O condutor idoso possui particulariedades durante o processo de envehecimento e uma das principais delas incluem a capacidade de locomoção.
O ato de dirigir proporciona a sensação de autonomia e liberdade para o indivíduo condutor. Entretanto, é necessário atentar-se às alterações advindas do processo de envelhecimento e as mudanças no Código de Trânsito Brasileiro, para condutores com idade superior a 50 anos.
O envelhecimento normativo está associado com a redução do desempenho físico, cognitivo e sensorial, que incluem a mobilidade, atenção, memória, velocidade de processamento, visão e audição. A manutenção dessas habilidades é fundamental para que uma pessoa tenha independência nas atividades de vida diária e dirija de maneira segura, a fim de evitar acidentes.
O condutor idoso: entenda três fatores primordiais para uma direção sem riscos:
Visão
Enxergar com clareza é essencial para a condução de um veículo, motoristas com danos relacionados à visão, sem o tratamento adequado enfrentam dificuldades para visualizar a pista, veículos, sinalização, pedestres e realizar manobras.
Dentre as principais doenças oculares que acometem as pessoas idosas estão a catarata, o glaucoma, a retinopatia diabética e a degeneração macular, o que reduz o campo visual, de modo que automóveis e outros objetos perto do motorista são difíceis de serem vistos, também ocasionando o ofuscamento pelos faróis que se aproximam ou pela iluminação das ruas.
Audição
A audição no trânsito é tão importante quanto a visão, um problema auditivo pode impedir o condutor idoso de escutar sinais sonoros como os que são utilizados em linhas de trem que cruzam pistas, de identificar um barulho diferente no próprio veículo e de escutar uma buzina e diferenciar de qual lado ela vem. Além disso, perto do sistema auditivo fica o labirinto, órgão que ajuda a manter o equilíbrio, é comum sentir tontura quando ele está alterado.
Declínio cognitivo
Condutor idoso com comprometimento cognitivo leve (CCL) ou demência, apresentam comprometimento no tempo de reação, na memória, nas funções executivas, habilidades visuoespaciais e concentração, fatores que contribuem para que ocorram eventos perigosos e inesperados na estrada.
Vale ressaltar que algumas medicações que são usadas frequentemente por idosos podem gerar efeitos colaterais perigosos ao volante, como sono, desatenção, alteração na visão e confusão mental. Observe a reação após tomar determinada medicação. Se sentir algum sintoma que coloque em dúvida seu desempenho ao volante, evite dirigir.
No Brasil, não existe idade limite para tirar a Carteira Nacional de Habilitação, apenas o tempo de validade da CNH se altera de acordo com a idade. Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, Lei no 14.071/2020, artigo 147, o Exame de Aptidão Física e Mental (EAFM), deve ser renovado: A cada dez anos para condutores com idade inferior a 50 anos, a cada cinco anos, para condutores com idade igual ou superior a 50 anos e inferior a 70 anos, a cada três anos, para condutores com idade igual ou superior a 70 anos.
E você já renovou esse exame? Se atente ao prazo!
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Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.
Sabrina Aparecida da Silva
Graduanda do curso de Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Estagiária na área de pesquisa em treino cognitivo pelo instituto SUPERA- Ginástica para o Cérebro. Atuou como bolsista do projeto de pesquisa intitulado “Indicadores de Adesão à Vacinação Contra COVID-19 entre Idosos Longevos Atendidos em um Centro de Saúde Escola da USP” e da oficina “Mentes Ativas” da USP60+.
Maria Antônia Antunes de Souza
Graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Foi bolsista de iniciação científica PUB do projeto intervenções psicoeducativas para a COVID-19 aliada à estimulação cognitiva no programa USP 60 + e atualmente é membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP (GETCUSP).