Eu sempre fui um aluno disperso em sala de aula. No começo prestava atenção, mas, aos poucos, me distanciava e ia para outras atividades. Mas eu não me preocupava tanto, pois quando chegava em casa ligava o som e me envolvia nos estudos. Assim eu conseguia correr atrás do tempo perdido.
Hoje, com minha experiência como educador do SUPERA, consigo perceber que apresentava déficit de aprendizagem, que está relacionado à atenção e meu estilo de aprendizagem. A música me auxiliava na hora dos estudos, porque me distanciava de outros ruídos que pudessem atrapalhar minha atenção concentrada necessária naquele momento.
Quando estou em sala de aula, agora como educador, me deparo com alunos com este mesmo perfil, passando pelas mesmas dificuldades que eu. Lembro-me quão frustrante era, e quanto era melhor focar com a música.
2015Por isso, utilizo a música durante as atividades do SUPERA, como por exemplo, no momento do ábaco. As músicas são escolhidas a dedo e prefiro as instrumentais (clássicas ou músicas populares) pois dessa forma o cérebro do aluno não vai se preocupar em decodificar o que está ouvindo.
Em consequência destas atitudes tenho tido muitos retornos positivos em sala de aula e também dos pais, devido ao prazer repentino dos filhos em estudar. A música funciona para a mente inquieta desses alunos como abafador de sons externos que conflitam em suas mentes, não permitindo que se concentre em uma única atividade.
Esse benefício que a música proporciona é explicado pela neurociência da seguinte maneira: o hemisfério direito do cérebro, considerado “responsável” pelas emoções, quando reconhece uma música instrumental requer quase 100% do processamento do hemisfério direito, não deixando oportunidades para o cérebro ficar ansioso. Desta forma, o hemisfério esquerdo que é considerado o lado lógico, fica livre para processar o que o aluno está estudando.
Dentre as músicas consideradas como mais adequadas para estudar destaca-se o estilo Barroco, e também algumas formatadas em laboratório conhecidas como “neurofrequências”, que são músicas especificas para leitura, raciocínio e memorização, em que o aluno tem que ouvir, pelo menos, seis minutos antes para entrar no estado ideal de concentração. Há quem diga que a música causa esses efeitos baseado na teoria das moléculas de água, em que a música altera a frequência de vibração dessas moléculas influenciando o estado do cérebro.
Essa teoria defende que as batidas por minuto (bpm) estão relacionadas a efeitos específicos sobre cognição. Músicas clássicas de 60 a 70 bpm favorecem a concentração e o raciocínio lógico. Em uma experiência científica, alunos que escutaram Para Elise, de Beethoven, durante os estudos, acertaram em média 12% a mais em testes de matemática, enquanto músicas de 50 a 80 bpm (Satisfaction, dos Rolling Stones) permitem ao cérebro absorver e lembrar as informações mais facilmente, além de proporcionar o aumento da criatividade.
Estes são exemplos de como podemos utilizar a música como nosso aliado. Devemos também ter a consciência de que nossas habilidades são passíveis de estímulos e que são peças fundamentais para o nosso sucesso. Se você quiser utilizar dessa metodologia, mas não sabe como medir os BPM’s das músicas, sites como o Spotify possuem playlists específicas para o momento de estudo.