Nosso cérebro não para de se desenvolver nunca. Podemos aprender algo aos 90 anos e ainda assim ele fará novas conexões. Incrível, né?
Mas o desenvolvimento desse órgão espetacular acontece de forma mais acentuada logo nos primeiros anos de vida, no período denominado primeira infância, uma das fases mais importantes e que irá determinar em grande parte todo potencial cerebral futuro da criança.
A adolescência também é um período marcado por inúmeras transformações e que necessita de estimulação cognitiva para garantir a saúde do cérebro.
Se você quer entender o porquê, continue a leitura!
Neste conteúdo você verá:
- O que é a primeira infância, afinal?;
- A adolescência: um renascimento;
- A importância da estimulação cognitiva.
Não precisa ser mãe e pai para saber que as crianças precisam de cuidado, né? Eles têm tosse, ficam com febre, têm cólicas (isso para os bebês), ralam os joelhos, ficam tristes… Muitas coisas podem acontecer com as crianças e adolescentes e por isso eles precisam de toda a nossa atenção.
Mas você sabia que muito além do físico, esses cuidados têm também de ser cognitivos?!
Por muito tempo acreditou-se que a estrutura cerebral das crianças já se encontrava pronta ao nascer e que assim se manteria até o fim da vida. No entanto, atualmente sabemos que o cérebro está em constante construção e necessita de diversos cuidados, principalmente na primeira infância.
Mas afinal, o que é a primeira infância?
A primeira infância compreende os cinco primeiros anos de vida das crianças e é um período caracterizado por intenso desenvolvimento cerebral. Para se ter uma ideia, de 0 a 3 é o momento em que ocorrem mais conexões neurais do que em qualquer outra fase da vida.
Além disso, todas as experiências e interações vivenciadas neste período irão afetar diretamente o circuito e estrutura arquitetônica cerebral das crianças. Podemos pensar em estrutura arquitetônica da mesma forma como pensamos a estrutura de uma casa: para que seja firme precisa de materiais de qualidade, uma construção firme e pessoas que a construam.
Com o desenvolvimento cerebral das crianças não é diferente, as interações que estabelece, o carinho que recebe, o crescimento em meio a um ambiente seguro, saudável e acompanhado de estimulação das mais variadas ordens – visual, auditiva, imaginativa, cognitiva, etc – irão construir bases sólidas e habilidades tais como inteligência emocional, capacidade de aprender e adaptar-se a novas situações e demonstração de resiliência em meio à situações difíceis.
A adolescência: um renascimento
A adolescência é também um período marcado por transformações, tanto biológicas quanto comportamentais. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), esse período vai dos 12 aos 18 anos e representa a transição entre infância e vida adulta, daí o motivo de ser um momento turbulento na vida dos jovens.
Talvez o exemplo mais representativo das mudanças intensas ocorridas no período da adolescência seja a animação da Disney denominada Divertida Mente, direção de Pete Docter.
Por meio de uma sequência lúdica e didática, o filme nos mostra como se dá o funcionamento do cérebro e das emoções nessa idade. No filme, a adolescente Riley tem de lidar com a situação da mudança de cidade junto a seus pais. Como pano de fundo dessa situação enfrentada pela protagonista, vemos tomar forma a alegria, tristeza, medo, raiva e nojinho, emoções naturais do ser humano e que na trama, ganham vida.
A cena em que são derrubadas e criadas novas ‘ilhas’, cujas memórias e experiência foram responsáveis por criar, simboliza o crescimento e o funcionamento dos circuitos cerebrais, em que algumas concepções são ressignificadas – como o conceito de família, e outras são eliminadas – como as ilhas ‘Mundo das Princesas’ e ‘Museu dos Ursos de Pelúcia’ que atuam como uma metáfora para brincadeiras e gostos que ficaram na infância.
Um outro aspecto importante no funcionamento do cérebro na adolescência é a mielinização, ou seja, a aquisição da mielina, uma substância responsável por fazer andar mais rapidamente os impulsos nervosos no cérebro e que só termina aos 20 anos.
Sabe-se que em algumas partes do cérebro, como a região do córtex pré-frontal, o processo de mielinização é um tanto quanto mais demorado e essa é uma área do cérebro que atua no controle da impulsividade e das emoções e na ponderação de riscos.
E o que isso pode nos dizer?
A mielinização, que ocorre de forma mais lenta justamente na parte do cérebro que controla os impulsos nervosos e ponderação de riscos, justifica o comportamento impulsivo e inconsequente de muitos jovens.
É também sabendo disso que podemos auxiliá-los a lidar com os próprios sentimentos, controlar sua impulsividade e refletir sobre os riscos que eles não veem em uma determinada situação.
Agora que você já entendeu o que acontece no cérebro das crianças e adolescentes nos primeiros anos de vida, vamos te explicar como trabalhar a estimulação cognitiva nesse período.
A importância da estimulação cognitiva para crianças e adolescentes pode ser trabalhada por meio:
Da interação social
Um dos estímulos fundamentais tanto para crianças quanto adolescentes é a comunicação. É a partir dela que as crianças criam relacionamentos significativos e estabelecem vínculo com outras pessoas.
É também por meio do contato com outras crianças que elas desenvolvem a paciência e aprendem a lidar com frustrações, como quando o amigo não quer emprestar um brinquedo, por exemplo.
Na adolescência a comunicação tem a mesma importância, falar sobre os sentimentos em um período turbulento é a chave para uma entrada saudável na vida adulta e um cérebro preparado para lidar com as adversidades que virão.
Fazendo isso você trabalhará as habilidades de comunicação, paciência e inteligência emocional.
Da construção de autonomia
Trabalhar a construção da autonomia nas crianças nem sempre é fácil, isso porque é necessário deixá-los enfrentar as situações difíceis ao invés de protegê-los de tudo. Matthew Rouse, do instituto americano Child Mind, nos dá uma boa dica de como exercitar a construção da autonomia. Segundo o psicólogo, diante de uma tarefa frustrante os responsáveis devem maneirar no excesso de supervisão para que não desestimulem a criança.
“Em vez de a criança (aprender a) reconhecer que está frustrada com a lição e descobrir como lidar com isso, ela sentirá que seus pais a estão frustrando ao forçando-a a fazer a tarefa”, disse Matthew.
Com isso você trabalhará habilidades como segurança, tomada de decisão, responsabilidade e discernimento.
Do incentivo com reforço positivo
O reforço positivo é um método oriundo da psicologia e tem como função condicionar um bom comportamento dos pequenos. Uma boa maneira de trabalhar com isso é utilizar quadros de bom comportamento ou realização de tarefas, tais como as escolares, ou até mesmo guardar brinquedos.
Você também pode oferecer um passeio por boas notas obtidas e com isso demonstrar incentivando-o a melhorar cada vez mais. E caso não haja boas notas mas mesmo assim você observou um grande esforço, pode ser feito elogios também.
Fazendo isso eles terão consciência e poder sobre suas perdas e ganhos, cultivando responsabilidade e sendo cada vez mais motivados a melhorar e com uma autoestima cada vez melhor.