O cuidado de idosos com demência envolve diversos fatores, externos, internos e comportamentais.
Em 2015, 47 milhões de pessoas viviam com demência em todo o mundo. Espera-se que esse número aumente para 132 milhões até 2050 (OMS, 2017).
Perda de memória, alterações de humor e personalidade e dificuldades de comunicação e realização de tarefas diárias estão entre os sintomas que podem estar associados à demência (Alzheimer’s Association, 2018).
Devido à natureza dos sintomas, a demência não afeta apenas a pessoa, mas também os familiares e cuidadores. Como resultado, há uma necessidade crescente de apoio social e de saúde para pessoas que vivem com demência (OMS, 2017).
Nesse contexto, o cuidado de idosos com demência envolve a inclusão social que pode ser definida como o envolvimento em atividades e interações significativas que promovem laços e relacionamentos sociais.
As intervenções que promovem a participação em atividades sociais são importantes, porque fornecem um canal de comunicação para pessoas com demências para engajamento coletivo: engajar, interagir e conversar com outras pessoas. Isso também pode proporcionar empoderamento, prazer e prevenir a deterioração cognitiva.
Cuidado de idosos com demência e convivio entre gerações
Logo, a interação entre as gerações, seja entre jovens, adultos e pessoas idosas, pode ser um fator promissor. Em um estudo inovador de Blais (2017) os autores mostraram efeitos benéficos para pessoas com demência, incluindo maior engajamento em atividades e inclusão social e diminuição da depressão e ansiedade.
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Exemplos de resultados positivos para as gerações mais jovens podem incluir atitudes mais positivas em relação a pessoas com demência, habilidades sociais aprimoradas e maior autoconfiança (BLAIS, 2017).
O estudo de Lodovici e colegas (2018) objetivou capacitar jovens em situação de vulnerabilidade social, frequentadores de uma instituição, o Projeto Quixote, que foram orientados para assumir o papel de agentes socioculturais, quando partilham com pessoas idosas, frequentadores do Centro-Dia Pasárgada, de atividades de ocupação do tempo livre.
Nesse sentido, a meta foi a reaproximação de membros de ambas as gerações, sendo desenvolvida uma pesquisa-ação, de caráter educacional, sendo aplicado o método qualitativo à luz da fundamentação gerontológica, complementado pela observação-participante, com registro em Diário de Pesquisa (Ludovici, 2018).
Como resultados das intervenções nas oficinas, ocorreu a sensibilização dos jovens para as questões do envelhecimento e da velhice; verificou-se sua aderência e mobilização às reflexões que estavam sendo feitas, ocorrendo imediatamente seu engajamento às atividades propostas, ou seja, a criação e oferta de oportunidades socioculturais para as pessoas idosas, ligados ao Centro-dia Pasárgada (Ludovici, 2018).
As ações visavam à aproximação aos idosos, sua integração a atividades conjuntas, visando à consequente redução de inatividade cotidiana e o ganho de sentido para a vida de ambos (Ludovici, 2018).
Logo, esses resultados sugerem que é importante estar atento ao escolher atividades e incluir atividades que equilibrem as habilidades e preferências dos participantes mais jovens e mais velhos. Uma maneira de testar a adequação das atividades é permitir que ambos os grupos de participantes realizem várias atividades antes do início formal dos programas.
Isso permite que os pontos fortes das pessoas idosas sejam comparados aos dos mais jovens, que também podem se beneficiar da experiência do idoso. O importante é que haja trocas de experiências intergeracionais e que os benefícios se estendam para a qualidade de vida dos envolvidos, em específico, para as pessoas com algum tipo de demência, desacelerando o respectivo processo cognitivo e cerebral.
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Assinam este artigo:
Cássia Elisa Rossetto Verga
Gerontóloga pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.