Hoje vamos falar sobre treinamento cerebral

Cheio de mistérios, o cérebro é alvo de estudos científicos desde à Antiguidade, quando Aristóteles dizia que este órgão era o refrigerador dos ardores do coração; até o início do século XX, quando Golgi propõe ser o cérebro uma rede sem emendas para, logo em seguida, Ramóen Y Cajal descreverem o neurônio como uma célula distinta.

Enormes saltos nas pesquisas sobre o funcionamento do cérebro construíram o conhecimento da neurociência moderna. Finalmente, chegamos ao século XXI com a teoria do cérebro, resultante do mapeamento das regiões cerebrais com funções distintas que respondem a diferentes estímulos, o que nos levou às descobertas mais recentes que nos dão conta do potencial de expansão e da modulação da rede neural em sua arquitetura cognitiva, graças à neurogênese e à neuroplasticidade como reação à estimulação repetitiva e de qualidade.

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E como podemos aproveitar deste importante processo de reorganização neural para incrementar nossas potencialidades intelectuais? Ora, oferecendo a este nobre órgão estímulos frequentes e diversos que o provoquem a reagir e manter-se ativo, ampliando nossa reserva cognitiva.

E como fazer isto? O treinamento cerebral potencializa as habilidades cognitivas, tais como memória, raciocínio lógico, visão espacial, linguagem, melhorando sobremaneira as funções executivas do cérebro (memória de trabalho, flexibilidade mental e controle inibitório) e contribuindo desta forma para o nosso bem-estar e qualidade de vida.

O treinamento cerebral é realmente produtivo para todos?

Embora a plasticidade neural tenha se mostrado ativa em todas as idades, é certo que para cada pessoa ou mesmo para cada faixa etária, há uma maneira específica de induzi-la, de modo a proporcionar o ajuste adequado das diferentes habilidades mentais e, assim, promover o equilíbrio e o alto rendimento das funções cognitivas inatas.

Em crianças e jovens, os quais a plasticidade neuronal é intensa, é mais fácil entendê-la como consequência natural do processo de aprendizado escolar que pode ser otimizado por um programa regular de treinamento cerebral.

Contudo, em adultos, tem-se erroneamente o conceito de que o órgão já maduro, no auge de sua especialização, estabiliza-se em suas funções, caminhando para uma perda progressiva e passivamente aceita como resultado das limitações regenerativas do cérebro, inerentes às pessoas de terceira idade. E isto não é verdade!

Sabe-se hoje, que os adultos mantêm a sua plasticidade natural (Nudo, 2006), seja através da reordenação das sinapses, seja através da gênese de novos neurônios, o que permite a aquisição de novos conhecimentos, a mudança de antigos padrões e comportamentos e, se necessária, a recuperação de uma possível lesão (Duffau, 2006). Desta forma, o treino cerebral para adultos é fortemente sugerido como ferramenta para o fortalecimento de suas habilidades mentais contra o envelhecimento e uma garantia de longevidade intelectual a ser desfrutada nos próximos anos.

Para a terceira idade o treinamento cerebral tem como objetivo a manutenção da sua reserva cognitiva, evitando o desequilíbrio intelectual e controlando ou mesmo postergando os processos degenerativos nervosos naturais da senilidade.

Agora que você sabe o que o teu cérebro pode fazer, vamos tomar conta desta nossa caixinha do pensamento? Que tal prepará-la para abrigar uma mente mais ágil e produtiva por toda a sua vida?