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O processo de envelhecimento de pessoas do transtorno do espectro autista

O envelhecimento é um fenômeno de interesse universal que desperta atenção tanto na comunidade científica quanto na sociedade em geral. No entanto, no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), o processo de envelhecimento apresenta particularidades e desafios únicos que demandam uma análise mais profunda e abrangente.

De acordo com Oliveira, Cupertino e Silva (2023), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser caracterizado como um distúrbio que afeta o neurodesenvolvimento e persiste ao longo da vida, manifestando-se com déficits na comunicação social, interação social e comportamentos restritos e repetitivos. Logo, o envelhecimento de indivíduos com TEA requer cuidados específicos e uma abordagem clínica adaptada, visando à promoção da qualidade de vida e à melhoria da longevidade para esses indivíduos. Nesse sentido, é relevante reconhecer que o TEA é uma condição que persiste ao longo da vida, afetando o indivíduo em todas as fases do desenvolvimento.

Como é o processo de envelhecimento de pessoas do transtorno do espectro autista

À medida que as pessoas com TEA envelhecem, surge a necessidade de compreender como o processo de envelhecimento influencia suas vidas, necessidades e bem-estar. Um aspecto importante a ser considerado é a saúde, tanto física quanto mental, durante o processo de envelhecimento em pessoas com TEA. A Organização Mundial da Saúde (2023), ressalta que essas pessoas podem enfrentar desafios relacionados a condições médicas crônicas, como distúrbios gastrointestinais e epilepsia, além de questões de saúde mental, como ansiedade e depressão, que podem ser agravadas com o avançar da idade.

Além disso, a transição para a vida adulta e a idade avançada podem trazer consigo uma série de desafios sociais e de adaptação para indivíduos com TEA, portanto, questões como independência, moradia, emprego e participação na comunidade assumem uma importância ainda maior durante o processo de envelhecimento, exigindo estratégias de apoio individualizadas e programas de intervenção específicos para garantir uma transição bem-sucedida e uma qualidade de vida satisfatória.

No que diz respeito às habilidades sociais e de comunicação, as mudanças na dinâmica social e nas relações interpessoais podem demandar intervenções personalizadas para promover a manutenção de conexões sociais significativas e o desenvolvimento de habilidades adaptativas ao longo da vida. Sato et al. (2021) ressaltam a importância de direcionar atenção ao processo de envelhecimento das pessoas com TEA, considerando o aumento da expectativa de vida desse grupo. Indivíduos com TEA enfrentam desafios significativos de participação na vida social, o que reflete a necessidade urgente de políticas públicas sensíveis às suas necessidades básicas e direitos.

Por meio de uma abordagem científica e multidisciplinar, é possível aprofundar o entendimento sobre o envelhecimento em pessoas com TEA e desenvolver intervenções mais eficazes e centradas na pessoa. Ao explorar esta área de pesquisa, pode-se obter a oportunidade de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar desses indivíduos, garantindo que eles envelheçam com dignidade, autonomia e respeito.

Diante desse cenário, é crucial adotar uma abordagem holística e inclusiva, reconhecendo os múltiplos desafios enfrentados pelas pessoas com TEA ao longo do processo de envelhecimento. Isso requer não apenas a implementação de políticas públicas abrangentes, mas também uma mudança de mentalidade na sociedade para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos, independentemente de suas condições.

Assinam este artigo:

Laydiane Alves Costa – Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-graduanda em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo (GETEC). Assessora científica do projeto de pesquisa de validação do Método SUPERA.

Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva. Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH- USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade
de São Paulo.

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