Assim, à medida que a COVID-19 aumenta a sua incidência, como uma das principais causas de morte, surge a preocupação sobre os padrões de consumo de álcool durante o isolamento social e sobre as suas consequências para os próximos anos.

Sendo a pandemia uma vivência de potencial condição de morte e por se assemelhar à experiência de episódios traumáticos naturais, é possível imaginar que os padrões de consumo de álcool serão aumentados, com implicações para a mortalidade e morbidade associadas.

De acordo com as sociedades brasileiras de Endocrinologia e de Cardiologia, o indivíduo etilista, popularmente conhecido como alcóolatra, é aquele que consome mais de oito doses de bebidas durante a semana e não ao dia, porém já em riscos para desenvolvimento de algumas doenças como: o câncer, a hipertensão, o diabetes e as doenças cardiovasculares.

Dentre as principais consequências relacionadas com o uso crônico do álcool estariam: as alterações comportamentais, como a agressividade, a irritabilidade, o déficit nutricional de vitamina B12, vitamina que está ligada à produção de neurotransmissores, que são proteínas importantes para o processo de aprendizagem e a formação de novas memórias.

Com o decorrer dos anos, sabe-se que há déficits de concentração de tiamina (vitamina B12) na circulação sanguínea de adultos maduros (de 40 a 50 anos), pois o alcoolismo gera, alterações no funcionamento do fígado, fazendo com que não seja possível absorver adequadamente, a vitamina B12, com riscos do desenvolvimento de uma síndrome conhecida como Korsakoff, em que acontecem acúmulo de toxinas decorrentes do álcool e de seus derivados.

Desta forma, gerando prejuízos no desempenho de habilidades mentais, como a memória de curto prazo e a memória recente, um pior funcionamento executivo e um prejuízos no desempenho em linguagem (na compreensão e expressão das informações).

A longo prazo, a síndrome de Korsakoff pode evoluir para um tipo de demência, chamada de demência alcóolica.

Neste sentido cuidados com a saúde mental se fazem necessários, visando a prevenção de alterações emocionais, maior interação social.

Evitar o consumo abusivo de substâncias como o álcool, que geram dependência e prejuízos na saúde mental, pois podem ser irreversíveis.

Por isso cuide da sua qualidade de vida e da sua saúde mental, a vida de todos nós importa e muito.

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 Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva- Docente do Curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GNCC-FMUSP). Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo e da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).

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